Investimentos

Como fica Eneva (ENEV3) depois do aporte de R$ 1 bilhão do Itaú?

A Eneva anunciou que recebeu um aporte de R$ 1 bilhão do Itaú nas usinas que compõem o complexo Parnaíba. Agora, o banco detém 15% de participação.

Por Matheus Spiess

05 jul 2023, 10:04 - atualizado em 05 jul 2023, 10:04

Imagem de homem com uniforme da Eneva olhando para uma máquina de extração de gás Eneva (ENEV3)
Reprodução/Divulgação Eneva

A Eneva (ENEV3) surpreende o mercado ao anunciar que recebeu um aporte de R$ 1 bilhão do Itaú nas usinas que compõem o complexo Parnaíba, que agora integram a recém-criada Eneva III. Nessa nova estrutura, a Eneva detém 85% de participação, enquanto o Itaú possui os outros 15%.

Com o objetivo de reduzir sua alavancagem em um momento desafiador para a geração de caixa, devido aos baixos despachos causados pelos níveis elevados dos reservatórios, a Eneva tem trabalhado diligentemente nesse sentido.

Com base na última dívida líquida reportada de R$ 17,1 bilhões e a injeção de R$ 1 bilhão em seu caixa, espera-se que a alavancagem seja reduzida de 4,6x (no 1º trimestre de 2023) para 4,3x dívida líquida/Ebitda.

Essa movimentação estratégica traz perspectivas positivas para a Eneva, proporcionando uma base sólida para enfrentar os desafios do setor energético e fortalecer sua posição no mercado.

De acordo com nossas estimativas, o complexo Parnaíba representa aproximadamente 40% – 45% do valor de mercado atual da Eneva. Isso sugere que o Itaú adquiriu uma participação entre 6% e 7% do capital da empresa, com um valor estimado entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,3 bilhão.

Considerando o aporte de R$ 1 bilhão, pode-se inferir que o Itaú adquiriu essa participação com um desconto de 10% a 30%. Apesar dessa aparente desvantagem para os acionistas da Eneva, existe uma particularidade que equilibra a transação: a empresa terá o direito de recomprar essa participação do Itaú no futuro, em termos e condições que ainda não foram revelados, mas que provavelmente serão mais favoráveis.

Conforme mencionado anteriormente, a alavancagem da Eneva, embora elevada, não é considerada crítica, devido ao início da operação de alguns projetos e à parcela de receita fixa proveniente das recentes aquisições da Celse e Termofortaleza. No entanto, as chuvas escassas e os baixos despachos têm prejudicado os planos de redução da alavancagem, especialmente em um momento de juros altos.

Resumindo, essa transação representa uma oportunidade para a Eneva reduzir ainda mais sua alavancagem, em um momento em que parte do mercado está preocupada com o endividamento da empresa.

Para o Itaú, o aporte proporciona um desconto interessante em uma empresa que enfrenta dificuldades devido às condições hidrológicas atuais, mas que apresenta boas perspectivas de longo prazo. Em nossa opinião, essa combinação é interessante, mas não altera significativamente nossa tese de investimento em ambas as empresas.

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.