A Eneva (ENEV3) surpreende o mercado ao anunciar que recebeu um aporte de R$ 1 bilhão do Itaú nas usinas que compõem o complexo Parnaíba, que agora integram a recém-criada Eneva III. Nessa nova estrutura, a Eneva detém 85% de participação, enquanto o Itaú possui os outros 15%.
Com o objetivo de reduzir sua alavancagem em um momento desafiador para a geração de caixa, devido aos baixos despachos causados pelos níveis elevados dos reservatórios, a Eneva tem trabalhado diligentemente nesse sentido.
Com base na última dívida líquida reportada de R$ 17,1 bilhões e a injeção de R$ 1 bilhão em seu caixa, espera-se que a alavancagem seja reduzida de 4,6x (no 1º trimestre de 2023) para 4,3x dívida líquida/Ebitda.
Essa movimentação estratégica traz perspectivas positivas para a Eneva, proporcionando uma base sólida para enfrentar os desafios do setor energético e fortalecer sua posição no mercado.
De acordo com nossas estimativas, o complexo Parnaíba representa aproximadamente 40% – 45% do valor de mercado atual da Eneva. Isso sugere que o Itaú adquiriu uma participação entre 6% e 7% do capital da empresa, com um valor estimado entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,3 bilhão.
Considerando o aporte de R$ 1 bilhão, pode-se inferir que o Itaú adquiriu essa participação com um desconto de 10% a 30%. Apesar dessa aparente desvantagem para os acionistas da Eneva, existe uma particularidade que equilibra a transação: a empresa terá o direito de recomprar essa participação do Itaú no futuro, em termos e condições que ainda não foram revelados, mas que provavelmente serão mais favoráveis.
Conforme mencionado anteriormente, a alavancagem da Eneva, embora elevada, não é considerada crítica, devido ao início da operação de alguns projetos e à parcela de receita fixa proveniente das recentes aquisições da Celse e Termofortaleza. No entanto, as chuvas escassas e os baixos despachos têm prejudicado os planos de redução da alavancagem, especialmente em um momento de juros altos.
Resumindo, essa transação representa uma oportunidade para a Eneva reduzir ainda mais sua alavancagem, em um momento em que parte do mercado está preocupada com o endividamento da empresa.
Para o Itaú, o aporte proporciona um desconto interessante em uma empresa que enfrenta dificuldades devido às condições hidrológicas atuais, mas que apresenta boas perspectivas de longo prazo. Em nossa opinião, essa combinação é interessante, mas não altera significativamente nossa tese de investimento em ambas as empresas.
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