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Como investir em momentos de forte volatilidade? Felipe Miranda traz orientações no Radar da Semana, podcast do BTG Pactual; confira

O sócio-fundador e analista-chefe da Empiricus Research se junta a Jerson Zanlorenzi, analista do BTG, para ajudar o investidor a saber como agir em momentos de muitas incertezas e barulho no mercado.

Por Nicole Vasselai

09 ago 2024, 12:31 - atualizado em 09 ago 2024, 12:31

Felipe Miranda Radar da Semana BTG Pactual

Imagem: BTG Pactual

A segunda semana de agosto começou “do avesso”, com quedas profundas na Bolsa do Japão, nas bolsas americanas e até no Ibovespa. A aversão a ativos de risco cresceu após a taxa de juros japonesa ser elevada por lá e, em paralelo, os receios de recessão nos Estados Unidos também inflaram. 

Com o chacoalhão em nível global, a pergunta de um milhão de dólares é: como investir em momentos de forte volatilidade?

Essa foi a pauta da edição desta sexta-feira (9) do Radar da Semana, podcast do BTG Pactual com apresentação de Marcelle Gutierrez. Nesse episódio, Felipe Miranda, sócio-fundador e CIO da Empiricus Research, foi convidado para dividir a mesa com Jerson Zanlorenzi, analista do BTG.

A seguir, você pode conferir os destaques desta conversa e orientações sobre como agir em momentos de crise no mercado financeiro.

Por que os mercados têm oscilado tanto?

Conforme explica Zanlorenzi, o humor do mercado já estava oscilando desde quinta-feira da semana passada (1º), diante da preocupação com uma possível recessão nos EUA. Com isso, a queda mais intensa das bolsas se deu na segunda-feira (5).

Esse receio cresceu justamente após a divulgação do relatório de emprego demonstrar uma desaceleração maior do que a esperada no número de vagas ocupadas.

“Inclusive eu acho um pouco exagerada essa preocupação, um pouco de pânico dos investidores. E geralmente o mercado é mais exagerado para os dois lados: quando ele está otimista, fica cego; quando está pessimista, parece que o mundo vai acabar. Chegaram a falar que o Fed [banco central americano] deveria convocar uma reunião emergencial para cortar os juros”, comenta.

Além disso, Zanlorenzi acredita que a volatilidade dos ativos de risco se intensificou excessivamente no pós-pandemia, com a escalada de conflitos armados consecutivos e alta de taxas de juros. 

“Parece que a volatilidade tem ficado cada vez mais comum, antes da pandemia isso acontecia também, mas os eventos eram mais espaçados”, comenta o analista.

Miranda não só concorda com essa visão, como acredita que o investidor precisa diferenciar o que ocorreu na última segunda do que é de fato uma tendência de médio prazo para os mercados.

“Teve gente que em um dia entregou anos de retorno, principalmente fundos que estavam com posição vendida em volatilidade. Esse é o maior perigo de agir no pânico”, alerta o fundador da Empiricus.

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O que Felipe Miranda enxerga para o segundo semestre?

“O meu cenário-base, até por conta de dados de pedidos de emprego que saíram na terça (6), é de que os EUA vivem sim uma desaceleração, mas não parece uma recessão, e o ajuste do Iene [moeda japonesa] acho que ainda vai ser feito, mas acho que vai ser mais moderado”, avalia Miranda.

Por outro lado, ele acredita que se o Fed não perceber uma recessão dura nos Estados Unidos, o ambiente de juros menores e de menor atratividade relativa das big techs pode ser muito bom para mercados emergentes.

“Mas é claro que é um grande ‘se’, porque se os EUA entrarem em recessão profunda, aí não é bom para ninguém, porque os lucros vão lá para baixo e crédito seca. E o Brasil também não pode capotar na reta, inventar de estourar o fiscal, porque seria um problema”, explica.

No geral, tanto ele quanto Zanlorenzi veem que o Brasil tem se destacado positivamente no âmbito microeconômico e pode caminhar ainda melhor no segundo semestre. 

“As empresas têm reportado bons resultados trimestrais. Na parte de fundamentos, as empresas têm feito um ótimo dever de casa, com desalavancagem e bom resultado operacional”, afirma o analista do BTG.

Mas, afinal, o que fazer em momentos de volatilidade?

Para Miranda, a resposta está na diversificação da carteira. “O investidor não deveria ter só um fundo imobiliário, só uma ação e também não deveria ter só uma moeda e estar exposto a apenas uma geografia. Se vier a diversificar o portfólio, com um pouco de cada classe de ativos, para o mesmo risco ele consegue maior retorno”.

Estados Unidos é a bola da vez

Geograficamente, o analista destaca o quanto a economia americana é excepcional. “Apesar de toda volatilidade dos últimos dias, não vejo problemas graves com as eleições dos Estados Unidos. Em meio ao caos do primeiro semestre, o S&P 500 renovou suas máximas, por exemplo, e é o melhor índice do mundo há 200 anos”.

Para se expor à bolsa americana, ele sugere, é possível investir em ETFs que replicam a carteira teórica do S&P 500 e em ETFs de REITs – os primos dos fundos imobiliários brasileiros. Esses oferecem boa oportunidade para se expor a ativos reais.

Além disso, com a taxa básica de juros dos EUA ainda elevada, Miranda recomenda aproveitar os retornos atrativos da renda fixa americana neste momento.

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O poder do ouro e das criptomoedas

Do ponto de vista de proteção do portfólio, o especialista considera o ouro um dos melhores investimentos. “Não é à toa que a cotação do metal está indo a US$ 2500, principalmente depois dos bancos centrais usarem ouro como reserva de valor”.

E, por fim, Miranda reforça a importância de se manter pelo menos uma pequena posição – de até 5% – em criptomoedas.

Investir em dólar

Para complementar, Jerson Zanlorenzi, analista do BTG Pactual, destaca quão fundamental é ter uma carteira dolarizada e a facilidade de se investir no exterior hoje em dia apenas por um aplicativo.

“Vejo muito investidor me falar: ‘ah, nem gosto de viajar, minha empresa só está no Brasil, não tem para quê investir em dólar’. Mas a verdade é que se o almoço está mais caro, se o carro está mais caro, tem efeito do dólar”, explica.

E ainda complementa: “Se o investidor olha só o retorno nominal da sua carteira em moeda brasileira, é uma visão míope, porque no final do dia o que mede e influencia a riqueza é o dólar”.

Ele também lembra da força da divisa americana em conflitos geopolíticos: “A maior vantagem do dólar é que, até quando a confusão é nos EUA, a turma corre pro dólar. O importante é ir calibrando a posição em momentos de queda e de alta”.

Por fim, Miranda adiciona: “No combo de Brasil, a moeda ainda é o mais frágil“.

‘Quando todo mundo entrar em pânico, você não pode entrar também’

Em momentos de crise, Miranda recomenda que a pessoa física não siga a “manada” e busque separar ruído de sinal. “A informação chega muito ‘suja’, você precisa saber diferenciar o que é só barulho do que de fato pode mudar o jogo do mercado“.

Nesse sentido, Zanlorenzi recomenda ter “sangue frio”: “Em momentos de caos, é justamente quando você deve se voltar para a estratégia que você tinha desenhado antes de estourar a crise e não mudar no ‘calor do momento’”.

Para conferir o episódio completo do Radar da Semana com Felipe Miranda e Jerson Zanlorenzi é só “dar play” no vídeo abaixo ou ouvir por este link do Spotify:

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.