Investimentos

Concorrência desleal à Empiricus

Hoje nasceu vida inteligente na indústria de research independente. Ela atende pelo nome de Inversa.

Por Felipe Miranda

08 maio 2017, 10:47

Por mais que tente esconder, aqueles que me conhecem de perto já perceberam: estou realmente preocupado com a concorrência.

Hoje nasceu vida inteligente na indústria de research independente. Ela atende pelo nome de Inversa.

Se fosse livre competição, ok, tudo bem. Eu não me importaria. O problema é a concorrência desleal, golpe abaixo da linha da cintura.

Não há nada pior do que brigar contra alguém melhor, mais competente e mais inteligente que você. É uma barreira intransponível, desvantagem insuperável.

Não é brincadeira. Eu vou lhe contar esta história para que você entenda o todo. Recorro a certos detalhes pois o movimento é paradigmático para o mercado de capitais brasileiro. Finalmente, começamos a ter uma indústria desenvolvida de research independente. E quem sai ganhando é o investidor. No caso, estamos falando de você.

Tenha em vista que o momento é particularmente importante. Hoje, as corretoras tentam se colocar como alternativas aos bancos. Agem falsamente como se estivessem focadas em prestar a melhor consultoria e aconselhamento aos investidores. Essencialmente, porém, elas são iguaizinhas aos bancos. Não há diferença fundamental. Acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é. Algumas se colocam como geniais, enquanto não passam de um banco plural. Outras insistem retoricamente na desbancarização, enquanto alimentam o sonho íntimo de se tornar um banco.

Elas jamais conseguirão ser uma alternativa viável e sustentável aos bancos por uma simples razão: elas não estão ao lado do cliente. É a mesma mentalidade de empurrar ao investidor o fundo que paga o maior rebate, a análise técnica que gera mais corretagem, a jogada de verde para colher scena. Ninguém se preocupa com o outro lado do balcão e, cedo ou tarde, precisaremos fazer essa reconciliação entre a satisfação do consumidor e o lucro das corretoras. Se o foco de uma empresa não é o cliente, ela não vai durar.

E de forma nada surpreendente, os bancos reagem ao avanço das corretoras sendo… os bancos. Isso resume tudo.

Mas deixe-me voltar ao eixo da história.

Tudo começa em 10 de janeiro de 1998. Tudo verdade. Era meu aniversário. Completava 13 anos. Queria um Playstation novo de presente. Ganhei um livro: Mercadores da noite. Meu pai entrou no quarto batendo a mão na maçaneta de forma agressiva, como ele tradicionalmente fazia, numa tentativa de demonstrar força e segurança, fazendo um barulho que sempre me assustava. Disse assim, de súbito:

“Se você quer imitar o que eu faço, precisa ler isso daqui. Este livro mudou a minha vida.” Eu não sabia, mas aquele presente ia mudar a minha trajetória também.

Meu pai havia saído do Banco Safra depois de 25 anos. Montara uma corretora de valores, onde ficou por pouco tempo – curiosa ou tragicamente, a corretora seria envolvida no escândalo do mensalão anos depois. Papai já estava fora há tempos, fique claro. Brigara com os sócios e fora trabalhar de casa, como trader de ações, normalmente alavancado. Ainda sou capaz de ouvir o som da internet discada, conectando-se ao terminal Enfoque.

Eu observava seus movimentos como um aprendiz admirando o mestre. Três dias antes àquele aniversário, eu tinha comprado meu primeiro lote de ações. Peguei o dinheiro que meu avô havia dado antecipadamente como presente de aniversário e comprei Globo Cabo, que depois viraria NET. Era obviamente uma tentativa de imitar o meu pai, seduzido à época pelas narrativas construídas pela empresa de desalavancagem e mania por tecnologia/telecom.

Eu perdi dinheiro com as PLIM4, claro. Meu pai também. Não seríamos os primeiros a ganhar com as Globo Nabo. Dado o tamanho da trolha, ao menos em termos percentuais, seria razoável supor que eu desistiria.

Já era tarde demais. Eu estava apaixonado pela Bolsa de Valores. E muito daquilo vinha do encanto desenvolvido pelo Mercadores da noite. Aquilo, sim, era genial, um thriller mostrando o mercado, sem tecnicalidades, artificialismo ou discursos prontos, encomendados pelas receitas plastificadas dos MBAs.

Seu autor Ivan Sant’anna virou uma espécie de ídolo. Eu me apaixonei por aquele cara. A cada página que lia, crescia dentro de mim a vontade de conhecer o sujeito. Se não fosse por ele, pelo seu livro, provavelmente eu não estaria aqui.

Eu sonhava em um dia poder encontrar o Ivan Sant’anna. A vida é tão curiosa que ela vem nos colocar bem no meio da estrada aquilo que nós mais temíamos. Cuidado com o que você deseja. O brilhante Ivan escreverá para a Inversa, com a maestria de sempre. Você precisa estar em contato com isso. Sinceramente, não sei se ele vai fazer por você tudo que fez por mim – as circunstâncias ali eram muito particulares. Mas se conseguir realizar ao menos 1% daquilo – bom, não me parece um alto percentual – já terá valido a pena.

Então chegamos ao segundo personagem da nossa história. Já não estamos mais no começo e adentramos a fase adulta, quando eu tive meu primeiro contato com o Pedro Cerize, ainda à distância.

Eu sempre fui um leitor voraz sobre finanças. Lia e leio tudo que vejo pela frente. Então, no começo dos anos 2000, me deparei com uma carta aos cotistas da Skopos, fundo gerido por ele: aquilo foi absolutamente premonitório, original, corajoso, diferente de tudo que eu lia no mercado de ações brasileiro. A Dynamo era legal, mas um pouco diletante. Outros eram técnicos e consensuais demais, sem originalidade.

Rigorosamente tudo o que o Cerize escrevera ali, visto como um absurdo à época, acabou se materializando depois. E foi justamente essa visão que fez com que a Skopos fosse o fundo mais brilhante do começo daquela década, por vários anos consecutivos. Anedoticamente, fui saber depois que, enquanto eu comprava Globo Nabo, o Pedro shorteava.

Mas não é só uma questão de performance. Cerize é absolutamente genial, sem exageros. Você pode perceber isso numa conversa de cinco minutos com ele ou na leitura de apenas um de seus parágrafos. Hoje, tenho o privilégio de conversar com ele em frequência semanal – talvez um pouco mais, talvez um pouco menos. Posso dizer que aprendo com o sujeito em rigorosamente todos os diálogos, e tenho a sensação de que assim será até o fim dos tempos.

Pra mim, ele é o grande cara de ações do mercado brasileiro. Entre outras coisas, chegou a essa classificação porque já errou. Só há um gestor imaculado: aquele que ainda não começou. Prefira as cicatrizes nos rostos, frutos das aventuras exageradas pregressas, as mãos calejadas de muito trabalho e as costas marcadas de apanhar às peles de bundinha de neném que querem convencê-lo sobre a platônica perfeição. É o erro anterior que pavimenta a via para o acerto futuro.

Ideias originais – talvez o único gestor de ações que cite o Soros com a mesma frequência com que fala do Buffett -, raciocínio particular, convicção, intuição e técnica formal. Eu resumiria o cara assim.

Se você não acredita – confesso que me inclino a certos exageros -, não tem problema. Fique com a opinião de Luis Stuhlberger. O indisputavelmente maior gênio do mercado de capitais brasileiro já atribuiu o mesmo adjetivo ao Pedro em público.

Pedro Cerize será o grande provedor de ideias de investimento, mercados e economia da Inversa. O guia intelectual do conteúdo. E você também poderá acompanhá-lo semanalmente se cadastrando para receber o conteúdo.

Tudo isso sob a supervisão e coordenação da Olivia Alonso, que será uma espécie de managing director do projeto. Sou bastante suspeito para falar da Oli porque eu quase obriguei o pessoal aqui a contratá-la ainda quando dos primórdios da Empiricus. A gente tinha trabalhado junto durante o período paleozóico e eu ainda não havia me desapaixonado profissionalmente por ela. A Olivia é uma das pessoas mais completas e versáteis que eu já conheci.

Se alguma dessas coisas fez sentido para você, eu convido para cadastrar-se neste link e receber o riquíssimo material da Inversa. Eu mesmo já me inscrevi. O investidor merece mais de uma alternativa de research independente. Felizmente, agora temos algo de alto nível. Passava da hora.

Mercados iniciam a segunda-feira em tom de cautela. Mais uma vez, comportamento das commodities volta a pesar sobre o exterior. Deterioração das expectativas de inflação para 2018, depois de uma longa sequência de queda, impõe algum desconforto sobre juros futuros, mas nada muito substancial.

Eleição de Macron na França já havia sido precificada e traz pouco impacto material sobre as bolsas. Mineradoras são destaque de queda na Europa, após novo recuo do minério de ferro no porto de Qingdao, sob renovadas preocupações sobre demanda e estoques elevados.

Para não perder o costume, segue o foco internamente nas negociações em torno da reforma da Previdência. Amanhã serão votados os destaques do texto na Comissão Especial da Câmara.

Na agenda, destaque para relatório Focus, que mostrou melhora das projeções para inflação em 2017 (na mediana, de 4,03 por cento para 4,01 por cento), mas deterioração para 2018 (de 4,30 por cento para 4,39 por cento). IPC-S e balança comercial completam referências relevantes do dia.

Nos EUA, atenção especial para índice do custo do emprego em abril, enquanto Europa traz encomendas à indústria alemã.

Acompanhando cautela no exterior, Ibovespa Futuro abre em queda de 0,3 por cento, dólar sobe 0,36 por cento contra o real e juros futuros apontam alta.

Qualquer reação mais forte dos juros futuros me pareceria uma oportunidade de reforçar posição. Probabilidade de nova aceleração do ciclo de corte na Selic tem crescido, com avanço (mesmo errático) nas reformas, inflação bem comportada e atividade tímida. Momento muito especial para aproveitar oportunidades em ativos de risco brasileiros. Por isso, demos a chance aos assinantes de fazer inscrições no Combo Upside, uma oferta mais do que especial, aberto por poucos dias.

Sobre o autor

Felipe Miranda

CIO e estrategista-chefe da Empiricus, é ex-professor da FGV e autor da newsletter Day One, atualmente recebida por cerca de 1 milhão de leitores.