Nos EUA, a segunda leitura do PIB do terceiro trimestre de 2024 divulgada na quarta-feira (27) confirmou o crescimento de 2,8% (t/t saar), em linha com a leitura anterior e as expectativas do mercado. O resultado foi impulsionado pelo aumento nos gastos ao consumidor, exportações, gastos do governo e investimento fixo não residencial. O dado confirma o viés de crescimento forte na economia americana.
Ainda na semana passada, a métrica preferida do Fed para inflação, o índice de preços PCE, veio em linha com as estimativas do mercado, com variação de 2,3% a/a, acima da leitura anterior (2,1%), enquanto o núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, subiu para 2,8%, acima da variação apresentada anteriormente (2,7%).
Os dados sugerem cautela no processo de afrouxamento da política monetária norte-americana. Por isso, o mercado tem precificado cerca de 70% de chance de mais um corte de 25 pontos-base no Fed Funds neste ano.
Desemprego no Brasil segue nas mínimas históricas, mas resultado fiscal ainda aquém
No Brasil, do lado dos indicadores econômicos, os destaques da última semana foram o resultado fiscal abaixo das expectativas e a taxa de desemprego nas mínimas históricas.
Em relação ao primeiro, o governo registrou, em outubro, um superávit de R$36,9 bi versus R$40,1 bi esperado, que levou a um déficit de R$256,3 bi (2% do PIB) em 12 meses. O déficit nominal aumentou cerca de 0,40 ponto percentual para 78,6%. O resultado mais fraco do que o esperado adiciona a preocupação com as contas públicas.
Na sexta-feira (29), a taxa de desemprego ficou em 6,2%, em linha com o consenso de mercado. Considerando a sazonalidade, o indicador ficou estável em 6,5%, o menor patamar histórico. Vale ainda mencionar que o ganho real (acima da inflação) voltou a crescer (0,6% m/m), revertendo a queda da leitura anterior. Em termos anuais, os ganhos reais aceleraram de 3,7% para 3,9%, indicando uma dinâmica ainda bastante forte para a inflação de serviços.
Ainda nesta manhã (3), o PIB do terceiro trimestre foi divulgado. O resultado mostrou alta anualizada e dessazonalizada de 3,7% t/t, acima das estimativas de 3,2%. O número anterior também foi revisado para cima de 2,9% para 3,2% a/a, com alta nos componentes de consumo público e privado. Entre os destaques, a contribuição do consumo surpreendeu positivamente com a expansão de 6% t/t (SAAR), compensando a queda de 3,1% t/t (SAAR) dos investimentos.
O crescimento da atividade doméstica continua surpreendendo positivamente neste ano, a despeito da alta das taxas de juros. Contudo, para o próximo ano, devemos ter uma alta mais tímida, devido ao ciclo de elevação da Selic que deve ser bem mais duro do que o esperado há poucos meses.
De maneira geral, os indicadores macroeconômicos apontam claramente para uma economia com crescimento ainda forte, desemprego baixo e inflação em ascensão. Essas medidas, por si só, já indicariam a necessidade do aperto das condições financeiras. O centro das discussões domésticas, contudo, são, sem sombra de dúvidas, as contas fiscais.
Pacote de corte de gastos decepcionou o mercado
Nessa seara, a medida mais aguardada das últimas semanas finalmente foi anunciada. Na quarta-feira (27) o governo anunciou o pacote de corte de gastos com uma estimativa de economia de R$70,9 bilhões para os próximos dois anos (R$30 bilhões em 2025 e R$40 bilhões em 2026). Em discurso, o ministro evitou usar a expressão “corte de gastos” e afirmou que as medidas devem gerar “uma economia” no Orçamento da União.
A estimativa de corte, contudo, ficou bastante acima do que os analistas de mercado entendem que as medidas propostas devem gerar de economia. Além dessa superestimação dos efeitos das medidas propostas, o governo ainda anunciou a isenção de IR para quem ganha até R$5 mil por mês.
Essa abdicação de receita não poderia ter vindo em pior momento. Além da importância numérica nas contas públicas, a mensagem deixada pelo governo foi diametralmente oposta à necessidade (urgente) de ajuste nas contas públicas.
Não por coincidência, o mercado reagiu negativamente à decisão, levando a curva de juros futuros a 14%, enquanto o dólar fechou em sua máxima histórica, cotado a R$6,02, e o Ibovespa registrou uma queda acentuada de -1,73% na quinta-feira (28).
Embora os líderes do legislativo tenham sido vocais em relação à necessidade de ajustes fiscais mais robustos, o calendário para a aprovação dessas medidas neste ano está bastante apertado.
Legislativo discute três propostas do governo
Segundo a imprensa local nesta manhã (3), três medidas propostas pelo governo já estão no legislativo: PL que limita crescimento do salário mínimo, benefícios e emendas aos limites do novo arcabouço fiscal (real entre 0,6% e 2,5%), PL de mudanças no cadastro do Benefício de Prestação Continuada e Bolsa Família e uma PEC com mudanças no abono, BPC, Fundeb, Desvinculação de Receitas da União e supersalários do funcionalismo público.
Do que havia sido anunciado na semana passada, faltaram as mudanças nos benefícios dos militares, o PLP com as mudanças nos supersalários, o PL de ampliação da isenção do IR e taxação dos super-ricos.
Nesse ínterim, o mercado passa a discutir a possibilidade de uma alta de 1 ponto percentual na Selic na última reunião deste ano e um juro terminal em torno de 14%.
Continuamos preferindo novos aportes em títulos pós-fixados.
Cardápio da semana: veja os títulos de renda fixa recomendados
Características da LCA pós-fixada do BTG Pactual | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | BTG Pactual |
Aplicação mínima | R$ 500,00 |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 03/12/2025 (365 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 93,00% do CDI |
Tributação | Isenta |
Pagamento de juros | Mensal |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 17h45 |
A taxa líquida da LCA do Banco BTG Pactual é equivalente a uma taxa bruta de 112,73% do CDI.
Características da LCA pós-fixada do Banco Inter | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AA+ (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Banco Inter |
Aplicação mínima | R$ 100,00 |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 18/11/2027 (1080 dias corridos) |
Rentabilidade anual | até 96% do CDI |
Tributação | Isenta |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 21h55 |
A LCA do Banco Inter oferece rentabilidade de 94% do CDI para investimentos de até R$250 mil e chega a 96% do CDI para valores acima de R$1 milhão. Além disso, a taxa líquida da LCA é equivalente a uma taxa bruta de 112,94% do CDI.
Características do CDB pós-fixado do Banco Daycoval com liquidez diária | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Banco Daycoval |
Aplicação mínima | R$ 1 mil |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 03/12/2027 (1095 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 110,00% do CDI |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | Liquidez diária |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 18h |
Características do CDB pós-fixado do Banco Pan com liquidez diária | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Banco Pan |
Aplicação mínima | R$ 5,00 |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 03/12/2025 (365 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 102,00% do CDI |
Tributação | 17,50% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | Liquidez diária |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 23h59 |
As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 3 de dezembro de 2024 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (3).
Para a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar no curtíssimo prazo, recomendamos apenas o Tesouro Selic, disponível na plataforma do Tesouro Direto, ou fundos DI taxa zero.