Investimentos

Congelamento de preços dos combustíveis seria desastroso para a Petrobras (PETR3,PETR4) e para a economia

Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, avalia positivamente a fala incisiva do ministro Paulo Guedes afastando um possível congelamento – veja a análise sobre essa questão e outros assuntos de movimentam o mercado; Bolsas lá fora tem viés positivo

Por Daniela Rocha

09 mar 2022, 10:36 - atualizado em 16 maio 2022, 20:09

A declaração de Paulo Guedes, ministro da Economia, descartando o congelamento de preços dos combustíveis no país é uma sinalização positiva, segundo Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus.

Ao conversar com jornalistas na terça-feira (08/03), Guedes disse “não tem congelamento” e ainda mandou a resposta “é para esquecer esse troço”.

“Paulo Guedes foi enfático ao dizer que é contra o congelamento de preços. Isso para a Petrobras seria realmente trágico. Agora, fica pendente algum tipo de solução para lidar com as defasagens de preços dos combustíveis”, disse Felipe nesta quarta-feira (9/03) em no grupo do Telegram Ideias Antifrágeis, canal de análises de ativos e do cenário macro, disponível para todos os assinantes da Empiricus. 

Conforme Felipe, a história tem demonstrado os efeitos maléficos do congelamento de preços para as economias. “Quem viveu o Plano Cruzado aqui no Brasil ou quem olha para a Argentina ou para a Venezuela consegue ver as consequências desastrosas”, comentou. 

Ele lembrou ainda sobre a Nova Matriz Econômica, marcada por intervenções, incluindo da redução de tarifas de energia imposta pela MP 579 durante o governo de Dilma Rousseff. “Quando entrou o ministro Joaquim Levy, ele teve que soltar tudo e a gente teve efeitos na inflação, além de todo o desastre que foi no setor elétrico”, disse.

Então, agora, aparentemente foi descartado o congelamento de preços dos combustíveis, mas ainda fica pendente uma solução para lidar com a defasagem que na gasolina, por exemplo, estima-se que esteja em torno de 30%. Para o diesel, especialistas já falam em algo entre 30% a 40%. 

No ministério da Economia, uma ala está insistindo em uma alteração na cobrança do ICMS pelos Estados. Porém, existe uma linha que defende a criação de um subsídio público temporário – para o período de guerra entre Rússia e Ucrânia. 

“Haverá uma nova reunião ministerial hoje, esperamos a solução”, concluiu.  

Modo bargain hunting

Os contratos futuros das Bolsas de Wall Street e da Europa – em sua maioria, seguem com fortes altas na manhã desta quarta-feira.

Felipe diz que há uma inversão de tendência do ‘modo’ risk off (aversão ao risco) para o bargain hunting (caça às barganhas). 

“O mercado migra para uma interpretação de que as ações atingiram níveis bastante atrativos e já contemplam, em grande medida, os efeitos das sanções impostas à Rússia, lidando também com nível de preços de commodities”, explicou. 

Evidentemente, pesa bastante o fato de Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, ter admitido pela primeira vez que o país não deve aderir à Otan, o que abriria espaço para negociações com a Rússia.

Há um viés positivo para as bolsas lá fora, na margem. O cenário precisa ser monitorado, pois deve continuar complexo e volátil, alertou o analista. 

Agenda corporativa de hoje no Brasil

Resultados 4T21: CSN (CSNA3), Via (VIIA3), Natura (NTCO3) e Pague Menos (PGMN3)
– Cade julga hoje embargos contra a venda de ativos da Oi Móvel

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.