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Copom começa nesta terça (10): taxa Selic pode subir mais 1% com as ‘falhas da âncora fiscal’, diz analista

Nesta terça-feira (10), a divulgação do IPCA de novembro fica em segundo plano, com as atenções voltadas para a definição da taxa básica de juros na reunião do Copom.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

10 dez 2024, 11:05 - atualizado em 10 dez 2024, 11:05

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imagem: iStock/ diegograndi

Nesta terça-feira (10), inicia-se a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), deste ano, onde será decidido o próximo patamar da taxa Selic.

O encontro dos dirigentes do Banco Central deverá deliberar sobre uma alta de pelo menos 75 pontos-base na taxa básica de juros, agora já projetada para chegar até 100 pontos-base. 

“A deterioração das expectativas nos últimos dias intensificou as apostas sobre um aumento de 100 pontos-base na Selic, refletindo a pressão crescente. Nas condições atuais, parece plausível”, avalia o analista de macroeconomia da Empiricus Research, Matheus Spiess. 

IPCA de novembro: inflação mensal pode impactar na decisão da Selic?

A divulgação do IPCA de novembro, indicador oficial de inflação no país, revelou uma desaceleração na alta de preços. Conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação subiu 0,39% em novembro, o que representa uma queda  em relação a outubro, quando o indicador registrou uma alta de 0,56%.

Além disso, o Boletim Focus desta semana ainda apontou uma deterioração adicional nas projeções, com a Selic para 2025 estimada em 13,5%.

“A lição é clara: quando a âncora fiscal falha, a responsabilidade recai integralmente sobre a política monetária, que precisa operar em intensidade maior”, comenta Spiess. 

Além disso, o analista aponta que a inflação implícita na curva de juros para dois anos acima de 7% é um patamar alarmante e mais um fator para a deterioração das expectativas de mercado.

“Esse contexto de juros reais elevados contrasta de forma marcante com avanços estruturais cruciais conquistados nos últimos anos, como o fim da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e a consolidação da autonomia do Banco Central,” relembra Spiess.

Projeções econômicas estão cada vez menos positivas

Na visão do analista, o que ainda era visto como uma possibilidade de dominância fiscal agora começa a se materializar nas projeções econômicas, com impactos negativos evidentes. São dois deles:

  • Queda do Ibovespa para 125 mil pontos, negociado a um múltiplo reduzido de 7 vezes os lucros;
  • O dólar acima de R$ 6,00, em sua maior cotação histórica.

“Simultaneamente, a curva de juros precifica uma Selic terminal de 15,75%, com os juros reais retornando a níveis do pior momento da era Dilma. Embora não seja garantido que alcancemos esse patamar, esses números ilustram o nível de preocupação dos investidores, enquanto aguardamos avanços concretos na aprovação do pacote fiscal”, conclui Spiess.

Neste cenário, os analistas da Empiricus Research recomendam adotar uma estratégia de investimentos mais defensiva, levando em conta os riscos deste ciclo econômico. Veja neste relatório gratuito uma lista de 10 ações para investir neste mês de dezembro.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.