No último fim de semana (3 e 4 de junho), a Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo, prometeu cortar a produção em mais de 1 milhão de barris por dia em julho. Isso significa uma redução de 1% na produção diária.
O resultado desse anúncio tem sido um aumento nas cotações da commodity nesta segunda-feira (5). Por volta das 12h30, o barril do petróleo WTI para julho avançava 2,40% na Nymex, a US$ 75,41, enquanto o do Brent para agosto subia 2,19% na ICE, a US$ 77,19.
No entanto, Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, explica no Giro do Mercado de hoje que, estruturalmente, essa decisão da Arábia Saudita não impacta tanto a tese de investimento em petróleo a ponto de justificar essas altas. “A gente esperava algum movimento do mercado, mas mais um ajuste marginal dos preços”, afirma.
Por que o petróleo tem caído nos últimos meses?
Segundo Ruy, basicamente o movimento se deve a uma revisão para baixo nas expectativas de crescimento das economias mundo à fora. Não só em relação aos EUA, mas também à China. Isso levou o mundo a reduzir as expectativas de consumo de petróleo e, consequentemente, os preços são pressionados para baixo.
“Com isso, havia um medo muito grande do mercado de que não existisse um ‘chão’ para isso [um patamar mínimo] e que eventualmente a Opep+ não fosse ajustar sua produção. Mas já tínhamos visto em abril um anúncio de que ela cortaria em 1,8 milhões de barris por dia, o que ajudou um pouco a subir os preços”, contextualiza.
Como a medida pode impactar a Petrobras (PETR4)?
Para Petrobras, Ruy diz que o cenário é um pouco diferente. Supondo um ambiente com expectativas de crescimento mundial para cima e redução de inflação e juros lá fora, ele afirma que podemos ver o efeito contrário: uma produção relativamente baixa, enquanto o mercado espera um consumo maior e preços mais altos do barril também.
“Acho que isso poderia ser delicado para Petrobras, porque hoje o preço do barril da companhia está num ponto interessante para gerar caixa e, ao mesmo tempo, não está num patamar que possa gerar problemas com ruídos políticos, como combustíveis muito caros. Então se o preço subir, não é muito favorável para o case”, esclarece.
Ruy avalia que, para as concorrentes de PETR4, a situação já não seria tão ruim, considerando que elas não têm o risco político embutido.
Então, em qual petrolífera investir?
Hoje, a Petrobras é uma recomendação da Empiricus Research, como destaca o analista, mas do ponto de vista de dividendos. “Nos preços atuais do petróleo, a gente entende que não existem grande riscos de interferência política para as ações de Petrobras”.
Mas ele também lembra o espectador de que 3R Petroleum (RRRP3), petroleira 100% privada, também está nas carteiras da casa: “Ela está próxima de colocar para dentro um ativo bastante relevante, o Polo Potiguar, e de passar por uma fase transformacional“.
Para conferir a tese completa de Ruy Hungria, é só dar “play” no vídeo abaixo: