A Cosan (CSAN3) anunciou por meio de fato relevante na CVM a nomeação de Marcelo Eduardo Martins como o novo diretor-presidente da empresa. O atual CEO, Nelson Gomes, assume a liderança da Raízen (RAIZ4), a joint venture formada entre a Cosan e a Shell para distribuição de combustíveis.
“Enxergamos essa reorganização como a mais abrangente desde o IPO da Cosan em 2005, como positiva”, afirma a analista CFA Larissa Quaresma, da Empiricus Research.
Quem é o novo CEO da Cosan
O novo CEO da Cosan, Marcelo Martins, atuava como braço-direito do acionista majoritário da companhia, Rubens Ometto. Martins atuava como diretor-vice-presidente de Estratégia e é vice-presidente do Conselho de Administração, presidido por Ometto.
Martins possui formação em administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com especialização em finanças. Além disso, trabalhou no antigo banco Salomon Smith Barney e na Votorantim Cimentos.
Conforme analisa Quaresma, o histórico do novo CEO na área financeira pode ajudar a acelerar a desalavancagem financeira do conglomerado, que vem sendo um ponto de questionamento do mercado desde a aquisição da Vale (VALE3) e que se tornou ainda mais importante diante do ciclo de alta da Selic.
“Lembramos que o indicador dívida líquida/EBITDA está em 2,7x (dados do 2T24), distante do ideal para um cenário de juros altos e crescentes e com a geração de caixa aquém do ideal”, comenta analista.
Recentemente, a Cosan também mostrou enfrentar dificuldades com o momento atual do mercado na bolsa de valores, após ter suspendido o IPO da subsdiária Moove por tempo indeterminado.
Raízen (RAIZ4) também troca de CEO
Nelson Gomes, que entrega o cargo a Martins, passará a ser o CEO da Raízen.
Gomes passou menos de um ano no comando do grupo e antes trabalhou na Compass. Segundo o Brazil Journal, ele possui um perfil mais executivo do que estratégico.
“Esse perfil parece ser exatamente o que a Raízen, maior ativo do grupo em termos de EBITDA, precisa para este momento: a subsidiária está há alguns trimestres sem declarar dividendos por conta da fraca geração de caixa”, comenta Quaresma.
Além disso, a analista destaca que os investimentos em etanol de segunda geração (E2G), junto com uma execução aquém do esperado no negócio sucroalcooleiro principal levou ao aumento da alavancagem. Por isso, nas palavras da analista, um perfil mais executor, “barriga no balcão”, pode ser muito bem-vindo neste momento.
Além da troca de Martins, Rodrigo Mussa, que atuava como CEO da Raízen, agora entra para a Cosan, como diretor-presidente da vertical Cosan Investimentos. Ele estava no cargo executivo da RAIZ4 desde 2020 e seu mandato acabaria no próximo mês de abril.
Por fim, a cadeira de diretor financeiro da Cosan será ocupada por Rafael Bergman, que era também diretor financeiro da Rumo (RAIL4).
As mudanças passam a valer a partir do dia 1º de novembro.
Após mudanças, Cosan continua entre as recomendações da Empiricus Research?
Na visão da analista, os efeitos das trocas devem ser refletidos neste quarto trimestre e ao longo do ano que vem, com foco em dois principais objetivos: “caso a gestão cumpra o que foi sinalizado em entrevistas à mídia, as mudanças devem levar a uma desalavancagem mais rápida na Cosan e a uma maior geração de caixa na Raízen. Mas, novamente, algo que devemos ver com mais força no próximo,” diz Quaresma.
Segundo a analista, visto que a tese não vinha caminhando no rumo esperado para esses dois principais objetivos, essa nova reestruturação pode ser vista com bons olhos.
As ações da Cosan seguem sob recomendação de manutenção na carteira da Empiricus. Além dos papéis de CSAN3, os analistas selecionaram mais 9 ativos promissores para capturar lucros na bolsa. Confira quais são esses tickers neste relatório gratuito.