Na última terça-feira (28), após o fechamento do mercado, a Cosan (CSAN3) divulgou seu resultado do 4T22, que veio acima da expectativa.
O desempenho mais fraco da Raízen (RAIZ4) foi mais que compensado pela forte performance das demais empresas do conglomerado: Rumo (RAIL3), Compass (PASS3), Moove e Cosan Investimentos tiveram fortes crescimentos de EBITDA.
A Raízen, empresa de combustíveis do grupo, alcançou um EBITDA ajustado de R$ 3,0 bilhões, queda anual de 12%. A baixa foi motivada pelo segmento de Açúcar (EBITDA ajustado -84% a/a), em função dos maiores custos de produção, que pressionaram as margens.
O segmento de Marketing & Serviços também foi um detrator (EBITDA ajustado -35% a/a), por conta da dinâmica de preços desfavorável no mercado de combustíveis brasileiro. Esses efeitos foram parcialmente compensados pelo segmento de Renováveis (EBITDA ajustado +31% a/a), que se beneficiou dos maiores volumes de etanol próprio e energia comercializados, além de preços mais favoráveis no mercado internacional.
Rumo, Compass, Moove e Cosan Investimentos crescem significativamente no 4T22
Já a Rumo, transportadora ferroviária do conglomerado, apresentou um EBITDA de R$ 905 milhões, mais que o dobro do indicador do 4T21. A alta foi motivada pelo crescimento do volume transportado (+13% a/a), em razão da forte safra de soja e milho, além do reajuste de 39% na tarifa praticada. Vale notar que a base comparativa é relativamente fraca, já que o 4T21 foi impactado pela quebra de safra provocada pela seca no país.
Por sua vez, a Compass, distribuidora de gás do grupo, alcançou um EBITDA ajustado de R$ 913 milhões, crescimento anual de 50%. A forte expansão vem da consolidação da Sulgás e da Commit (antiga Gaspetro), ambas adquiridas ao longo de 2022, além do reajuste das tarifas.
Já a Moove, distribuidora de lubrificantes da companhia, entregou um EBITDA ajustado de R$ 200 milhões, crescimento anual de 82%. A alta se deve, principalmente, à consolidação das adquiridas PetroChoice e Tirreno, compradas em meados de 2022.
Por fim, a Cosan Investimentos, dona dos negócios de terras da companhia, teve um EBITDA ajustado de R$ 1,3 bilhão, mais que 28x o indicador de 1 ano atrás. A alta foi causada pela reavaliação de propriedades agrícolas da Radar. Notamos que esse é um efeito não-caixa e não recorrente.
Lucro líquido tem alta de 59% na comparação anual
No consolidado, a Cosan entregou um EBITDA ajustado de R$ 4,8 bilhões (+74% a/a), e um lucro líquido de R$ 655 milhões (+59% a/a).
A companhia gerou R$ 9 bilhões em caixa para os acionistas no trimestre, 13 vezes mais do que há um ano. A alavancagem financeira fechou o trimestre em patamar controlado (2,2x EBITDA ajustado), mesmo após a dívida contraída para adquirir a participação minoritária na Vale.
CSAN3 segue como recomendação de compra
Do nosso lado, sabemos que a principal operação da companhia, a Raízen, deve manter um operacional ruim no 1T23, em função da dinâmica competitiva desfavorável nos combustíveis.
Por outro lado, a volta parcial do PIS/Cofins sobre a gasolina e o etanol, aprovada ontem e válida a partir do 2T23, deve tornar o ambiente um pouco mais benigno para o restante do ano.
Ainda, seguimos confiantes na capacidade de execução nas demais empresas do conglomerado. Após a queda de 13% no ano, CSAN3 negocia a 4x seu EBITDA estimado para 2023, o que consideramos bastante atrativo.
Cosan (CSAN3) segue como recomendação de compra da Empiricus Research.