Ontem, após o fechamento do mercado, a Cosan (CSAN3) divulgou seus números do 2T23, que vieram em linha com o esperado.
A fraca performance da Raízen, causada pelos desafios no mercado de combustíveis, anulou parcialmente o forte desempenho das demais subsidiárias (Rumo, Compass, Moove e Cosan Investimentos).
Ainda, a companhia melhorou o reporte das suas operações para deixar mais claro o impacto da Vale, que passou a ser reportada como uma divisão separada.
Por fim, a Cosan anunciou um novo programa de recompra, equivalente a até 10% das ações em circulação, algo bem relevante para os acionistas.
Veja o desempenho por subsidiária
A Raízen entregou um EBITDA ajustado de R$ 3,3 bilhões, queda anual de 11%. A baixa se deve tanto ao segmento de Renováveis (-55%), impactado pela perda de competitividade do etanol frente à gasolina e pela baixa disponibilidade do produto no início da safra, quanto ao de Mobilidade (-53%), cujas margens foram pressionadas pelas perdas com inventário de combustíveis, em função do mercado desafiador. A divisão de Açúcar, cujo EBITDA subiu 43% anualmente, foi beneficiada pela melhor precificação dessa commodity no mercado internacional, compensando parcialmente.
Já a Rumo viu seu EBITDA crescer 21%, para R$ 1,4 bilhão. Tanto o aumento de 9% no volume transportado quanto o reajuste médio de 9% nas tarifas contribuíram para a expansão. Vale notar que as condições de segurança e tráfego foram normalizadas na Baixada Santista (SP), impactada no 1T por episódios de violência.
Por sua vez, o EBITDA da Compass foi de R$ 968 milhões, alta anual de 10%. A expansão se deve ao mix mais voltado aos segmentos comercial e residencial, de margens maiores que o industrial, que perdeu relevância no tri. Esse efeito compensou a queda de volume distribuído, principalmente causado pelo segmento industrial.
Moove se destaca no 2T23
A Moove, destaque positivo do resultado, entregou um EBITDA de R$ 302 milhões, crescimento de 30% na comparação anual, fruto da expansão de volume e melhor mix de produtos. Ainda, a Moove atingiu uma participação de mercado recorde no Brasil, de 19,7%.
Por fim, a Cosan Investimentos, que concentra as atividades de arrendamento agrícola, reportou EBITDA de R$ 174 milhões, 3,7x o valor do mesmo período do ano passado. Isso se deve à consolidação das adquiridas Tellus e Janus no trimestre.
Com isso, o EBITDA consolidado na visão pró-forma foi de R$ 4,4 bilhões, alta anual de 7%. O lucro líquido corporativo, que considera a participação em cada negócio e exclui o efeito de marcação a mercado das ações da Vale, foi de R$ 145 milhões, contra um prejuízo no mesmo período do ano passado.
Por sua vez, a geração de caixa para o acionista foi de R$ 4,5 bilhões, motivada pela captação de dívidas (R$ 4,7 bilhões) e pelo recebimento de R$ 107 milhões em dividendos.
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CSAN3: recomendação de compra
Entendemos que, enquanto o mercado de combustíveis brasileiro estiver com a precificação irracional, como tem acontecido, os resultados de Raízen tendem a continuar pressionados.
Por outro lado, o caráter resiliente das demais operações dá consistência aos resultados consolidados. Em termos de geração de caixa, o conglomerado está em um pico de investimentos, e, por isso, esta linha não deve ser forte no curtíssimo prazo. Entretanto, continuamos acreditando na capacidade de alocação de capital para o longo prazo da gestão.
Negociando a 12x seu lucro líquido estimado para 2024, temos uma recomendação de compra para CSAN3.