Investimentos

Cosan (CSAN3): Rumo, Compass, Moove e Cosan Investimentos têm forte desempenho no 2T23; Raízen destoa

Raízen tem desempenho fraco por conta dos desafios no mercado de combustíveis, mas demais operações dão consistência ao resultado da Cosan

Por Larissa Quaresma, CFA

15 ago 2023, 11:39 - atualizado em 15 ago 2023, 11:39

Logo da Cosan (CSAN3)
Fonte: Divulgação/Cosan

Ontem, após o fechamento do mercado, a Cosan (CSAN3) divulgou seus números do 2T23, que vieram em linha com o esperado.

A fraca performance da Raízen, causada pelos desafios no mercado de combustíveis, anulou parcialmente o forte desempenho das demais subsidiárias (Rumo, Compass, Moove e Cosan Investimentos).

Ainda, a companhia melhorou o reporte das suas operações para deixar mais claro o impacto da Vale, que passou a ser reportada como uma divisão separada.

Por fim, a Cosan anunciou um novo programa de recompra, equivalente a até 10% das ações em circulação, algo bem relevante para os acionistas.

Veja o desempenho por subsidiária

A Raízen entregou um EBITDA ajustado de R$ 3,3 bilhões, queda anual de 11%. A baixa se deve tanto ao segmento de Renováveis (-55%), impactado pela perda de competitividade do etanol frente à gasolina e pela baixa disponibilidade do produto no início da safra, quanto ao de Mobilidade (-53%), cujas margens foram pressionadas pelas perdas com inventário de combustíveis, em função do mercado desafiador. A divisão de Açúcar, cujo EBITDA subiu 43% anualmente, foi beneficiada pela melhor precificação dessa commodity no mercado internacional, compensando parcialmente.

Já a Rumo viu seu EBITDA crescer 21%, para R$ 1,4 bilhão. Tanto o aumento de 9% no volume transportado quanto o reajuste médio de 9% nas tarifas contribuíram para a expansão. Vale notar que as condições de segurança e tráfego foram normalizadas na Baixada Santista (SP), impactada no 1T por episódios de violência.

Por sua vez, o EBITDA da Compass foi de R$ 968 milhões, alta anual de 10%. A expansão se deve ao mix mais voltado aos segmentos comercial e residencial, de margens maiores que o industrial, que perdeu relevância no tri. Esse efeito compensou a queda de volume distribuído, principalmente causado pelo segmento industrial.

Moove se destaca no 2T23

A Moove, destaque positivo do resultado, entregou um EBITDA de R$ 302 milhões, crescimento de 30% na comparação anual, fruto da expansão de volume e melhor mix de produtos. Ainda, a Moove atingiu uma participação de mercado recorde no Brasil, de 19,7%.

Por fim, a Cosan Investimentos, que concentra as atividades de arrendamento agrícola, reportou EBITDA de R$ 174 milhões, 3,7x o valor do mesmo período do ano passado. Isso se deve à consolidação das adquiridas Tellus e Janus no trimestre.

Com isso, o EBITDA consolidado na visão pró-forma foi de R$ 4,4 bilhões, alta anual de 7%. O lucro líquido corporativo, que considera a participação em cada negócio e exclui o efeito de marcação a mercado das ações da Vale, foi de R$ 145 milhões, contra um prejuízo no mesmo período do ano passado.

Por sua vez, a geração de caixa para o acionista foi de R$ 4,5 bilhões, motivada pela captação de dívidas (R$ 4,7 bilhões) e pelo recebimento de R$ 107 milhões em dividendos. 

CSAN3: recomendação de compra

Entendemos que, enquanto o mercado de combustíveis brasileiro estiver com a precificação irracional, como tem acontecido, os resultados de Raízen tendem a continuar pressionados.

Por outro lado, o caráter resiliente das demais operações dá consistência aos resultados consolidados. Em termos de geração de caixa, o conglomerado está em um pico de investimentos, e, por isso, esta linha não deve ser forte no curtíssimo prazo. Entretanto, continuamos acreditando na capacidade de alocação de capital para o longo prazo da gestão.

Negociando a 12x seu lucro líquido estimado para 2024, temos uma recomendação de compra para CSAN3.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.