Maio marcou o 11º mês consecutivo de arrefecimento no crédito. O saldo emprestado pelo sistema financeiro nacional ficou praticamente estável no mês (+0,3%), e 10,4% maior na comparação anual. Esse ritmo, embora ainda não seja recessivo para a economia, reforça a tendência de desaceleração, já observada há quase um ano:
A perda de fôlego é observada tanto no crédito às empresas quanto às pessoas físicas; mais uma vez, corroborando a desaceleração sistêmica causada pela Selic de dois dígitos. Não à toa, a ata do último Copom diz que: “O cenário de concessão de crédito doméstico mostra-se compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária. O Comitê antecipa uma moderação na concessão do crédito ao longo dos próximos meses.”
Em português, isso significa que o arrefecimento deve continuar nos próximos meses, já que qualquer corte na Selic leva vários trimestres para se transformar em mais concessões.
Instituições privadas sentiram mais o arrefecimento do crédito
Ainda no tema de expansão do crédito, chama atenção o seguinte: a perda de apetite foi mais intensa por parte das instituições privadas do que das públicas. Observe, abaixo, como o crescimento se moderou de forma bem mais intensa nos bancos privados.
O resultado é que, na margem, os bancos públicos vêm ganhando participação dos privados no mercado de crédito. Caso essa tendência se intensifique, como na expansão agressiva dos bancos estatais entre 2012 e 2016, os privados sairiam perdendo. Entretanto, parece-nos precipitado projetar esse cenário, já que é somente o 4º mês em que isso acontece. Observemos os próximos passos com atenção…
No que tange aos spreads, observamos um novo mês de expansão, puxada pelas linhas de pessoa física. Isso é consistente com a recente reprecificação do crédito, realizada pela maior parte dos bancos entre o final do ano passado e o início deste ano. Com isso, à medida que as novas linhas, mais caras, tomam uma proporção maior do estoque, as operações agregadas ficam mais rentáveis. Bom para ITUB4 e BPAC11.
Inadimplência das empresas subiu fortemente
A inadimplência ficou estável nas pessoas físicas, mas continuou subindo forte para as empresas, tanto as pequenas quanto as grandes. Esse comportamento está em linha com o que esperávamos, e reforça a necessidade de se investir nos bancos que foram conservadores nesse último ciclo de crédito – afinal, a inadimplência observada hoje é reflexo dos empréstimos concedidos há alguns trimestres. Ainda, este padrão corrobora a desmontagem do short em Nubank, que deve se beneficiar do comportamento mais sadio dos clientes de cartão de crédito e empréstimo pessoal.
Por fim, a alavancagem das famílias interrompeu o ciclo de 5 quedas seguidas, ficando parada em 48,5%. Mas isso não nos preocupa, já que o mês de maio tem o Dia das Mães, data comercial que provoca um aumento sazonal do endividamento. Portanto, a estabilidade, por si só, deveria ser uma boa notícia.
No todo, enxergamos que o mercado de crédito já está bem restritivo, e deve ficar um pouco mais nos próximos meses. Boa notícia para o investidor, já que libera o caminho para um corte de juros à frente
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