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Curva de juros precifica alta da Selic até o final de 2024; veja 3 títulos prefixados para investir nesse cenário

Confira títulos de renda fixa para investir da possibilidade de a taxa básica de juros voltar a subir 100 pontos-base até dezembro de 2024.

Por Lais Costa

20 ago 2024, 14:05 - atualizado em 20 ago 2024, 14:17

renda fixa

Imagem: iStock.com/RafaPress

Nos EUA, o dado de inflação (CPI) de julho registrou alta de 0,2% m/m, em linha com as estimativas dos economistas. No acumulado de 12 meses, o indicador ficou ligeiramente abaixo das estimativas (2,9% versus 3,0%), principalmente devido aos preços de energia.

No que tange a medida de núcleo (que exclui os itens mais voláteis), houve uma aceleração de 0,165% m/m, com destaque para a maior alta em três meses (0,3% m/m) do núcleo de serviços, enquanto o núcleo de bens registrou deflação de 0,3%, menor variação em um ano. Em relação aos preços dos aluguéis aos inquilinos e o equivalente aos proprietários (OER), as leituras ainda foram fortes, com alta de 0,5% e 0,4% no mês, respectivamente.

De maneira geral, o dado confirmou a desaceleração do índice de preços que retornou para o seu menor patamar desde 2021. O resultado reforça as apostas de que o Federal Reserve deve iniciar o corte de juros na próxima reunião, embora a magnitude do corte ainda não seja consenso entre os agentes de mercado.

Por isso, a fala do Presidente Jerome Powell no Congresso Anual de Jackson Hole, programada para sexta-feira (23) às 11h, será acompanhada de perto por todo o mercado.

E no Brasil?

No calendário econômico doméstico, as vendas no comércio varejista de junho superaram as expectativas, com uma queda de -1,0% versus a estimativa de -0,2% m/m, com revisão de 1,2% para 0,9% m/m. No acumulado do ano, o setor registrou alta de 4,0% a/a, abaixo da estimativa de 5,7% esperada pelo mercado. Além disso, a leitura anterior também foi revisada para baixo, saindo de 8,1% para 7,8%.

A principal surpresa acentuada veio dos setores de hiper e supermercados, além de alimentos, bebidas e fumo, que registraram uma queda significativa de -2,1% m/m, pressionados pela inflação nos alimentos para consumo domiciliar.

Por outro lado, o segmento de móveis e eletrodomésticos cresceu 2,6% m/m, demonstrando um desempenho robusto e ajudando a suavizar a queda nas vendas do varejo como um todo. O resultado do varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, também surpreendeu positivamente, com crescimento de 0,4% m/m, superando as expectativas de estabilidade.

Apesar da retração pontual, o comércio varejista acumula alta de 3,6% nos últimos 12 meses, marcando o 21º mês seguido de crescimento. 

BC endureceu a comunicação

Contudo, o grande destaque da semana passada foi o fim do período de silêncio do Banco Central com um notável endurecimento da comunicação da autarquia

Desde a ata do último Copom divulgada na última terça-feira (13), que reforçou uma mensagem de vigilância e cautela, temos visto uma série de falas duras de diretores do Banco Central. Ainda na terça-feira (13), o diretor Diogo Guillen destacou a forte coesão entre os membros do comitê da autarquia e o compromisso com o atingimento da meta inflacionária de 3% ao ano.

Na mesma linha, o diretor Gabriel Galípolo (provável sucessor de Roberto Campos Neto) afirmou em sua fala mais recente que todas as opções estão sobre a mesa na próxima reunião do Copom. Galípolo ainda destacou que o crescimento econômico vem sendo revisado para cima e que a piora das expectativas de inflação têm gerado um incômodo significativo entre os diretores. Finalmente, Galípolo argumentou que os membros do Copom não deveriam se intimidar diante de reações políticas e defendeu a importância de construir credibilidade por meio de “palavras e ações que sejam coerentes”.

Mercado mudou suas projeções para a taxa Selic

Nos últimos dias, diversos agentes de mercado revisaram suas projeções de Selic para 2024 e 2025. Ontem (19), o relatório Focus mostrou o início desse movimento que deve se estender nas próximas semanas. Para o próximo Copom, criou-se o consenso de que o ciclo de alta de juros será reiniciado. Resta alguma dúvida em relação à magnitude do ajuste que será anunciado (25 bps ou 50 bps).

De todo modo, como temos falado, a curva de juros já precifica cerca de 100 pontos-base de alta até o final deste ano e uma Selic terminal de aproximadamente 12% ao ano em meados de 2025. Por isso, ainda gostamos dos títulos prefixados nos níveis atuais.

Cardápio da semana: confira os títulos de renda fixa recomendados

Características da LCA prefixada do Banco BTG Pactual
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 500,00
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)20/02/2026 (549 dias corridos)
Rentabilidade anual10,43%
TributaçãoIsento
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h45
A taxa líquida da LCA do Banco BTG Pactual é equivalente a uma taxa bruta de 12,6% ao ano.
Características da CDB prefixado do Banco Daycoval
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarDaycoval
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)23/08/2027 (1098 dias corridos)
Rentabilidade anual13,00%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação18h
Características do CDB prefixado do Paraná Banco
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA-(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarParaná Banco
Aplicação mínimaR$ 100
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)18/08/2025 (361 dias corridos)
Rentabilidade anual13,00%
Tributação17,50%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h

As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 20 de agosto de 2024 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (20).

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Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira eletricista pela UTFPR com passagem pelo MIT e especialização em finanças pela Columbia University. Iniciou a carreira no mercado financeiro com foco no mercado de bonds nos EUA. Após uma experiência na Itaú Asset em NY, ela esteve por três anos no time de Global Macro Strategy da XP Inc também em NY, cobrindo mercados emergentes asiáticos e Brasil com foco em criação de ideias de investimento de renda fixa para clientes institucionais. Desde maio de 2021, Laís faz parte do time de análise da Empiricus. Por dois anos foi responsável pela alocação e seleção de fundos globais e hoje é a analista a frente das séries Super Renda Fixa e Os Melhores Fundos de Investimento.