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Cyrela (CYRE3) e Direcional (DIRR3): o que explica os desempenhos contrastantes em 2024 e as perspectivas para 2025

Ações da Cyrela derreteram 27% em 2024, enquanto papéis da Direcional subiram mais de 20% no período

Por Bruna Vogel

04 jan 2025, 10:00

Direcional DIRR3 Cyrela CYRE3

Imagem: Unsplash

Embora façam parte do setor imobiliário e de incorporação da bolsa brasileira, Cyrela (CYRE3) e Direcional (DIRR3) atendem públicos diferentes. E isso pode ser primordial para explicar a diferença de desempenho das ações das duas companhias em 2024.

Enquanto os papéis da Cyrela, companhia voltada para a alta renda, derreteram -27%, acompanhando a deterioração do cenário macroeconômico, as ações da Direcional apresentaram alta superior a +20%, impulsionadas pelos subsídios dos programas habitacionais voltados para a baixa e a média renda, como o Minha Casa, Minha Vida.

Para entender melhor o desempenho das empresas no último ano e o que esperar para 2025, conversamos com o analista Ruy Hungria, da Empiricus. Confira abaixo:

Cyrela (CYRE3): apesar da queda, performance da companhia foi resiliente e assimetria é interessante

Pergunta: Ruy, começando pela Cyrela (CYRE3). Apesar de resultados operacionais excelentes, como crescimento de 20% na receita e de 66% no lucro líquido, as ações caíram 27% em 2024. O que explica esse movimento?

Ruy Hungria: Esse contraste é reflexo do impacto do cenário macroeconômico no setor imobiliário. A combinação de Selic elevada, inflação persistente e uma possível desaceleração econômica afeta diretamente a demanda por imóveis. Ainda assim, é importante destacar que a Cyrela tem conseguido entregar resultados sólidos graças à sua execução formidável.

Pergunta: Como você vê o futuro da Cyrela nesse contexto desafiador?

Ruy Hungria: Apesar da piora no macro, os pilares do mercado imobiliário – emprego, renda e crédito – continuam ajudando. A empresa deve manter uma performance resiliente, embora já seja esperado um recuo nos lançamentos. O interessante é que a Cyrela está sendo negociada a menos de 4 vezes o preço/lucro, o que cria uma assimetria atrativa, especialmente considerando sua capacidade de execução e potencial de distribuir bons dividendos.

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Direcional (DIRR3): injeção de caixa e dividendos robustos

Pergunta: Passando para a Direcional (DIRR3), as ações tiveram um desempenho notável. O que impulsionou esse movimento?

Ruy Hungria: A Direcional foi beneficiada pelo segmento de baixa renda, que tem recebido forte apoio do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Além disso, a negociação de até 15% da participação na Riva, sua subsidiária voltada para imóveis de faixa superior ao MCMV, trouxe um caixa significativo de até R$ 397 milhões, cerca de 8% do seu market cap. Isso não apenas reforça a estrutura da empresa, mas também impulsiona a distribuição de dividendos, que atingiram 8% de yield em 2024 e podem chegar a 20% em 2025.

Pergunta: Quais são as perspectivas para a Direcional em 2025, considerando as incertezas econômicas?

Ruy Hungria: Mesmo em um cenário macroeconômico mais adverso, o segmento de baixa renda, especialmente vinculado ao MCMV, é menos sensível à Selic. Além disso, os dividendos robustos devem continuar sendo um atrativo para investidores, suavizando os impactos de um sentimento mais negativo no mercado.

Sobre o autor

Bruna Vogel

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo/USP e mestre em Estudos Latino Americanos e Caribenhos pela New York University/NYU, é redatora do site da Empiricus.