Investimentos

DeepSeek: IA chinesa deve impulsionar desenvolvimento de novas tecnologias, segundo analista

Apesar de assustar os investidores das big techs em um primeiro momento, disputa entre China e EUA pelo “controle” da IA pode gerar novas avenidas de crescimento para o setor, avalia Pedro Carvalho, da Empiricus Gestão

Por Maisa Leme

28 jan 2025, 14:00 - atualizado em 28 jan 2025, 14:16

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Imagem: iStock.com/William_Potter

Na última segunda-feira (27), o mercado se surpreendeu com a ascensão do modelo de Inteligência Artificial da startup chinesa DeepSeek, semelhante ao ChatGPT, mas desenvolvido com um investimento muito menor em relação aos players norte-americanos. 

Como resposta, as ações de gigantes do setor tecnológico nos Estados Unidos despencaram. A Nvidia, por exemplo, derrapou mais 16,8% no primeiro pregão da semana. 

“Acho que o que se torna algo mais grave, na perspectiva dos EUA, é que o projeto não era o foco principal da DeepSeek”, disse o analista da Empiricus Gestão, Pedro Carvalho, durante entrevista para o Giro do Mercado, programa do Money Times.

IA chinesa supera ChatGPT e assusta, mas abre portas para o setor

Embora a novidade possa assustar os investidores das big techs, a consequência é uma aceleração de desenvolvimento no setor, avalia o analista. 

Carvalho vê o momento atual como um ‘Sputnik 2.0’, em referência ao período em que EUA e Rússia disputaram o desenvolvimento espacial. 

Ainda segundo ele, as vantagens imaginadas pelos americanos sobre a China agora são inexistentes. Além disso, as restrições de exportação de tecnologia à China incentivadas pelo Governo Biden não foram suficientes e podem ter estimulado ainda mais essa disputa.

“Exatamente por não ter acesso aos hardwares de ponta, aos melhores semicondutores disponíveis, eles tiveram que fazer com o que eles tinham. E aí você tem uma série de novos métodos, e métodos que já existiam, mas sendo aplicados de forma muito mais eficientes, trazendo as inovações que vêm com o DeepSeek”, afirmou o analista.

Nesse sentido, a “corrida” pela inteligência artificial tende a beneficiar o desenvolvimento da tecnologia e criar novas avenidas para as companhias e os investidores. 

“O movimento agora é de otimizar as próprias estruturas. Apesar da queda [das ações], enxergo que temos uma possível aceleração ainda maior da IA. O momento é assustador, mas pode ser uma grande oportunidade” explica Carvalho.

Para Carvalho, em um primeiro momento a cobrança por retorno (das empresas americanas) será maior, dado que o mercado levará em consideração que a DeepSeek desenvolveu sua tecnologia com menos recursos e cobrará a mesma eficiência.  

“Eu acredito muito em uma explosão no mercado de robótica. Há uma atração por esse segmento mas vejo uma força ainda maior. Não me surpreenderia se robôs fizessem tarefas que agora são impossíveis agora de fazerem”, vislumbra o analista.

Confira a entrevista na íntegra clicando no bloco abaixo:

Sobre o autor

Maisa Leme

Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero. Atualmente, estagia em redação no site da Empiricus.