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Demonizado por questões climáticas, queda de produção mostrou importância do petróleo para o mundo, avalia gestor no Macro Summit Brasil 2024

Em painel do Macro Summit Brasil 2024, Mariana Dreux e José Rocha apontam incerteza e volatilidade nas políticas monetária global e fiscal no Brasil, oferecendo também oportunidades na bolsa

Por Equipe Empiricus

11 abr 2024, 08:28 - atualizado em 11 abr 2024, 08:28

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Imagem: Macro Summit/Bianca Barsotti

O mercado financeiro brasileiro e global nos últimos 12 meses pode ser comparado a andar em uma montanha russa, inclusive também por causa da Rússia. Com subidas e descidas íngremes, curvas inesperadas, projeções constantemente revisadas e com o carrinho sempre em alta velocidade. Marasmo não teve. 

Assim podem ser definidas as análises de Mariana Dreux, da Itaú Asset, e José Rocha, da Dahlia Capital, que participaram do Macro Summit Brasil 2024, evento online gratuito sobre cenário macroeconômico e mercado financeiro realizado pelo Market Makers, um dos principais hubs de conteúdo financeiro do Brasil, em parceria com o MoneyTimes e Seu Dinheiro.

As perspectivas para a economia americana

“A gente entrou em 2023 com muitas casas colocando uma probabilidade de recessão nos Estados Unidos muito alta, depois com surpresas inflacionárias negativas no início do ano passado e que fizeram o FED pensar em acelerar o ciclo de alta”, comenta Dreux.

Ela também lembra que, em seguida, houve a crise bancária e, depois, a força da economia americana fez com que os juros voltassem a subir e batessem mais de 5% em 10 anos em outubro.

“No mês seguinte, o FED faz uma mudança de discurso, tateando o fim do ciclo de alta e, inclusive, coloca um cenário em que pode começar a cortar no curto prazo”, destaca.

Segundo ela, o atual momento é de um repique da inflação em janeiro e fevereiro, além de uma atividade econômica muito forte que gera empregos nos Estados Unidos. “A expectativa de corte dos juros foi jogada para frente e com uma magnitude menor”.

E esse vai e vem de expectativas e frustrações tem impacto direto no Brasil, segundo José Rocha. Ele afirma que, apesar do país ter autonomia para decidir sobre sua política monetária, a realidade é que as decisões tomadas pelo Banco Central dependem dos movimentos que acontecem nos Estados Unidos, com um piso nos juros, em percentuais que variam de acordo com a taxa americana.

“A gente acha que as pessoas superestimam o cenário local no preço dos ativos. O que acontece no Brasil ou em Brasília é importante? Claro que é. Porém, o que acontece na China e nos Estados Unidos acaba tendo um peso que muitas vezes maior do que é comentado”.

Esse debate foi tratado no painel “O cenário macro e seus impactos nos preços”, que teve mediação realizada por Thiago Salomão, fundador e apresentador do Market Makers, e Vinícius Pinheiro, diretor de Redação do Seu Dinheiro.

Queda antes na Europa

Mariana Dreux afirma que o cenário atual dos juros está volátil e com bastante incerteza, porém, considera razoável a precificação pela queda dos juros por analistas do mercado. Inclusive, lembra que Brasil e Chile já iniciaram seus processos.

E se a nova projeção é que o FED decida em maio reduzir os juros, a gerente de portfólios da Itaú Asset acredita que Europa e Reino Unido iniciem antes os cortes.  

“Os próximos dois dados de inflação serão os números mais importantes para uma decisão do FED. Sem dúvida nenhuma, a grande surpresa no mercado foi a inflação (alta) no início do ano”, afirma Mariana.

Inclusive, ela considera que essa expectativa pela política monetária do FED nos Estados Unidos vai abafar um pouco análises sobre as eleições para presidente dos Estados Unidos. 

“O mercado tende a ver o governo Trump como mais fortalecedor de Dólar, mais intervencionista no sentido de aumento de probabilidade de reposição de tarifa, principalmente para China. Independente do presidente que vencer, a população americana vê essa concorrência chinesa como desleal, então, a forma de implementação e agressividade pode mudar entre os dois, mas a direção é a mesma”.

‘A demonização do petróleo fez os investimentos nesse setor reduzirem’

José Rocha afirmou que separa o atual cenário financeiro em duas partes: cíclica (mais comentada) e a estrutural, que seria menos discutida. A primeira trata do período que começou no pós-pandemia, que enfrenta onda inflacionária, mas mostra melhorias a partir de 2023. E a outra parte, estrutural, é impactada a longo prazo pela inteligência artificial e a retomada da importância do petróleo.

Segundo ele, os avanços da Inteligência Artificial na vida das pessoas, no uso das tecnologias que operam com IA em logística, transporte, automação, processamento e até mesmo produção de conteúdo e vídeos vão impactar no conceito de trabalho como conhecemos.

Na parte de energia, ele destaca que as discussões sobre transição enérgica são necessárias, mas que a demonização do petróleo fez os investimentos nesse setor reduzirem, gerando escassez energética no mundo e inflação devido ao aumento do preço da commodity, principalmente, pela guerra entre Rússia e Ucrania. 

“Tentaram embargar o petróleo russo, mas não conseguiram. O Irã estava embargado e voltou ao mercado. Os EUA fecharam acordo com a Venezuela e aumentaram em 20% sua própria produção. Na COP28, no ano passado, energia nuclear passou a ser considerada energia verde”.

E se o tema China não seria tão impactado pela vitória de democrata ou republicano, José Rocha avalia que existem diferenças nos projetos dos dois candidatos a presidente para o petróleo.

Segundo ele, Trump tem falado que acaba a guerra da Ucrania se ele ganhar. “A gente acha que acabar a guerra é baixista para preço de comida e energia no mundo, ajudando a baixar a inflação. Uma das grandes lições de 2022 foi a importância do petróleo para o mundo. Quando o preço sobe, bagunça tudo; quando cai, melhora tudo”.

Ele alerta que a produção de petróleo americana subiu no governo democrata apenas com aumento de produtividade, sem perfurar novos campos. Num eventual governo republicano, mais sondas e novos poços poderiam ser perfurados.

Brasil: prova de fogo do arcabouço fiscal

Mariana Dreux considera que em poucos meses o arcabouço fiscal implantado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva passará por sua primeira prova de fogo, com uma provável revisão das metas para 2024 e 2025. 

“O fato de não ter sido mudado antecipadamente, como foi ventilado no final do ano passado, foi positivo porque o esforço do ministro (Fernando Haddad) em conseguir implementar sua agenda foi mais potente. Tiveram algumas coisas positivas”.

Mas ela pondera que o problema atual vivido não é exclusividade do Brasil.

“A gente está em um mundo em que temos muita comparação. Todo mundo fez um monte de expansão fiscal e a dívida está alta no mundo inteiro. Uma história que era um pouco mais característica nossa, ficou muito comum no mundo inteiro”, afirma.

E se os desafios financeiros enfrentados pelo Brasil são conhecidos e muito discutidos, José Rocha considera que as oportunidades de investimentos no país são muito atraentes.

“O yield no Brasil está no nosso portfólio. NTN-B beirando IPCA +6% chama muito a nossa atenção. E na bolsa tem uma série de ações que estão operando a IPCA + 12%, 13% e 14%”, afirma o gestor da Dahlia Capital.

No que investir agora?

Ao final do painel, representantes da Itaú Asset e Dahlia Capital foram bem diretos em apresentar as melhores estratégias para investir neste momento:

  • Mariana Dreux: comprar inflação no Brasil;
  • José Rocha: carteira de yield no Brasil com tecnologia nos Estados Unidos (“combinação vencedora”).

Para ter acesso gratuitamente ao conteúdo completo das apresentações, inclusive com materiais extras do Macro Summit Brasil 2024, basta acessar AQUI. 

Assista ao painel completo por aqui:

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