Na última quinta-feira (22), o Casino zerou a sua participação em Assaí (ASAI3). O movimento já era esperado pelo mercado, uma vez que o grupo francês indicava que iria se desfazer de mais operações do seu portfólio para arcar com seus problemas financeiros.
Até novembro do último ano, o Casino era o controlador do Assaí, com 41% de participação na companhia. Após dois follow-on, em outubro de 2022 e março de 2023, o grupo selou a sua saída com venda de posição residual de 11,7% via block trade.
A saída de Casino pode melhorar a liquidez de ASAI3
Enxergamos a saída do acionista como positiva para o Assaí. Além de aumentar a liquidez do papel, há também uma melhora importante de governança corporativa, a qual acreditamos ainda não estar no preço após o forte sell-off das ações em 2023, que ainda não se recuperou.
Até abril deste ano, o Casino contava ainda com cinco cadeiras no conselho de administração. Agora, esse número deve ser reduzido para zero e marcar oficialmente a fase “full corporation” — uma empresa “sem dono”, ou com vários pequenos donos — do Assaí. Esse é considerado o estado da arte da governança corporativa, onde a companhia irá se desenvolver sem a interferência de um acionista majoritário, mas pelos interesses de diferentes acionistas, favorecendo o debate e, no fim, a prosperidade do negócio.
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Como o mercado reagiu à notícia
As ações de ASAI3 dispararam cerca de 7% no dia seguinte à venda, evidenciando a recepção positiva do mercado. Contudo, as ações seguem bastante voláteis, principalmente devido à i) alavancagem mais alta da companhia (3,7x DL/Ebitda), ajustando a dívida pelos pagamentos relacionados a aquisição das lojas Extra, tornando-a mais sensível aos movimentos na curva de juros doméstica (aqui temos um ônus e um bônus); e ii) desinflação de alimentos.
Do lado operacional, acreditamos que a companhia mostra um indicador de vendas em mesmas lojas (SSS) resiliente no 2T23, mesmo frente a desinflação dos alimentos, é um trigger importante para ASAI3 alçar um novo patamar de preço.
Além disso, a performance das lojas extra convertidas nos últimos 12 meses também será um indicador importante, por ser fundamental para o seu processo de desalavancagem. No 1T23, a companhia informou que as vendas totais no modelo de cash & carry já são 2,2x maiores no que o modelo anterior de hipermercados. Ainda, com média de 5 meses de operação, essas lojas já atingiram um faturamento médio superior a R$ 21 milhões/mês (superior à média da companhia) e margem Ebitda de cerca de 5%. Ótima sinalização.
No mais, no patamar de preços atual, enxergamos uma boa margem de segurança para Assaí (ASAI3), que negocia a atrativas 10 vezes os seus lucros projetados para 2024, segundo nossas estimativas. Contudo, em função do curto prazo ainda bem instável para as ações, seguimos com um peso reduzido para ASAI3.