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Desempenho inconsistente das ações da Eletrobras (ELET6) reflete disfuncionalidade de preços do mercado nas últimas semanas; entenda

Performance descolada de seus fundamentos reforça as oportunidades que surgem em momentos de desajustes de mercado.

Por Larissa Quaresma, CFA

02 jan 2025, 14:04 - atualizado em 03 jan 2025, 13:17

Eletrobras (ELET3, ELET6)

Imagem: Divulgação

O desempenho da Eletrobras (ELET6) em 2024 foi um dos mais inconsistentes em nossa visão. É claro que o sentimento macro piorou muito, e uma desvalorização no ano não é motivo de desonra.

Mas cair bem mais que o Ibovespa depois de todos os degraus que a companhia subiu no período não faz muito sentido.

Para começar, os resultados melhoraram: a Receita cresceu 3,4% nos primeiros nove meses do ano, enquanto o Ebitda aumentou +9% e o Lucro Líquido mais do que dobrou. Boa parte dessa melhora de resultados segue pautada no corte de custos.

Uma das dores de cabeça até o ano passado eram as térmicas na Amazônia, que viviam tomando calote da distribuidora local. Elas foram vendidas em 2024, e isso deixou de ser um problema.

Neste ano, ainda tivemos a incorporação de Furnas para aproveitamento de eficiências fiscais e tudo indica que estamos chegando perto de um acordo com o governo para livrar a Eletrobras de algumas obrigações cabeludas.

Também tivemos avanços no estoque de compulsórios (que caiu -R$ 5 bilhões vs 3T23).

Para fechar, até os preços de energia, que estão totalmente fora de seu controle, melhoraram ao longo do ano com as chuvas abaixo das expectativas. Mesmo assim, ELET6 caiu 12% no ano.

Múltiplos atuais da Eletrobras são comparáveis aos da crise da Era Dilma

Mais intrigante ainda é a comparação com o biênio 2014-2015, quando o Brasil mergulhava em uma enorme crise, e pouco tempo depois de a MP 579 ter praticamente destruído a Eletrobras.

Naquela época, a Eletrobras – uma estatal, deficitária, endividada e que tinha um ROE negativo ou muito baixo – negociava por uma média de 8x lucros. Dez anos depois, agora privada, lucrativa e com boas perspectivas de melhora de dividendos pela frente, ela negocia por 9x lucros.

Fonte: Bloomberg e Empiricus

Isso deixa um pouco mais clara a disfuncionalidade de preços que o nosso mercado entrou nas últimas semanas. Obviamente, isso não quer dizer que ELET6 não pode cair mais.

Mas é justamente nesses momentos de disfuncionalidade que conseguimos travar os melhores retornos com foco no longo prazo.

A Eletrobras (ELET6) segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.