Investimentos

Desktop (DESK3) pode ser comprada pela Vivo (VIVT3) após se destacar no mercado; entenda

Desktop é a terceira maior operadora de Banda Larga do Estado de São Paulo e se destaca com cultura voltada à satisfação do cliente

Por Ruy Hungria

29 maio 2024, 15:59 - atualizado em 29 maio 2024, 15:59

desktop (desk3)
Imagem: Unsplash

As ações da Desktop (DESK3) dispararam mais de +20% nos últimos dias, com notícias de que a Telefônica Brasil – Vivo (VIVT3) estaria interessada em adquirir a empresa.

O que chamou a atenção da Vivo no caso de Desktop?

Provavelmente as mesmas coisas que nos fazem gostar da Desktop. Existem infinitas ISPs (provedores de independentes de internet) espalhadas pelo Brasil que poderiam ser alvo de aquisição da Vivo, e quase todas poderiam ser compradas por preços bem mais atrativos que a Desktop, se a intenção dela fosse apenas “comprar barato”. 

Desktop atinge notoriedade no interior de São Paulo

Mas existem aspectos no mundo corporativo que vão muito além de planilhas, casas passadas, Capex (investimento) por casa conectada, endividamento, múltiplos, etc. A Desktop tem uma cultura voltada à satisfação do cliente que dificilmente vemos por aí, ainda mais quando o assunto é telecom. Além disso, ela está presente em uma das regiões com maior poder aquisitivo do Brasil, com infraestrutura e pessoas que se destacam das competidoras. Essa combinação fez com que a companhia conseguisse atingir notoriedade no interior de São Paulo.

A Desktop é a 3ª maior operadora de Banda Larga do Estado, o que já a tornaria um alvo interessante para a Vivo, especialmente quando consideramos a diferença entre os valores de mercado (R$ 75 bilhões para a Vivo vs R$ 1,8 bilhão para a Desktop). 

Filtro: Estado de São Paulo. Fonte: Anatel.  

Mas a verdade é que a atratividade da Desktop é ainda maior quando filtramos a tecnologia dos acessos por FTTH (fibra). Neste caso, ela sobe para a 2ª posição, atrás apenas da própria Vivo

Filtro: Estado de São Paulo, exceto a capital; Tecnologia FTTH. Fonte: Anatel.  

Se, além disso, excluirmos os acessos na capital, Região do ABC e Guarulhos, o market share da Desktop sobe para 15,7%. 

Ou seja, com a compra de Desktop, a Vivo teria mais da metade dos acessos com tecnologia de fibra no Estado São Paulo, e ganharia muito mais terreno no interior. 

Oferta será aceita pela companhia?

Para além do market share, a Vivo também levaria uma infraestrutura de primeira qualidade, que permitiu à Desktop ser a líder em velocidade de internet no Estado.

Como acionistas da Desktop, nos resta aguardar o preço a ser oferecido pela Vivo e se ele será ou não aceito pela companhia, o que provavelmente implicaria nosso adeus para DESK3 – uma despedida que pode ser bastante feliz, a depender da oferta. 

Nosso preço justo para os papéis segue em R$ 20, o que se traduz em um múltiplo de saída bastante razoável, de 5,6x EV/Ebitda. Mas não reclamaremos se a Vivo quiser ser mais generosa. Qualquer oferta compatível com a casa de 6x Ebitda seguiria obedecendo uma lógica saudável de ganha-ganha para as partes envolvidas. 

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.