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Disney (DIS/DISB34): operações internacionais voltam a ficar no ‘azul’ no 2T23 e lucro por ação fica acima das projeções

A maior companhia de entretenimento do mundo decepcionou na receita, mas teleconferência ajudou a animar os investidores. Ações subiram 3% pós-divulgação.

Por Enzo Pacheco, CFA

10 ago 2023, 12:17 - atualizado em 10 ago 2023, 12:17

Disney (B3: DISB34 | NYSE: DIS): por que agora vale a pena investir na ação?
Imagem: Unsplash

Após o fechamento do pregão, a Disney (B3: DISB34 | NYSE: DIS) reportou os seus balanços do terceiro trimestre fiscal de 2023 (encerrado no início de julho).

Os números divulgados foram mistos em relação à expectativa dos analistas: receita abaixo do esperado, e lucro por ação acima das projeções. 

Receita aumentou 4%

No período, a receita da companhia de Mickey e sua turma foi de US$22,330 bilhões, crescimento de 4% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. 

Esse aumento foi possível graças à boa performance do segmento de Parques, Experiências e Produtos (PEP), com vendas 13% maiores do que no ano passado, que totalizaram US$8,326 bilhões. Por outro lado, a parte de Mídia e Entretenimento (ME) apresentou recuo de 1% no faturamento, encerrando o período nos US$14,004 bilhões.

Lucro operacional ficou estável

O lucro operacional no trimestre foi de US$3,559 bilhões, estável em relação ao 3T22. Da mesma forma que na receita, esse resultado foi obtido com a queda de 18% no resultado de ME, enquanto a linha de PEP reportou um valor 11% na comparacão anual.

Prejuízo na comparação anual

Na linha final de resultado, a empresa reportou um prejuízo de US$153 milhões, ou US$0,25 por ação, ante um lucro de US$1,502 bilhão (US$0,77/ação) um ano atrás. Ajustando os números por eventos não recorrentes, como gastos com reestruturação e baixas contábeis, a Disney teve um lucro de US$2,217 bilhões no trimestre, o equivalente a US$1,03 por ação, valor 6% menor do que o divulgado no 3T22.

Por que as ações de Disney subiram após a divulgação

Apesar de ainda estar longe dos seus melhores dias, fato é que os investidores gostaram do que ouviram na teleconferência com a empresa — as ações subiam mais de 3% na abertura do pregão.

Isso porque o CEO Bob Iger (que voltou recentemente para o cargo, após um breve período de aposentadoria) vem entregando o que havia prometido: redução de custos, perspectiva de melhor monetização dos serviços de streaming, e possíveis ajustes na estrutura para ter uma empresa mais eficiente.

Na parte de Mídia e Entretenimento, por exemplo, é possível verificar o porquê Iger segue otimista com o segmento Direct-to-Consumer (que engloba os streamings), e não tanto com a parte de Redes de Televisão. 

Enquanto o primeiro viu suas vendas crescerem 9% na comparação anual, totalizando US$5,525 bilhões, a segunda segue em retração, tendo reportado receita de US$6,690 bilhões (-7% vs. 3T22).

Mesmo que os serviços de streaming ainda apresentem prejuízo operacional, que no 3T23 foram de US$512 milhões, esse prejuízo era superior a US$1 bilhão no mesmo trimestre de 2022. Por outro lado, as Redes de TV viram seu lucro operacional cair 23% no período — mostrando que os consumidores estão cada vez mais assinando esse tipo de produto, o que também acaba reduzindo a atratividade para os anunciantes.

Não podemos falar, contudo, que tudo parece estar resolvido no DTC. Os três produtos oferecidos pela companhia (Disney+, ESPN+ e Hulu) terminaram o trimestre com 219,6 milhões de usuários, comparado com 231,3 milhões ao final do 3T22.

Mas isso se deu principalmente pela perda de 12,5 milhões de assinantes do Disney+ Hotstar, streaming oferecido na índia e que recentemente perdeu um contrato relevante para transmissão do campeonato nacional de críquete (um dos esportes mais populares do país).

Apesar de representar um montante relevante no total de usuários do Disney+ (mais de 27%), o ponto é que esse assinante tem uma precificação bem abaixo do observado em outros países: enquanto o ticket médio por usuário na Índia permaneceu nos US$0,59, o valor nos EUA e Canadá foi de US$7,31 (+2% vs. 3T22) e no resto do mundo, US$6,01 (+1%).

Na teleconferência com os analistas, a Disney informou que pretende aumentar o preço da assinatura do Disney+ em até 27%. Nos Estados Unidos, por exemplo, o plano sem anúncios vai passar de US$10,99 por mês para US$13,99.

Além disso, da mesma maneira que a Netflix fez há pouco tempo atrás, Iger anunciou que a companhia vai dificultar o compartilhamento de senhas (‘password sharing’). Se em um primeiro momento os investidores não gostaram da ideia quando a rival divulgou isso lá atrás, os últimos resultados demonstram que isso não se tornou um problema — talvez, por isso, a reação com a ação da Disney foi diferente.

Na parte de Parques, Experiências e Produtos, o grande responsável pelo aumento nas vendas foram os parques e atrações internacionais, com crescimento de 94% na receita (US$1,532 bilhão), comparado com 4% nos Estados Unidos (US$5,649 bilhões).

Somado a isso, as operações internacionais voltaram a reportar lucro operacional no trimestre, somando US$428 milhões, ante prejuízo de US$64 milhões no 1T23.

Aos preços atuais, parece que a ação da Disney (B3: DISB34 | NYSE: DIS) tem pouco espaço para fortes quedas e potencial de ganhos expressivos. Seguimos comprados na tese, presente na carteira Investidor Internacional, série voltada para aqueles interessados em saber mais sobre os mercados globais.

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Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Desde 2017 atua na análise dos mercados internacionais na série da Empiricus voltada a este propósito (MoneyBets).