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Disney (DISB34) surpreende no resultado do trimestre encerrado em junho, com lucro por ação bem superior ao esperado

Todas as linhas de negócio da Disney apresentaram crescimento de receita na comparação anual, com destaque para a parte de Streaming

Por Enzo Pacheco, CFA

12 ago 2024, 10:53 - atualizado em 12 ago 2024, 10:56

Disney (B3: DISB34 | NYSE: DIS): por que agora vale a pena investir na ação?

Imagem: Unsplash

Na quarta (7), antes da abertura dos mercados, a gigante do entretenimento Disney (B3: DISB34 | NYSE: DIS) apresentou aos investidores os seus resultados do terceiro trimestre fiscal de 2024 (encerrado em junho). A companhia surpreendeu os analistas, com o lucro por ação bem superior às projeções.

Todas as linhas de negócio da Disney cresceram no trimestre

No período, a companhia de Mickey e sua turma reportou receita de US$23,155 bilhões, valor 3,7% superior ao apresentado no mesmo trimestre do ano passado.

Analisando por linha de negócio, todas tiveram vendas maiores na comparação anual: Entretenimento, US$10,580 bilhões (+4,5% vs. 3T23); Esportes, US$4,558 bilhões (+5,1%); e Experiências, US$8,386 bilhões (+2,3%).

Dentro da parte de Entretenimento, o segmento de streaming foi o vetor de crescimento, com receita de US$5,805 bilhões (+15,1% vs. 3T23). Por outro lado, a parte de Redes de TV (US$2,663 bilhões, -7,3%) e de Venda de Conteúdo/Licenciamento (US$2,112 bilhões, -4,4%) não permitiram que o resultado fosse ainda melhor.

A parte de Esportes continua mostrando a sua importância para o negócio, tendo apresentado aumento nas vendas em todas seus segmentos, com as operações domésticas crescendo 5% (US$3,908 bilhões) e as internacionais, 6% (US$371 milhões), compensado pela estabilidade da receita da Star India (US$279 milhões, +0,7%).

A linha de Experiências, que englobam os parques, cruzeiros, resorts, teve aumento de receitas tanto nas operações domésticas (US$5,820 bilhões, +3% vs. 2T23) e nas internacionais (US$1,602 bilhões, +4,5%), mas as vendas de produtos recuaram na comparação anual (US$964 milhões, -5,3%).

Lucro operacional da Disney expandiu 18,7%

Mesmo com esse leve aumento na receita, a companhia conseguiu apresentar um lucro operacional 18,7% maior em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$4,225 bilhões.

E o grande responsável por isso foi a parte do Streaming. Isso porque o lucro operacional de Entretenimento somou US$1,201 bilhão, ante US$408 milhões no 3T23. E, dentro desse segmento, o prejuízo operacional foi de apenas US$19 milhões, comparado com perdas de US$505 milhões um ano atrás.

Quando somados os números do ESPN+ (streaming da parte de Esportes), este foi o primeiro trimestre (e um trimestre antes do planejado pela direção) em que esses serviços apresentaram lucro operacional: US$47 milhões, para receita de US$6,379 bilhões, comparado com prejuízo de US$512 milhões com vendas de US$5,525 bilhões no 3T23.

Além dele, a Venda de Conteúdo/Licenciamento, que também tinha apresentado prejuízo no 3T23 (US$112 milhões) virou para um lucro operacional de US$254 milhões, que se beneficiou dos ótimos números obtidos com a bilheteria de “Divertida Mente 2”.

Já a parte de Esportes e Entretenimento apresentaram queda nos lucros operacionais, com o primeiro totalizando US$802 milhões (-6,1% vs. 3T23) e o segundo, US$2,222 bilhões (-3,3%).

Na linha final de resultado, o lucro líquido ajustado da Disney foi de US$2,782 bilhões, o equivalente a US$1,39 por ação, valor 34,9% acima do reportado um ano antes.

O que os executivos da companhia dizem?

Apesar das boas notícias na frente dos streamings como na retomada de produções de qualidade pelos seus estúdios  — lembrando que o segmento deve reportar bons números nesse trimestre, dado o sucesso do novo filme da franquia Deadpool —, as falas dos executivos em relação a parte de Experiências acabou pesando no ânimo dos investidores.

Isso porque, segundo a direção, a moderação da demanda no 3T24 na parte doméstica deve se estender para os próximos trimestres. Apesar de estarem trabalhando para reduzir os custos de operação, assim como monitorando a presença e gastos dos clientes, a expectativa é de que o lucro operacional do segmento apresente queda de mais de 5% na comparação anual.

Sem falar que as suas operações internacionais também tiveram um trimestre difícil, com a redução de demanda na Disneyland Paris (por conta das Olimpíadas) assim como um recuo nos gastos dos parques na China (refletindo o momento econômico difícil no país).

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O que achamos dos resultados de Disney?

Entretanto, mesmo com essas dificuldades no segmento que vinha sendo o principal vetor de lucratividade e rentabilidade da empresa como um todo, os bons resultados recentes permitiram a direção revisar para cima sua expectativa de crescimento no lucro por ação — que deve ter um aumento de 30% em relação a 2023, comparado com  25% projetado anteriormente.

Um dia antes da divulgação dos resultados, a empresa também havia anunciado o aumento dos preços dos serviços de streaming em até 25%. Ainda que esse acréscimo possa causar uma queda no número dos assinantes, outras experiências de algumas de suas rivais não indicam isso.

O que esperar à frente?

A tendência é que esse segmento continue melhorando sua lucratividade: no 4T22, essa parte do negócio tinha prejuízo operacional de mais de US$1,5 bilhão. Assumindo uma margem operacional menor do que a da Netflix (que roda perto dos 30%), mesmo uma margem de 20% representaria mais US$5 bilhões em lucro operacional para a empresa.

Não vai ser do dia para noite que a Disney vai conseguir esse tipo de resultado nos streamings. Mas, dado o seu valor de mercado atual (US$156 bilhões), mesmo com a empresa divulgando um resultado similar no próximo trimestre, ela ainda estaria negociando por menos de 20 vezes seus lucros futuros.

Dada a qualidade da marca, ainda que sofrendo no curto prazo por conta dos seus parques e resorts, enxergo nas ações da Disney (B3: DISB34 | NYSE: DIS) uma boa alternativa no mercado atual — ainda mais considerando a queda recente no papel.

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Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Desde 2017 atua na análise dos mercados internacionais na série da Empiricus voltada a este propósito (MoneyBets).