Na semana passada, em conformidade com as expectativas que já havíamos destacado desde a retomada da tese envolvendo a Méliuz (CASH3), o Banco Central do Brasil aprovou a venda de 100% da participação do Bankly para o BV.
Com essa transação, a Méliuz deverá receber um pagamento único de mais de R$ 225 milhões daqui a um mês (R$ 210 milhões, ajustados pelo CDI desde 30 de março), elevando seu caixa para aproximadamente R$ 625 milhões (mais do que a empresa vale hoje no mercado).
Esse montante representa um valor extremamente atraente, especialmente quando consideramos que a administração indicou que, excluindo o Bankly, a empresa está se aproximando do ponto de equilíbrio e pode devolver os recursos da venda aos investidores.
Devolução pode resultar em dividend yield de 40%
Embora isso nunca tenha sido formalmente confirmado, caso se concretize, essa devolução poderá resultar em um dividend yield de aproximadamente 40%. Existem três opções em discussão para a efetivação desse retorno de capital:
- i) uma redução de capital;
- ii) o pagamento de dividendos; ou
- iii) um programa de recompra de ações.
É possível que uma combinação dessas opções seja adotada. Nenhuma das três alternativas, no entanto, é desprovida de desafios.
No caso da primeira opção, haveria implicações fiscais significativas para os acionistas mais antigos devido a um imposto sobre ganhos de capital. A segunda alternativa requer inicialmente uma compensação de prejuízo acumulado de aproximadamente R$ 140 milhões, e a distribuição de dividendos estaria sujeita aos níveis de lucro líquido gerado.
A terceira opção, que envolve um programa de recompra de ações, também exigiria que a Méliuz compensasse uma perda líquida de cerca de R$ 30 milhões de sua reserva de capital. Cada uma dessas opções apresenta seus próprios méritos e desafios, e todas são consideradas viáveis.
Hoje, o mercado ainda expressa preocupações quanto à conclusão do movimento de devolução de recursos aos acionistas. Há apreensões em relação à possibilidade de que o dinheiro adicional, ao invés de efetivamente devolvido aos acionistas, seja investido em outras iniciativas, como fusões e aquisições, que possam resultar em retornos mais baixos e que, consequentemente, dificultem o exercício da opção de compra do BV a R$ 15.
Contudo, acreditamos que a distribuição dos recursos deve ocorrer.
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Esperamos um resultado positivo da Méliuz no 3T23
Além disso, estamos caminhando para o que se espera que seja uma divulgação positiva do terceiro trimestre, programada para o dia 8 de novembro. Nossas projeções sugerem que a empresa está no caminho certo para atingir o EBITDA de equilíbrio para a controladora, excluindo o prejuízo líquido do Bankly, o que implica em um resultado positivo, considerando o retorno de sua posição de caixa de quase R$ 400 milhões.
A melhoria esperada no terceiro trimestre decorre de uma sazonalidade mais favorável no mercado de comércio eletrônico, que impulsiona um GMV mais robusto, de esforços contínuos de controle de custos e do início da consolidação das receitas do negócio BV, conforme já avisamos que seria possível.
Diante disso, a aprovação da venda do Bankly representa uma redução adicional do risco associado ao investimento na Méliuz. Mesmo que não ocorra a distribuição integral de imediato, é importante lembrar que, após uma eventual distribuição completa, a Méliuz ainda manterá um caixa considerável de cerca de R$ 400 milhões, o que ainda nos parece bastante atraente.