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Do ajuste fiscal ao impacto de Trump: Felipe Miranda analisa os rumos do Brasil em podcast

Em conversa com o professor José Marcio Rebolho Rego, o CIO e co-fundador da Empiricus falou também sobre as bets e empresários brasileiros que inspiram

Por Bruna Vogel

03 dez 2024, 17:19 - atualizado em 03 dez 2024, 17:27

entrevista podcast economia e política

Felipe Miranda é convidado de podcast para falar sobre economia e política

Felipe Miranda, co-fundador da Empiricus, participou nesta semana do podcast ConversAR, liderado pelo professor, economista e empresário José Marcio Rebolho Rego. Na conversa, Miranda compartilhou sua visão sobre os desafios econômicos do Brasil, as perspectivas políticas para 2026 e o impacto global de eventos como a vitória de Donald Trump para a presidência dos EUA

O bate-papo foi marcado por análises contundentes e insights sobre o mercado financeiro e o panorama econômico nacional. Além disso, o analista-chefe da Empiricus Research destacou economistas e empresários de referência.

A urgência do ajuste fiscal e o pragmatismo de Haddad

Um dos temas abordados por Miranda foi a importância do ajuste na política fiscal para o futuro do Brasil e elogiou o desempenho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, o país enfrenta um problema fiscal estrutural que precisa ser resolvido para evitar crises severas nos próximos anos.

“Se não enfrentarmos o problema fiscal, o Brasil pode encarar um cenário de dólar a sete ou oito reais, Selic a 16% e uma crise econômica no período eleitoral. Isso força o governo a fazer o ajuste agora”, afirmou. 

Ele ressaltou o pragmatismo de Haddad, afirmando que o ministro está realizando um trabalho “espetacular” em meio a resistências internas.

Indicação de Galípolo ao Banco Central

Em relação à nomeação de Gabriel Galípolo para o Banco Central, Miranda expressou ressalvas, considerando o histórico heterodoxo de Galípolo. 

“Eu preferia um monetarista no BC, especialmente num país emergente com histórico de inflação alta. A proximidade de Galípolo com o presidente Lula também gera ruídos desnecessários”, explicou. 

No entanto, reconheceu que, após os primeiros desafios, Galípolo parece ter assumido uma postura mais institucional. “A posição do banqueiro central é muito institucional, e ele tomou ciência da responsabilidade que cercava seu cargo”, resumiu Miranda.

A questão das apostas esportivas (bets): educação é o caminho

O crescimento do mercado de apostas esportivas foi outro tema debatido. Para Miranda, embora ele não seja contra a existência do setor, a falta de regulamentação é um problema grave. “Liberar um setor para atuar no Brasil sem regulá-lo foi um erro grave. Há uma assimetria de informação entre o apostador e a casa de apostas que precisa ser corrigida”. 

Ele defendeu a implementação de medidas que eduquem o público e reduzam os vícios gerados pelas apostas. “Se você está usando dinheiro público de programas sociais para apostar, deve haver uma penalização. Não podemos financiar vícios”.

Eleições presidenciais de 2026: cenários possíveis

Sobre as próximas eleições presidenciais, Miranda analisou o cenário político com cautela. Ele acredita que Lula será candidato, mas enfrenta desafios. “Se o presidente não fizer o ajuste fiscal, ele perde. Com crise econômica e dólar alto, o desgaste seria enorme.”

Ele também comentou a força crescente de Tarcísio de Freitas, atual governador do estado de São Paulo, como candidato da direita. “A sociedade está dividida entre direita e esquerda desde 2018. Sem Bolsonaro na disputa, nomes como Tarcísio podem consolidar um centro-direita mais forte”, afirmou Miranda.

Impactos da vitória de Trump

Ao falar sobre a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas, Miranda destacou tanto riscos quanto oportunidades para o Brasil. 

“No curto prazo, Trump pode ser ruim para mercados emergentes, mas pode dar um senso de urgência ao governo Lula para avançar com reformas fiscais.” 

Ele também alertou para o impacto global: “Se Trump diminuir o apoio à Ucrânia, isso pode desencadear instabilidades na ordem mundial”, resumiu Miranda.

Empresários e economistas que inspiram

Miranda também compartilhou sua admiração por figuras do mercado financeiro e empresarial brasileiro. 

Ele destacou André Esteves, do BTG Pactual, como “a pessoa mais completa que conheci no mercado financeiro”, e Rubens Ometto, da Cosan, pela transformação da empresa em um conglomerado de classe mundial. No campo da economia, André Lara Resende e Nassim Taleb foram citados como influências importantes para sua visão analítica. 

Além de todos esses temas, Felipe Miranda falou também sobre como as dificuldades enfrentadas por seu pai no setor financeiro influenciaram sua trajetória profissional. Assista à entrevista completa clicando no vídeo abaixo.

Sobre o autor

Bruna Vogel

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo/USP e mestre em Estudos Latino Americanos e Caribenhos pela New York University/NYU, é redatora do site da Empiricus.