Os mercados operam de lado nessa terça-feira, com a reabertura do mercado americano após o feriado de Memorial Day.
Nos EUA, ata da reunião do dia 1 de maio foi divulgada na quarta-feira (22). Geralmente, o documento traz pouca novidade, pois é publicado três semanas após a reunião. Nesse interim, indicadores macroeconômicos relevantes são divulgados e diretores da autoridade monetária participam de diversos eventos, respondendo perguntas de jornalistas em relação à política monetária. Contudo, o documento revelou um tom bastante duro (hawkish).
Sobre a avaliação do cenário macroeconômico, o comitê destacou a desaceleração da atividade no primeiro trimestre de 2024, em comparação com o ritmo robusto de crescimento observado no segundo semestre de 2023. Contudo, o componente de consumo doméstico, que em geral é um melhor preditor do momentum econômico, registrou um crescimento similar ao dos últimos seis meses de 2023.
Em relação ao mercado de trabalho, a avaliação foi de que, embora tenha se observado um melhor balanço entre a demanda e a oferta de mão de obra, o mercado se mantém bastante apertado.
Além disso, o documento revelou, inclusive, que a maioria dos membros do Banco Central americano estaria disposta a aumentar os juros.
De lá para cá, o mercado continua reduzindo as expectativas de corte na reunião de setembro e migrando para apenas um corte de 25 pontos-base no Fed Funds neste ano.
Mais cortes de juros na Europa até o final do ano?
No outro extremo, o mercado tem aumentado a probabilidade de mais cortes de juros na Europa até o final do ano. Enquanto o consenso apontava para o primeiro corte de 25 pontos-base na reunião da próxima quinta-feira (6), com novas reduções de mesma magnitude em reuniões intercaladas, o diretor Francois Villeroy de Galhau afirmou ontem (27) que o Banco Central Europeu (BCE) não deveria excluir a possibilidade de um corte de juros em julho. Visto como um integrante da ala mais branda (dovish), Villeroy ainda afirmou que o BCE tem amplo espaço para trazer os juros para um patamar neutro, o que significa reduzir dos atuais 4% para algo em torno de 2% a 2,5% ao ano.
Atualmente, o mercado aponta para uma taxa de juros de 3,25% ao ano em dezembro deste ano, o que significam três cortes distribuídos nas cinco reuniões de 2024.
Meta inflacionária é bastante desafiadora para os padrões brasileiros
No Brasil, na quarta-feira (22), as falas do Ministro Fernando Haddad à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados foram destaque. Na ocasião, Haddad afirmou que os núcleos de inflação estão rodando abaixo da meta de 3%, que é exigentíssima. “Desde o regime de metas instituído, quantas vezes o Brasil teve 3% de inflação? Quantos anos isso aconteceu nos 25 anos do regime de metas? Se quisermos perseguir uma meta ousada de inflação, temos que discutir questões institucionais de desvinculação”, afirmou o ministro.
Embora Haddad tenha apontado, inclusive, para a necessidade de rever a indexação das despesas do governo, o que seria muito positivo para a percepção de risco em relação às contas públicas, a afirmação de que a meta inflacionária é bastante desafiadora para os padrões brasileiros foi o suficiente para gerar pesar sobre os ativos de risco locais.
A verdade é que as falas do ministro vieram em um momento muito delicado em que a credibilidade do Banco Central está sendo questionada e as expectativas de inflação para 2025 não param de subir. Por isso, a reação do mercado foi bastante negativa.
Nesta manhã, o IPCA-15 de maio foi divulgado. O índice de inflação ao consumidor mostrou uma alta de 0,44% m/m, abaixo da mediana das expectativas de 0,47%.
Entre os destaques, houve uma redução significativa da contribuição de alimentos com deflação de alguns alimentos, inclusive in natura. O grupo de bens duráveis também registrou contribuição negativa novamente, com queda principalmente do preço de móveis, televisor e aparelho telefônico. Por outro lado, a inflação de roupas puxou o grupo de semiduráveis e cuidados pessoais aumentaram com aumento do item perfume, que têm sazonalidade devido ao feriado do dia das mães.
No grupo de administrados, o destaque ficou para o aumento da gasolina e produtos farmacêuticos. Em relação ao grupo de serviços, a inflação do período foi puxada pelos preços de passagens aéreas, enquanto no acumulado de 12 meses, o núcleo de serviços recuou de 4,93% para 4,79% em maio. A média móvel de três meses dessazonalizada e anualizada voltou a mostrar queda de serviços subjacentes e de serviços intensivos em mão de obra.
Em geral, o dado foi positivo, com surpresas favoráveis distribuídas entre os componentes. Não por coincidência, o resultado gerou uma reação positiva no mercado de juros e moeda, com queda de mais de 10 pontos-base nos vértices mais longos da curva de juros brasileira, enquanto o Real entregou a melhor performance entre os pares da América Latina nessa manhã.
Olhando para frente, contudo, há novas pressões que elevam os riscos de uma reversão de tendência de queda dos preços de alimentos e a desinflação de bens precisa continuar para manter a tendência de acomodação do índice de preços. Por isso, apesar da boa notícia, continuamos vendo pouco espaço para o Banco Central continuar com o ciclo de corte de juros no próximo dia 20.
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Cardápio da semana: confira os títulos de renda fixa recomendados
Características da CDB IPCA+ do Banco Daycoval | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA(bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Daycoval |
Aplicação mínima | R$ 1 mil |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 29/05/2026 (731 dias corridos) |
Rentabilidade anual | IPCA+ 6,40% a.a. |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 18h |
Características do CDB prefixado do Banco Sofisa | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AA-(bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Banco Sofisa |
Aplicação mínima | R$ 1 |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 15/05/2026 (721 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 11,30% a.a. |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 23h59 |
As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 28 de maio de 2024 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (28).
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