O investidor brasileiro parece estar diante de um cenário de “goldilocks”, ou em bom portguês, “cachinhos dourados”, expressão que alude ao conto de fadas que a menina prova três mingaus, três cadeiras e três camas até achar os ideais para ela. Quem partilha desta tese é Felipe Miranda, estrategista-chefe e CIO da Empiricus Research, em live no Instagram nesta quinta-feira (22).
Segundo Miranda, o ambiente econômico atual parece adequado para investir na bolsa brasileira, considerando alguns fatores. Um deles é o mercado de câmbio. Após consecutivas altas, o dólar começa a retornar a níveis mais baixos, cotado por volta de R$ 5,50. “Estamos em um ambiente do índice DXY [cesta de comparação de moedas internacionais] indo bem, com o dólar mais fraco”, comenta Felipe.
Além disso, o analista acredita que o mercado externo prejudicou muito a bolsa de valores brasileira. Agora os negócios parecem estar engatando para uma melhora, após uma sequência de altas do Ibovespa, o principal índice da bolsa.
“O Brasil não está idiossincrático para estar negativando tanto o mercado agora”, comenta Felipe. Ele também reforça que o fluxo de capital estrangeiro na B3 (B3SA3) já chegou em R$ 8 bilhões nas últimas semanas, o que pode ser interpretado como um sinal gradual de melhora, que pode compensar as saídas de R$ 40 bilhões no primeiro semestre deste ano.
E a Selic? Posicionamentos de Gabriel Galípolo podem acalmar o mercado
Com a expectativa de que o Federal Reserve faça seu primeiro corte em mais de um ano na taxa de juros americana e considerando a inflação no Brasil a 4%, Miranda pondera que um aumento na Selic talvez não fosse preciso agora.
Contudo, o diretor do Banco Central, Gabriel Galípolo, parece pensar diferente. Esse posicionamento do economista é elogiado, sobretudo, por demonstrar independência de suas decisões em relação ao poder executivo. “Galípolo assume uma postura que mostra que a taxa Selic não vai ser definida pelo governo e isso acalma um medo do mercado, que era de perder a âncora monetária após 5 anos”, afirma.
“Este discurso [de Galípolo] e as sinalizações [dos demais dirigentes do BC] importam para afrouxar ou apertar situações econômicas. Neste momento, ações que são sensíveis à taxa de juros subindo com expectativa da alta da Selic. Raras vezes o mercado viu esse movimento”, destaca o analista.
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Destaques do mercado de ações após 2T24
Miranda enxerga que a performance das ações brasileiras ainda está muito defasada se ajustada em relação ao IPCA, ouro, dólar e outros ativos.
Com o final das entregas de balanços do segundo trimestre deste ano (2T24), o analista chama atenção para o grande destaque da semana como sendo as ações da Localiza (RENT3). “Conforme já havia comentado na live da semana passada, a Localiza exagerou na queda, mesmo em um cenário muito difícil. As ações estão muito apreciadas, com estimativa de 12x lucro por ação e a companhia é muito sensível ao PIB”, comenta.
Além disso, o estrategista da Empiricus Research acha que o mercado teve uma leitura ruim do Azzas 2154 Day (AZZA3), evento com diretores da antiga Arezzo. “O mercado afirmou que não houve sinergia no guidance de custo e despesa, mas em nenhum momento colocou no preço o resultado do Grupo Soma, por exemplo, que foi bastante bom”, destaca.
Miranda também destaca a petroleira Prio (PRIO3). “A notícia da aprovação do Ibama do relatório de impacto ambiental (RIMA) no campo de Wahoo é super boa e 2025 pode ser um ano de melhora destacada para a companhia”, diz Miranda, somando ainda um bom cenário para o ciclo doméstico com as quedas de juros.
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