
Imagem: Wikimedia Commons
O presidente americano, Donald Trump, tem colocado em prática sua narrativa de imposições tarifárias amplamente abordada na campanha presidencial. Depois de México, China e Canadá, agora a União Europeia está no campo de visão do republicano.
O resultado: uma fomentação da guerra comercial. O efeito foi uma queda dos ativos de risco, como o S&P 500, nos EUA, e o Ibovespa, no Brasil, nesta segunda-feira (3).
Ameaças de Trump saem do papel e derrubam o mercado; mas e os efeitos nos EUA?
O script sobre as taxações americanas já vinha sendo escrito e era apenas uma questão de tempo para que se materializasse, avalia João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão.
Entretanto, os Estados Unidos também sofrem com as ações do presidente. Isso porque, em tese, as empresas repassariam o valor das tarifas mais altas dos produtos importados para o consumidor final, o que resultaria em um aumento da inflação.
No entanto, para Piccioni, o efeito inflacionário neste primeiro momento “é muito baixo”.
“Mas pode gerar um efeito de desaceleração na economia americana. Os consumidores segurando um pouco mais, até as empresas reconstruírem suas linhas de produção”, disse em entrevista ao programa Giro do Mercado, do portal Money Times.
Porém, para Piccioni, essa eventual desaceleração da economia americana não é, necessariamente, negativa.
“Dado o time [do governo] americano, que está diretamente ligado ao mercado, eu não duvido que isso é uma estratégia. Não garanto que há esse engenho todo, mas faz sentido com o discurso racional da equipe de Trump”, afirma o CIO.
Além disso, ele ressalta que esse efeito, em segunda ordem, pode abrir um espaço para o Fed mudar o discurso duro recente.
Do lado positivo, Piccioni aponta que o caminho do fluxo de recursos pode voltar ao setor de commodities, que, consequentemente, volta a respirar após um ano de dificuldades.
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As narrativas de Trump x as ‘segundas-feiras caóticas’
Para o CIO, em termos de discursos impactando a reabertura dos mercados no início da semana, o Trump de 2025 remete ao do último mandato.
“Se lembrarmos de 2017 a 2020, frequentemente, tínhamos anúncios ou tweets nos finais de semana. Acho sim que vamos continuar vivendo as segundas-feiras caóticas, positivas ou negativas”, afirma Piccioni.
Na perspectiva do analista, a tendência então é a continuidade da volatilidade nos mercados para os próximos meses, a partir das narrativas do presidente americano.
Confira todos os comentários do analista a respeito das políticas de Trump e a entrevista completa no player abaixo: