Faltando menos de dois meses para as eleições presidenciais, o Brasil vive um clima de polarização. A última pesquisa FSB/BTG divulgada na segunda-feira (8) mostra que Lula lidera a corrida, com 41% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro se aproxima, com 34%.
A não ser que aconteça uma grande novidade, dificilmente o resultado das eleições fugirá de Bolsonaro ou Lula. Pensando no lado econômico de cada uma das duas possibilidades, o CEO da Empiricus, Felipe Miranda, detalhou em sua live semanal do Instagram o que o mercado pode esperar deles.
De acordo com Felipe, o crescimento de Bolsonaro na pesquisa tem sido visto como algo bom para os mercados. Ele destaca que o atual Ministro da Economia, Paulo Guedes, é querido por boa parte da Faria Lima.
“Você tem a garantia, de alguma maneira, que o Paulo Guedes é um bom ‘goleiro’. Ele pode não ter feito grandes reformas, mas evitou um grande problema. O que seria o Paulo Guedes sem pandemia? Talvez a gente pudesse ter avançado um pouco mais”, afirmou.
Segundo Felipe, com Paulo Guedes no comando, o risco de uma radicalização na política fiscal estaria eliminado. Em suma, a vitória de Bolsonaro nas eleições representa a redução dos prêmios de risco a partir da visão da maior parte dos agentes de mercado.
Proximidade de Lula e Bivar é boa para o mercado
Felipe Miranda lembra que participou objetivamente das ideias econômicas do deputado federal Luciano Bivar (União Brasil), que se aproximou de Lula depois de desistir de se candidatar à presidência. Felipe ressaltou a importância do partido de Bivar – que tem a maior bancada de Brasília – em um eventual governo petista e elogiou as ideias econômicas que o deputado tem para o país.
“Eu sei o que está na cabeça dele (Bivar) em termos de política econômica. Ter um cara que vai tocar uma pauta com uma orientação liberal e fiscalista é muito bom. [Caso Bivar tenha influência] É um Lula de centro muito possivelmente. Achei essa aproximação muito boa para o mercado”, afirmou.
Felipe acredita que, se o medo maior do mercado nas eleições é Lula, os primeiros passos do possível governo petista poderiam mudar o cenário e agradar a Faria Lima.
“O Lula veio para o centro. Quando ele for passando os nomes o mercado poderá inclusive gostar disso e acontecer uma alta vigorosa de bolsa, a exemplo do que foi de 2003 a 2007”.
‘Terceiro turno’ preocupa nas eleições
Felipe Miranda se mostrou preocupado quanto à possibilidade de um evento semelhante ao que ocorreu no Capitólio, nos EUA. Na ocasião, apoiadores do presidente Donald Trump invadiram o centro legislativo norte-americano para protestar contra a derrota nas eleições. A alegação era uma suposta fraude no sistema eleitoral – o que nunca foi provado.
“(Me preocupa) a contestação das eleições se o Lula ganhar apertado do Bolsonaro. Aí a urna não vai valer, teríamos 3 semanas muito turbulentas. Não podemos desprezar esse risco”, lembra Felipe.
Para o CEO da Empiricus, um ato semelhante no Brasil seria ainda mais preocupante do que o ocorrido nos Estados Unidos.
“Nos EUA, de algum modo, você via o ruído, mas ninguém imagina que as instituições americanas vão ser destruídas. Isso vai passar. Quando isso acontece no mercado emergente latino-americano, dá medo. Entra num cenário de probabilidade, só de discutir essa possibilidade já acho muito ruim”, finalizou.