Investimentos

‘Eleições 2022 já terminaram para o investidor’, afirma analista depois da disparada do Ibovespa

Felipe Miranda avalia que resultados do primeiro turno deixaram cenário muito mais confortável para a bolsa de valores brasileira

Por Juan Rey

06 out 2022, 16:39 - atualizado em 06 out 2022, 20:37

Eleições 2022 Ibovespa Urna
Imagem: TSE/Antônio Augusto

“As eleições de 2022 já terminaram para o investidor”. É assim que o CEO da Empiricus, Felipe Miranda, define os resultados do primeiro turno, que vieram acompanhados de uma disparada do principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa.

A composição do Senado e da Câmara – formada majoritariamente por integrantes de centro-direita e direita – animou o mercado, que via o período eleitoral como a maior incerteza em meio a uma B3 atrativa.

O desejo de grande parte da Faria Lima ainda é a reeleição de Jair Bolsonaro e a manutenção da agenda de Paulo Guedes. Neste caso, para Felipe, haveria uma subida “atômica” da bolsa.

No entanto, caso Lula seja eleito, como indicam as pesquisas, terá uma oposição firme que impedirá qualquer ruptura, na visão do analista. Com isso, a tendência é que o ex-presidente venha ainda mais para o centro, como já indicava antes do início das eleições ao se aproximar de figuras como Geraldo Alckmin e os economistas Henrique Meirelles e Armínio Fraga. 

A alta de 6,5% do Ibovespa nesta semana indica que o pessimismo do mercado com a possível eleição do petista diminuiu, junto com as chances de um governo Lula intervencionista e radical. 

“A eleição trouxe um Bolsonaro muito competitivo, que arrastou o Lula para o centro, tendo que capturar o eleitor médio. Se for o Lula {eleito}, não vai dar para fazer bobagem do ponto de vista ético e moral. Você tem metade da população no seu pé o dia inteiro. Agora tem fiscalização, oposição, um congresso ideológico muito forte”, afirmou na live Carteira Universa, da Empiricus. 

Confira a live completa do Carteira Universa:

Para Felipe, a configuração de um Lula “de centro” com um congresso que impede qualquer ruptura, aliada ao momento do ciclo de baixa da inflação e de B3 barata, pode significar uma alta significativa do mercado. O analista comparou o momento atual com o que Lula assumiu o Brasil em 2003.

“A bolsa brasileira está barata, e a gente pega essa recuperação cíclica no momento de alta de commodities. Recuperem o que aconteceu de 2003 a 2007, qualquer semelhança não é mera coincidência. É para multiplicar por N vezes em bolsa. Essa é nossa cabeça, esse é nosso ânimo. O risco está lá fora”, acredita.

Resultados do S&P 500 e Ibovespa reiteram momentos distintos

A economia brasileira passa por um momento de descolamento em relação aos países desenvolvidos. Enquanto os EUA, principal economia do mundo, passam por um grave problema inflacionário e tem aumentado as taxas de juros sistematicamente, o Brasil registrou deflação nos últimos três meses. Para Felipe Miranda, o cenário não deve mudar tão cedo.

O analista reiterou a tese que defende de operar comprado em ativos brasileiros e vendido em bolsa norte-americana. A estratégia tem dado resultado nos últimos meses, com o S&P caindo 9,3% em setembro e a bolsa brasileira esperando a definição eleitoral para, quem sabe, decolar de vez.

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br