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Eletrobras (ELET3; ELET6) desiste de migração para o Novo Mercado; veja o impacto disso para os dividendos da empresa

Eletrobras cita cenário macroeconômico ruim e condições de mercado para desistir da migração

Por Ruy Hungria

01 dez 2022, 15:46 - atualizado em 01 dez 2022, 15:57

Imagem de uma vaca e um copo de leite com o logotipo da Eletrobras em alusão ao possivel pagamento de dividendos dessa mesma companhia
Créditos/Montagem: Julia Shikota

Depois de iniciar os estudos para uma possível migração para o Novo Mercado, a Eletrobras (ELET3; ELET6) anunciou, nesta semana, que desistiu do movimento, pelo menos por enquanto. 

As justificativas foram o atual cenário macroeconômico e as condições de mercado – na nossa opinião, isso é “conversa para boi dormir”. 

Nós entendemos que o grande entrave provavelmente está relacionado à relação de troca. Cada ELET6 teria direito de ser trocada por 1,1 ELET3 no ato da migração, o que não deve ter agradado os ordinaristas, que por sua vez devem ter dado indícios de que não aprovariam a relação proposta. 

Antes de continuar, é bom lembrar que o prêmio de 10% tem fundamento econômico. Ele foi definido de acordo com os 10% a mais de dividendos que cada ELET6 tem direito de receber de acordo com o estatuto.

Mas para que a migração pudesse ocorrer, seria preciso a aprovação de ambas as classes, o que deve ter ficado claro que não aconteceria nas conversas do management com os maiores acionistas antes de levar a proposta para votação.

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Eletrobras mantém prêmio de dividendos para os preferencialistas

A notícia é obviamente negativa, já que reduz as chances da migração da Eletrobras para o nível mais elevado de governança da bolsa, além de levantar dúvidas sobre a possibilidade de uma relação de troca com prêmio para ELET6 no futuro. 

Por outro lado, mantém o prêmio de dividendos para os preferencialistas neste momento, algo que damos bastante importância. 

Como ponto positivo do comunicado, a gestão disse que vai realizar a incorporação das ações das controladas CHESF, Eletrosul, Eletronorte e Furnas, dando passos adicionais em busca de uma estrutura mais enxuta, com melhoria de custos e maior eficiência fiscal. 

Aliás, em evento recente com o mercado, o CEO, Wilson Ferreira Jr, apresentou várias medidas pós privatização para tornar a Eletrobras a líder do setor em eficiência operacional até o fim de 2023. 

Além da racionalização da estrutura e da venda de subsidiárias praticamente inúteis, a companhia já implementou um programa de demissão voluntária relevante (com custo de R$ 1 bilhão e payback de 11 meses) que deve ser finalizado antes do fim de 2022, e agora conta com equipes dedicadas para renegociar dívidas e passivos passivos contingentes.  

A migração para o Novo Mercado ajuda, é claro, mas a Eletrobras não depende dela para proporcionar ótimos dividendos no futuro. Assim, ELET6 segue na carteira da Empiricus focada em dividendos, Vacas Leiteiras.

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Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.