A Eletrobras (ELET6) divulgou os resultados do 2T23, mais uma vez poluídos por uma série de ajustes que vêm sendo realizados desde a privatização, mas que desta vez ajudaram os resultados. Mesmo excluindo esses efeitos, os números operacionais mostraram crescimento na comparação anual, o que é boa notícia.
A receita líquida atingiu R$ 9,2 bilhões, aumento de 4% na comparação com o 2T22, com o segmento de geração mais do que compensando o recuo das receitas de transmissão.
Um alívio em custos e despesas
No trimestre, os custos e despesas tiveram uma melhora significativa, mas por fatores não recorrentes, já que houve uma reversão de R$ 1,4 bilhão nas provisões relacionadas aos empréstimos compulsórios.
Apesar de não recorrente, esse ganho mostra avanço em um dos pontos mais sensíveis à tese de Eletrobras, que é a tentativa de redução do enorme passivo relacionado aos empréstimos compulsórios – hoje a companhia tem mais de R$ 20 bilhões provisionados por conta deles.
Excluindo os efeitos não recorrentes, os gastos cresceriam 17% no período, reflexo da maior necessidade de compra de energia elétrica para revenda e maiores encargos sobre o uso de rede elétrica. Apesar desse aumento, destaque positivo para a linha de gastos gerenciáveis (PMSO – Pessoal, Material, Serviços e Outros), que ficou praticamente estável na comparação anual, mostrando avanços de eficiência.
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Ebitda superou expectativas
O aumento dos gastos provocou uma perda de margem operacional, mas não impediu o Ebitda de subir 2% no trimestre e atingir R$ 5,4 bilhões, acima das expectativas do mercado.
Apesar do crescimento do resultado operacional, o resultado financeiro piorou, reflexo do maior nível de endividamento, após incorporação da Santo Antônio Energia, e alguns encargos referentes ao processo de privatização, o que pressionou a última linha da DRE.
Por isso, mesmo com o aumento do Ebitda, o Lucro Líquido ajustado recuou -67% no período, para R$ 764 milhões, mas não ofuscou a melhora operacional em nossa visão.
O que vemos de bom para Eletrobras
Em termos do portfólio de venda de energia para os próximos anos (balanço energético), a situação não mudou muito desde o primeiro trimestre. A energia descontratada recuou cerca de 4 pontos percentuais até 2026, o que é bom, mas com preços médios de energia ainda próximos de R$ 200/MWh, mostrando que o cenário segue desafiador.
Ainda que o cenário hídrico permaneça desafiador, aos poucos começamos a enxergar as melhorias prometidas no processo de privatização, que têm potencial de destravar muito valor para os acionistas nos próximos anos.
Por 10 vezes lucros esperados para 2024 e com uma expectativa de aumento no dividend yield, Eletrobras (ELET6) segue no portfólio da série Vacas Leiteiras.
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