Bom dia, pessoal. Na agenda relativamente tranquila do Brasil, nossa atenção se volta para dois importantes eventos internacionais. Primeiramente, observamos de perto a decisão de política monetária na Zona do Euro, uma vez que os investidores estão ansiosos para entender a orientação futura da autoridade europeia, após uma série de aumentos consecutivos nas taxas de juros. Em segundo lugar, voltamos nossos olhares para os Estados Unidos, que hoje divulgarão o índice de preços ao produtor de agosto, um dia após a divulgação dos números da inflação ao consumidor que deixou o mercado com sentimentos mistos.
No cenário global, a maioria das ações asiáticas apresentou pequenos ganhos nesta quinta-feira, seguindo a tendência de alguma força em Wall Street. Os mercados parecem acreditar que o recente aumento na inflação nos Estados Unidos não será suficiente para desencadear mais aumentos nas taxas de juros pelo Federal Reserve. Na Europa, os mercados também estão em alta nesta manhã, assim como os futuros de ações nos Estados Unidos. Além disso, no mercado de commodities, o preço do petróleo está se aproximando dos US$ 93 por barril.
A ver…
· 00:43 — Inconsistente
No cenário brasileiro, após um período de inflação mais controlada do que o esperado e três dias consecutivos de alta nos mercados, os investidores agora estão voltando sua atenção para a situação fiscal do país. A perspectiva de atingir um déficit zero no próximo ano não encontra muitos adeptos e parece que os desafios são ainda maiores do que o inicialmente previsto. Isso se deve ao fato de que muitas das medidas propostas pelo governo para arrecadar os necessários R$ 168 bilhões nos próximos meses não parecem condizer com a realidade. Em outras palavras, não apenas as projeções de receita no orçamento parecem superestimadas, mas também os gastos parecem subestimados.
Há estimativas que sugerem que o pacote de medidas do governo, destinado a gerar R$ 168 bilhões no próximo ano, pode, na verdade, produzir menos de R$ 100 bilhões em receitas. A diferença é substancial e a ausência de um plano claro é motivo de preocupação. É uma coisa saber que o governo não conseguirá cumprir a meta, mas é muito diferente não ter qualquer indicação de um Plano B. Como mencionado anteriormente, a preocupação com a situação fiscal pode influenciar a condução da política monetária, reduzindo as chances de um corte de 75 pontos na taxa de juros.
· 01:33 — Dados ao produtor
Nos Estados Unidos, os investidores receberam satisfatoriamente a notícia de que a inflação aumentou pelo segundo mês consecutivo em agosto. O índice de preços ao consumidor registrou um aumento de 3,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, superando a taxa de 3,2% observada em julho. Mais da metade desse salto inflacionário foi impulsionada pelo aumento nos preços dos combustíveis. A inflação nos preços de energia tem sido o principal fator por trás do surto inflacionário pós-pandemia, afetando diretamente os custos de transporte e commodities, e influenciando todo o conjunto de preços.
No entanto, os preços dos combustíveis não são os únicos responsáveis por essa situação. Os custos relacionados ao transporte, como aluguéis de veículos e passagens aéreas, bem como os prêmios de seguro de automóveis, também registraram aumentos significativos em agosto. Além disso, os custos de habitação continuaram a subir, marcando o 40º mês consecutivo de elevação, embora em um ritmo ligeiramente mais moderado. Embora isso possa não ser uma notícia auspiciosa à primeira vista, há espaço para otimismo. Excluindo os preços voláteis dos alimentos e da energia, o quadro inflacionário parece um pouco mais favorável.
A trajetória atual da inflação subjacente torna improvável que o Federal Reserve (Fed) aumente as taxas de juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto, que ocorre na próxima semana. No entanto, os riscos inflacionários a médio prazo sustentam a perspectiva de que o banco central manterá as taxas em níveis mais elevados por um período mais prolongado. Em relação à agenda econômica, aguardamos os dados de vendas no varejo de agosto, bem como o índice de preços ao produtor do mesmo mês, que se espera que aumente 1,4% em relação ao ano anterior, representando uma aceleração em relação a julho.
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· 02:43 — Mudanças no velho continente
Na Europa, os 22 diretores do Banco Central Europeu (BCE) estão reunidos hoje para deliberar sobre a política monetária que abrange todo o continente. Os investidores estão calculando uma probabilidade de uma em três de que o banco central aumente suas principais taxas de juros de curto prazo em um quarto de ponto percentual, atingindo 4%. É importante notar que o BCE elevou sua taxa alvo de -0,5% para 3,75% em um período de pouco mais de um ano.
O dilema enfrentado pelo Banco Central Europeu em relação a um possível décimo aumento consecutivo das taxas de juros depende principalmente de quão rapidamente suas projeções indicam uma desaceleração da inflação. As dúvidas em torno da ação do BCE têm impulsionado as taxas de swap do euro em toda a curva, ao mesmo tempo em que enfraquecem o euro (não devido à força do dólar desta vez).
Em teoria, a força ou fraqueza de uma moeda específica reflete, em parte, as expectativas sobre o retorno real que se pode obter ao manter essa moeda; ou seja, a taxa de juros durante o período em questão, descontada a inflação esperada para o mesmo período. Simultaneamente, a robustez de uma moeda também reflete as perspectivas de crescimento econômico e os termos de troca, que representam a relação entre os preços de exportação e importação de um país. No momento, nada parece estar favorecendo a força do euro.
· 03:40 — E a valorização asiática?
Para que o yuan e o iene recuperem seu valor em relação ao dólar no longo prazo, os bancos centrais da China e do Japão dependem de uma redução nas expectativas das taxas de juros e dos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos.
Tanto o yuan quanto o iene estão atualmente em níveis próximos de suas mínimas históricas em comparação com o dólar. Isso reflete o contínuo aumento das expectativas das taxas de juros nos Estados Unidos, o que resultou em uma diferença significativa entre os rendimentos de curto prazo nos EUA e aqueles na China e no Japão, atingindo os níveis mais altos desde meados da década de 2000.
É importante notar que as intervenções cambiais na China e no Japão provavelmente proporcionarão apenas um alívio temporário para ambas as moedas. Em resumo, tanto o yuan quanto o iene só poderão se valorizar quando as expectativas de aumento das taxas de juros nos Estados Unidos diminuírem.
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· 04:18 — Expandindo novamente
Uma nova data foi sugerida pelo Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, para a expansão da União Europeia (UE). As próximas reuniões dos líderes da UE devem se concentrar na expansão do bloco comercial até 2030, com o objetivo de ampliar sua influência, assertividade e remodelar a abordagem global para o desenvolvimento.
A última grande expansão da UE ocorreu no início dos anos 2000, quando o bloco se expandiu para a Europa Central e Oriental. No entanto, a partir da década de 2010, surgiu um pensamento diferente devido à crise da dívida europeia e à crise de imigração. Esses eventos alimentaram o euroceticismo, que culminou no referendo do Brexit em 2016, com a saída do Reino Unido da UE.
Recentemente, eventos como as lutas econômicas do Reino Unido, a pandemia de Covid-19 e a invasão russa da Ucrânia mudaram a dinâmica em direção ao pró-europeísmo, embora ainda haja obstáculos a serem superados para promover uma maior integração.
Em junho de 2022, a UE aceitou a Ucrânia e a Moldávia como candidatos formais à adesão à UE. Além disso, o bloco tem trabalhado para impulsionar o processo de adesão de vários países dos Balcãs, que há décadas buscam a integração europeia. A Geórgia também foi reconhecida como um possível membro, embora as negociações de adesão com a Turquia estejam atualmente suspensas.
Considerando fatores demográficos e a necessidade de uma política de imigração mais eficaz, a expansão da União Europeia parece ser uma abordagem para promover uma maior integração entre os países do continente.