Diante de um ambiente doméstico mais animador, a bolsa começou a melhorar em junho e segue em alta em julho, apesar da queda desta quinta-feira (18). Na visão de Felipe Miranda, co-fundador e analista-chefe da Empiricus Research, nessa semana o investidor deve ficar de olho no Relatório Bimestral de Receita e Despesa do governo federal.
O documento, que estava previsto para ser divulgado na próxima segunda-feira (22), foi adiantado para esta quinta-feira (18), ao final do dia. O relatório aborda os valores em bloqueio (despesas que superam a receita) e contingenciamento (quando há frustração na receita).
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou o governo implementará um ajuste fiscal de R$ 15 bilhões, dividido entre um bloqueio de gastos de R$ 11,2 bilhões e um contingenciamento de R$ 3,8 bilhões.
Antes da divulgação, Miranda falou em live no seu Instagram nesta quinta-feira (18) que a redução dos ataques do presidente Lula ao Banco Central também pode representar “uma retirada de incerteza sobre as taxas de juros”.
Na visão do analista, é preciso que o governo apresente um bloqueio de receitas. Em relação a esse valor, o mercado, segundo Miranda, ficaria mais otimista com um corte na casa dos R$ 30 bilhões. “Qualquer coisa acima de R$ 20 bilhões já era bom. O medo é que [o bloqueio de contas] venha abaixo de R$ 10 bilhões.”
Corte de juros nos EUA pode estar próximo
Após um primeiro semestre com a economia norte-americana pressionada, Miranda acredita estar claro que o Federal Reserve (Fed) deverá cortar a taxa de juros em setembro.
“O mais legal é que ele vai fazer um corte em setembro com chance de mais dois [cortes] ainda esse ano e mais quatro no ano que vem, o que soma 175 pontos-base”, afirma o economista.
No âmbito brasileiro, essas reduções ampliam o horizonte da política monetária brasileira para discutir o que será do ano 2026 e talvez novos cortes da taxa Selic no Brasil entrem em discussão.
Com a Selic de aparência estagnada, Felipe Miranda recomenda título de renda fixa
Na live, Miranda identifica uma oportunidade interessante nos títulos pré-fixados de 2026.
“Hoje a curva de juros ainda tem um pouco mais de 100 pontos-base de alta da Selic até 2026, o que é um prêmio de risco para carregar. Acho que não teremos altas de taxas de juros no Brasil e ainda existe uma possibilidade não desprezível de voltar a falar de cortes da Selic na metade de 2025”, afirma Miranda.
Enquanto isso, na percepção do economista, permanece uma desconfiança no comportamento do governo em relação ao fiscal.
“O presidente parou de atacar o Banco Central, isso pode ser uma importante retirada de incerteza sobre as taxas”, contrapõe.
Dólar está alto demais? ‘Trump Trade’ domina economia dos EUA na semana
O candidato presidencial Donald Trump já era apontado como favorito nas eleições dos EUA, mas ainda foi mais impulsionado com o atentado que sofreu no último domingo (14) junto com a situação de Joe Biden diagnosticado com Covid-19.
Enquanto isso, a campanha de Trump vem desenhando um compromisso maior com a manutenção da sua própria política (o “trumpismo”) do que com a construção de um partido republicano mais plural. Isso ficou evidente, na visão de Miranda, com a nomeação do ex-detrator J. D. Vance para vice-presidente.
Nessa toada, o economista acredita que um “trumpismo clássico, deve ser assumido, associado a corte de gastos, um ponto positivo para a bolsa e ações americanas e associado a uma abertura da curva, que é bom para empresas de petróleo e não muito bom para empresas verdes”, avalia Miranda.
Para o fundador da Empiricus, um novo governo Trump fortaleceria o dólar, ao passo que é algo negativo em termos de globalização, considerando:
- A imposição de mais tarifas sobre a China;
- Enfraquecimento de moedas emergentes;
- Recrudescimento das políticas externas.
“Acho que o dólar deveria rondar mais perto dos R$ 5,30 do que o patamar atual de precificação de R$ 5,55 é um valor alto, mas que a moeda também não é tão baixo para dizer R$ 4,90”, calcula Miranda.
Eneva (ENEV3) e bancos no 2T24
Na live, o analista também comenta o cenário microeconômico e quais suas ações favoritas para o momento.
Um desses papéis é Eneva (ENEV3): O deal da Eneva de compra de quatro térmicas do BTG Pactual foi muito bom. A empresa anunciou um follow-on de R$ 4 bilhões”, diz Miranda. O BTG inclusive se comprometeu a fazer da Eneva o seu veículo de consolidação dentro do setor de energia, “tornando isso uma execução muito boa”, afirma Miranda.
Na visão do economista, a ação, negociada abaixo de R$ 13, pode ser uma oportunidade de comprar, especialmente com altas projeções de geração de caixa.
No setor bancário, Miranda acredita que a temporada do segundo trimestre deverá dar continuidade aos números vistos no 1T24.
Em destaque, Itaú Unibanco (ITUB4) deve dar continuidade à sequência positiva recente.
Além dele, os resultados de Nubank (ROXO34) e BTG Pactual (BPAC11) também devem estar entre os maiores desempenhos de recuperação.
Quanto às ações da XP (XPBR31), Miranda afirmou estar “um pouco preocupado, porque a empresa parece estar perdendo o charme, depois de demonstrar um potencial de crescimento maior do que da B3 (B3SA3)”.
Inclusive, com a chegada da temporada de balanços, os investidores podem acompanhar os resultados junto com uma análise completa e gratuita das principais empresas da bolsa de valores se inscrevendo neste relatório gratuito disponível aqui.
Por fim, se quiser assistir à live completa no Instagram de Felipe Miranda, é só clicar aqui.