A Empiricus Gestão, antiga Vitreo, acaba de lançar seu segundo fundo de investimento em crédito de carbono, o Carbon Fund II. A estruturação do fundo contou com a colaboração das consultorias ForFuturing, EcoFinance e Systemica, além de especialistas em sustentabilidade do BTG Pactual. O objetivo é captar R$ 300 milhões.
O veículo é irmão mais novo do primeiro FIP Carbono da América Latina, estruturado pela gestora em 2021. Ele hoje possui patrimônio de R$ 84 milhões, com 60 investidores profissionais e 11 ativos investidos. A valorização anualizada no período foi de 72%.
O que é e para que serve o crédito de carbono?
Para entender como funciona o fundo de investimento é preciso dar um passo atrás.
Basicamente, um crédito de carbono corresponde a cada tonelada de dióxido de carbono equivalente (CO2e) que deixa de ser emitida ou é capturada da atmosfera. A redução da emissão desse gás pode ser convertida em um crédito de carbono.
Para negociar, existem os mercados regulado e o voluntário.
No mercado regulado, o governo define metas claras de redução de emissões para cada setor empresarial. Então, cada companhia tem uma meta de emissão de CO2 a cumprir. Caso ultrapasse esse limite, é obrigada a comprar créditos para compensar o excedente.
Por outro lado, empresas que emitem menos que o máximo estabelecido podem comercializar o saldo. Esse processo é chamado de “cap and trade“.
Para gerar créditos, uma empresa deve ajustar suas operações para compensar uma atividade que emitiria gases de efeito estufa por uma outra solução que reduziria ou eliminaria essas emissões. Como exemplo, poderia adotar fontes de energia renováveis como energia eólica, solar ou de biomassa ou realizar projetos ligados à redução do desmatamento ou restauração de biomas.
A Empiricus, por exemplo, compra créditos de carbono para neutralizar a sua pegada, que vem por exemplo do uso de eletricidade na firma e combustível consumido no transporte dos funcionários.
No caso de mercados voluntários, como o próprio nome diz, a iniciativa pode partir livremente de empresas, ONGs ou governos que queiram ter participação na compra e venda de ativos de forma independente, sem a necessidade de cumprir metas preestabelecidas.
VEJA TAMBÉM: ONDE INVESTIR EM SETEMBRO – Novo programa do SD Select mostra as principais recomendações em ações, dividendos, FIIs e BDRs
Projetos para o mercado de carbono brasileiro ganham espaço
Um avanço importante para o Brasil, segundo Monteiro, é o fato de recentemente a senadora Leila Barros (PDT-DF) ter apresentado seu relatório para o projeto que cria o mercado de carbono brasileiro.
O texto tem o objetivo de incentivar a redução de emissões de CO2, adotando o modelo de “Cap and Trade”, similar ao que acontece na Europa. No momento, passa por votação no Senado e, se aprovado, deve seguir para a Câmara dos Deputados.
O Carbon Fund II é uma alternativa para se expor ao mercado de crédito de carbono
Segundo Felipe Monteiro, Head de Investimentos Alternativos da Empiricus Gestão, a ideia é investir em certificados de redução de dióxido de carbono tanto do mercado regulado, quanto do voluntário.
“Isso será feito pela compra direta dos créditos de carbono, de projetos que removem ou reduzem a emissão de CO2. Por exemplo, reflorestamento, conservação de floresta, energia renovável e sequestro de metano em aterro sanitário. A tese do Fundo é montar um portfólio diversificado de créditos de carbono para o cliente poder se expor, de maneira sistêmica, a este mercado que está em franco crescimento“, explica.
O Carbon Fund II está disponível para investidores profissionais, que poderão realizar aportes de duas maneiras: R$ 125 mil à vista ou de R$ 750 mil, por meio de chamadas de capital.
O fundo tem taxa de administração de 2% e taxa de performance de 20% sobre o retorno que exceder o benchmark (IPCA+6%).