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Eneva (ENEV3) aumenta despachos, reverte prejuízos e diminui alavancagem no 3T24; é hora de comprar?

O despacho média das usinas da Eneva saltou 14%. Veja se é hora de investir nas ações da ENEV3.

Por Ruy Hungria

13 nov 2024, 15:18 - atualizado em 13 nov 2024, 15:18

Imagem de área de extração de gás natural no Amazonas administrada pela Eneva

Reprodução/Divulgação Eneva

A Eneva (ENEV3) apresentou um bom crescimento dos resultados operacionais no 3T24, ajudada principalmente por maiores despachos no período.

Com a piora da hidrologia no Brasil e a volta das exportações de energia para a Argentina, o despacho médio das usinas da Eneva saltou de 14% no 3T23 para 39% no 3T24, com 2,6x mais energia gerada no período, que atingiu 3.723 GWh. 

Confira o desempenho da Eneva no 3T24

No Complexo Parnaíba, responsável por 86% da geração do período, o Ebitda da Eneva saltou +220%, para R$ 365 milhões, ajudado principalmente pelo aumento nas receitas variáveis por conta dos despachos mencionados e da receita fixa, reflexo de reajustes contratuais e início das operações de Parnaíba V. 

Ajudado principalmente por esses maiores despachos de Parnaíba, o segmento de Upstream (que vende o gás para as usinas R2W) mostrou uma melhora de 181% no Ebitda, que chegou a R$ 302 milhões. 

Na UTE Jaguatirica II, em Roraima, o Ebitda melhorou 11%, para R$ 90,7 milhões, ajudado pelo reajuste de receitas fixas e por melhorias operacionais que trouxeram redução de custos. Isso aconteceu mesmo com a redução de despachos, ocasionados por paradas para manutenção. 

Nas usinas de geração com combustível de terceiros (Porto de Sergipe e Fortaleza), o Ebitda ficou praticamente estável, em R$ 353 milhões e abaixo das expectativas, já que o efeito positivo do ajuste de receita fixa em Porto de Sergipe foi compensado por alguns gastos pontuais com cancelamento de contrato de gás e pela hibernação da UTE Fortaleza, que segue parada depois do fim do contrato com a Coelce. 

Nas usinas a carvão, o Ebitda também ficou abaixo das expectativas ao recuar -21%, para R$ 119 milhões, atrapalhado pelo descasamento entre o custo médio do estoque e o preço da commodity no mercado. 

Na geração Solar, o Ebitda caiu cerca de -R$ 17 milhões, atrapalhado principalmente por recompras de energia para fazer frente à energia vendida e não gerada por conta de restrições operacionais de ativos renováveis pela ONS (curtailment) para maior segurança do sistema, ainda reflexo do apagão em agosto do ano passado. 

Na visão consolidada, o Ebitda atingiu R$ 1,13 bilhão, um pouco abaixo das expectativas por causa dos efeitos negativos mencionados, mas ainda com uma alta importante de +27% na comparação com o mesmo período do ano anterior, ajudado principalmente pelas contribuições positivas de Parnaíba e do Upstream. O Fluxo de Caixa Operacional foi até maior, R$ 1,27 bilhão, reflexo da redução no capital de giro no período. 

Resultado financeiro da Eneva tem melhora no ano e empresa reverte prejuízo

O resultado financeiro da Eneva foi de -R$ 477 milhões, uma melhora de R$ 157 milhões frente ao 3T23, principalmente pelo efeito não-caixa da variação cambial sobre o arrendamento do FSRU de Porto de Sergipe.

Por fim, o lucro líquido da Eneva, deduzindo as participações minoritárias, atingiu R$ 102,7 milhões, marcando uma reversão do prejuízo de -R$ 86,9 milhões do 3T23. 

A alavancagem caiu de 4,2 para 3,5x dívida líquida/Ebitda, e no quarto trimestre cairá ainda mais, por conta do follow-on recente e entrada de novas térmicas operacionais no portfólio.

Hora de investir em ENEV3? Veja recomendação

Mesmo com alguns soluços inesperados, a Eneva voltou a apresentar resultados melhores ajudada pelo clima seco, o que pode ajudar o mercado a ficar menos pessimista com relação à necessidade de despachos futuros.

Por 8x Valor da Firma/Ebitda, as ações da Eneva seguem com recomendação de compra.

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.