A Eneva (ENEV3) anunciou ao mercado que celebrou um contrato para fornecimento de gás para a termelétrica Linhares, inaugurando uma nova avenida de receitas para a companhia.
Lembre-se que o principal negócio da Eneva é a geração termelétrica, por meio do qual suas usinas são abastecidas pelas próprias reservas de gás natural (modelo reservoir-to-wire, ou R2W).
Eneva já vem expandindo suas linhas de negócio há algum tempo
Nos últimos anos, a Eneva aumentou as frentes de negócio. Primeiro, criou o segmento de comercialização do gás produzido em Parnaíba para indústrias locais.
Em seguida, adquiriu usinas termelétricas abastecidas com gás importado, com destaque para a Celse, em Sergipe. Nesta transação, a Eneva também garantiu acesso a uma capacidade de regaseificação de 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia no terminal de Sergipe.
Desse volume, aproximadamente 6 milhões de m3 diários de capacidade são dedicados à própria Celse, o que deixava a Eneva com cerca de 15 milhões de m3 diários ociosos para poder vender.
O problema é que vender capacidade ociosa de gás para terceiros não é tarefa simples, porque o transporte rodoviário da molécula costuma ser caro, especialmente em longas distâncias.
Mas isso está próximo de ser solucionado. Nos próximos meses, o terminal de Sergipe estará conectado à malha de gasodutos da TAG, que se estende do Rio de Janeiro até o Ceará.
Isso permitirá à Eneva vender gás para termelétricas distantes do Hub de Sergipe – a termelétrica Linhares, por exemplo, está localizada no Espírito Santo.
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Destalhes do contrato de fornecimento de gás para Linhares
Sobre o contrato firmado, a companhia se comprometeu a entregar até 1,07 milhão de m3 por dia durante 15 anos a partir do início das operações da usina, que está marcada para acontecer em julho de 2026.
O contrato será composto por uma parcela fixa, que vai remunerar a capacidade cedida, e outra parcela variável, diretamente relacionada ao volume entregue e preços do gás no mercado internacional.
A única menção sobre valores foi a estimativa de que o contrato envolva uma receita total de R$ 1,2 bilhão durante os 15 anos de vigência, mas como não foram passadas mais informações sobre margens de cada parcela (fixa e variável), ainda não temos como estimar um impacto no valor presente da companhia.
De qualquer modo, é importante lembrar que ainda há cerca de 14 milhões de m3 diários disponíveis para serem vendidos apenas no Hub Sergipe, o que significa mais cerca de R$ 15 bilhões em contratos se usarmos como proxy o acordo com a termelétrica Linhares.
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Por que a notícia é positiva?
Mais do que contribuir positivamente para as receitas e para os resultados, há um outro aspecto importante desse novo negócio: ele diversifica as receitas em um momento em que os despachos estão nas mínimas históricas.
É verdade que a nova cliente também é uma termelétrica, mas a conexão com a TAG abre uma série de possibilidades de novos clientes, como concessionárias de distribuição de gás, distribuidoras independentes, indústrias, e por aí vai.
Além de novas receitas, isso deve ajudar a trazer uma maior estabilidade para os resultados e uma menor dependência do clima, o que pode inclusive pode contribuir para um re-rating dos papéis. A Eneva (ENEV3) segue entre as recomendações da Empiricus Research.