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Eneva (ENEV3) reporta resultados do 1T24 acima das expectativas; confira

Os números de Eneva mostram aumento de despachos, maiores exportações e bom controle de gastos no 1T24, mesmo recuando quanto ao 1T23.

Por Ruy Hungria

15 maio 2024, 14:30 - atualizado em 15 maio 2024, 14:30

Eneva (ENEV3)
Imagem: Unsplash

A Eneva (ENEV3) apresentou resultados do 1T24 que, apesar do recuo na comparação com o 1T23, vieram acima das expectativas do mercado. Os números foram ajudados pelo aumento dos despachos, maiores exportações e bom controle de gastos. 

Assim como já sinalizado na prévia, o despacho médio das usinas termelétricas da companhia aumentou de 6% no 1T23 para 13% no 1T24. A performance é reflexo do aumento da demanda por energia no Brasil e na Argentina, em função do aumento das temperaturas.

Também tivemos normalização na usina Jaguatirica II, em Roraima, que vinha enfrentando problemas operacionais desde o início da operação. 

Com isso, vimos crescimento no faturamento do Complexo Parnaíba (+32,9%), Jaguatirica (+12,6%), Porto de Sergipe (6,9%), Térmicas a Carvão (+3,1%) e Upstream (+15,3%), todas ajudadas pelo reajuste das receitas fixas e, em alguns casos, aumento dos despachos também.

Além disso, neste trimestre a Geração Solar contribuiu com um faturamento de R$ 71,3 bilhões, ante contribuição nula no 1T23 já que Futura I ainda estava em fase pré-operacional. 

Receita líquida de Eneva reduziu mais de 18% no trimestre

Apesar do aumento do despacho e da geração de energia no período, a receita líquida caiu 18,5% no trimestre, para R$ 2 bilhões, o que está relacionado principalmente ao segmento de comercialização, que teve um impacto positivo de marcação a mercado dos contratos de energia no 1T23.

Além disso, a receita da usina Fortaleza (R$ 436 milhões no 1T23) teve contribuição nula no último trimestre, já que ela foi desligada em dezembro de 2023 após o fim do contrato com Coelce e aguarda novos contratos para voltar a operar. 

Com esses impactos, o Ebitda acabou caindo 6% vs 1T23, para R$ 1,1 bilhão, mas o recuo foi menor do que a receita, explicado por um bom controle de gastos e diluição dos custos fixos das termelétricas que despacharam mais no período. 

É importante mencionar que ao excluir os efeitos da marcação a mercado no segmento de comercialização, o Ebitda teria crescido 13%, acima das expectativas do mercado.

Lucro líquido caiu menos do que o esperado e alavancagem continua melhorando

Apesar da queda do lucro líquido de R$ 223 milhões no 1T23 para R$ 67 milhões no 1T24, principalmente por conta de impactos negativos de variação cambial e monetária sobre sobre dívidas e arrendamentos, os números vieram acima das expectativas. 

Por conta dos investimentos em crescimento, a alavancagem permanece elevada, mas caiu de 4,6x dívida líquida/Ebitda no 1T23 para 4,1x no 1T24, e deve continuar caindo à medida que a necessidade de Capex diminui e o Ebitda cresce ao longo dos próximos trimestres. Se os despachos melhorarem, a queda da alavancagem será ainda mais rápida e ajudará a reduzir os receios dos investidores com a tese. 

Depois de vários trimestres com resultados pressionados por despachos extremamente baixos e anormais em nossa visão, voltamos a ver crescimento dos números das termelétricas, o que pode ser um sinal de que o pior já tenha ficado para trás.

Por 10x Valor da Firma/Ebitda e com crescimento de resultados pela frente sustentado pela entrada em operação de novas usinas, a Eneva segue como recomendação de compra da Empiricus.

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.