A Eneva (ENEV3) divulgou resultados operacionais do 2T24 levemente acima das expectativas, apesar de um enorme salto no lucro líquido, que foi ajudado por efeitos não caixa e não recorrentes.
Redução dos despachos termelétricos impactou receita líquida de Eneva
A receita líquida atingiu R$ 1,94 bilhão, queda de 23% na comparação com o 2T23, impactada pela redução dos despachos termelétricos, em um contexto de reservatórios ainda muito elevados e restrições na exportação de energia para a Argentina, em função das enchentes no Rio Grande do Sul que afetaram linhas de transmissão. É importante mencionar que esses impactos já tinham sido sinalizados na prévia.
Esses efeitos foram parcialmente compensados pelos reajustes anuais de receita fixa das termelétricas, pelo ramp-up da usina solar Futura I e pela melhora operacional de Jaguatirica II (que está fora do Sistema Interligado Nacional e não depende da hidrologia para gerar energia).
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Bom controle de gastos e menores custos ajudaram Ebitda
Com um bom controle de gastos e menores custos por conta da queda na geração de energia, o Ebitda acabou caindo menos do que a receita, e atingiu R$ 1,07 bilhão. Mesmo com um recuo de 9,9% na comparação anual, o indicador veio ligeiramente acima das expectativas.
Apesar do resultado operacional relativamente em linha, o lucro líquido foi afetado por dois grandes efeitos não recorrentes e sem impacto no caixa.
Lucro líquido da Eneva mais do que triplicou
O primeiro, um efeito negativo de -R$ 567 milhões no resultado financeiro, em função da variação cambial do arrendamento da FSRU no Hub Sergipe. O segundo, um impacto positivo de R$ 1,4 bilhão na linha de imposto, reflexo da incorporação da Celse no 2T24 que tornou a aquisição da termelétrica dedutível para fins de IR. Com isso, o lucro líquido saltou de R$ 372 milhões no 2T23 para R$ 1,07 bilhão no 2T24.
Em termos de endividamento, a leve redução do Ebitda fez a alavancagem subir de 4,3x para 4,4x dívida líquida/Ebitda, mas é importante lembrar que o recém anunciado follow-on (oferta de ações) combinado com a incorporação de quatro termelétricas até o fim do ano derrubará essa alavancagem para mais próximo de 3x.
O fluxo de caixa operacional por sua vez melhorou 41% e atingiu R$ 933 milhões, com menor necessidade de capital de giro no trimestre.
O que achamos do resultado de Eneva?
Apesar de um contexto setorial ainda bastante desfavorável, com baixos níveis de despachos, a companhia apresentou mais uma rodada de resultados resilientes.
Com perspectivas de piora do nível de reservatórios, melhora dos preços de energia e novos ativos entrando em operação, Eneva segue como recomendação de compra em várias carteiras da Empiricus.