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Eneva (ENEV3) tem 2T23 sólido, dado o contexto desfavorável para despachos; veja detalhes do balanço

Lucro líquido da Eneva apresenta alta de 152% na comparação anual e supera as expectativas do mercado. Confira a recomendação da Empiricus Research para ENEV3

Por Ruy Hungria

11 ago 2023, 09:20 - atualizado em 11 ago 2023, 09:20

Imagem de homem com uniforme da Eneva olhando para uma máquina de extração de gás Eneva (ENEV3)
Reprodução/Divulgação Eneva

A Eneva (ENEV3) divulgou os resultados do segundo trimestre de 2023 (2T23), ainda pressionados pelo contexto desfavorável para os despachos, já que os reservatórios seguem em níveis bastante elevados. Mesmo assim, a companhia conseguiu entregar bom crescimento na comparação com o 2T22

A Receita Líquida consolidada atingiu R$ 2,5 bilhões, alta de 87% na comparação anual. Parte desse aumento é orgânico, reflexo do aumento do despacho médio do período por conta das maiores exportações de energia para a Argentina e Uruguai, aumento da disponibilidade do projeto Azulão-Jaguatirica, que vem recuperando a capacidade depois de problemas no ano passado, além dos reajustes anuais de receita fixa. 

No entanto, boa parte do aumento foi por conta das aquisições das usinas Celse e Termofortaleza, que adicionaram mais de R$ 900 milhões de receita fixa ao resultado do trimestre, e mostram os resultados da estratégia da Eneva de se tornar menos dependente de despachos neste contexto setorial desfavorável. 

Ebitda e lucro líquido superam consenso

Todos esses fatores contribuíram para a melhora do Ebitda, que também foi ajudado pelo melhor controle de despesas no período – que permaneceram estáveis mesmo com o aumento do número de ativos no portfólio. 

Com essa melhora do desempenho operacional e um aumento na linha de depreciação e amortização (+R$130 milhões vs 2T22) por conta das novas adquiridas, o Ebitda saltou de R$ 502 milhões no 2T22 para R$ 1,9 bilhão no 2T23, acima das expectativas do mercado. 

Como pudemos verificar, as iniciativas da Eneva para se tornar menos dependente das condições hidrológicas estão surtindo efeito, mas no curto prazo isso ainda se reflete na alavancagem da companhia, que fechou o trimestre em 4,26x Dívida Líquida/Ebitda, mas que já representa uma queda do nível de 4,8x apresentado no fim do ano passado. 

De qualquer forma, isso pesou sobre o resultado financeiro, que passou de uma perda de -R$ 158 milhões para R$ -R$ 308 milhões no trimestre. Ainda assim, o Lucro Líquido superou o consenso ao atingir R$ 372 milhões, alta de +152% na comparação anual

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ENEV3: recomendação de compra

As condições ainda seguem desafiadoras para o modelo de negócios da Eneva, já que os despachos continuam em níveis muito baixos. No entanto, os resultados do 2T23 mostram bons resultados da tentativa da companhia em se tornar menos dependente das condições hidrológicas.

Apesar do momento difícil, vemos atratividade na Eneva dada a capacidade de execução operacional acima da média, novos ativos entrando em operação nos próximos anos, e algumas iniciativas de monetização do gás que podem ajudar a destravar valor mesmo com o nível dos reservatórios elevados.

A Eneva (ENEV3) segue como recomendação de compra em várias séries da Empiricus. 

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.