Investimentos

Eneva (ENEV3) tem 4T22 fraco, mas novas iniciativas para mitigar falta de despachos dão sinais positivos

Falta de despacho e diversos eventos não recorrentes afetam resultado operacional da companhia, que tenta alternativas para superar percalços

Por Ruy Hungria

24 mar 2023, 12:19 - atualizado em 24 mar 2023, 12:19

Imagem de homem com uniforme da Eneva olhando para uma máquina de extração de gás Eneva (ENEV3)
Reprodução/Divulgação Eneva

Como já era esperado, a Eneva (ENEV3) divulgou resultados fracos para o 4T22, que ainda foram atrapalhados por alguns efeitos não recorrentes.

Ainda assim, tivemos alguns sinais interessantes sobre as novas iniciativas da companhia para mitigar a falta de despachos

No trimestre, o despacho médio ponderado pela Capacidade Instalada foi de apenas 19%, uma queda considerável de -60 pontos percentuais na comparação com o 4T21, quando o país ainda se recuperava de um período bastante seco. 

Mesmo assim, a receita líquida da companhia cresceu +38% no período, para R$ 2,3 bilhões, ajudada pelo início das operações da usina Jaguatirica II, em Roraima, e pela compra das térmicas Celse e Termofortaleza no ano passado.

Ebitda foi afetado por eventos não recorrentes

Além do baixo nível de despacho, o resultado operacional (Ebitda) também acabou sendo afetado por diversos eventos não recorrentes, como indisponibilidade em Jaguatirica II (-R$ 61 milhões), fees de M&As (-R$ 63 milhões), reavaliação de ativos adquiridos da Focus (-R$ 52 milhões) e multa pelo cancelamento do contrato de entrega de carvão por conta dos baixos despachos (-R$ 69 milhões)

Atrapalhado por esses efeitos negativos, o Ebitda consolidado recuou -18%, para R$ 563 milhões no trimestre. Mas, considerando apenas os números recorrentes, tivemos um crescimento no Ebitda de +11,7%, que atingiu R$ 769 milhões no período. 

Mesmo em um trimestre de despachos muito baixos, esse é um crescimento importante porque mostra os primeiros resultados positivos da estratégia da companhia de aumentar a participação da receita fixa em suas receitas, com o objetivo de ficar menos dependente da hidrologia.

Mesmo sem despachos, apenas os Ebitdas das recém adquiridas Celse e Termofortaleza somaram R$ 443 milhões no trimestre. 

A parte ruim é que essas iniciativas (em especial, a aquisição da Celse) fizeram a alavancagem subir para 4,8 vezes dívida líquida/Ebitda. N

o entanto, é bom lembrar que os próprios resultados da Celse, combinados com os da Termofortaleza, Jaguatirica II e Parnaíba V ajudarão a trazer esse indicador para níveis mais confortáveis ao final de 2023. 

No fim, a Eneva apresentou um prejuízo de -R$ 193 milhões no trimestre, um número obviamente ruim, mas já esperado pelo mercado e muito poluído pelos eventos mencionados.

ENEV3 segue como recomendação da Empiricus Research

Apesar dos números ruins já esperados, gostamos de ver as contribuições positivas das usinas recém adquiridas.

Mesmo diante do ambiente desafiador em termos de despacho, entendemos que o mercado esteja perpetuando as boas condições hidrológicas atuais por muito mais tempo do que elas costumam durar.

Além disso, a Eneva tem trabalhado para se tornar menos dependente das condições hidrológicas, o que inclusive já ajudou no 4T22.

Por 10 vezes EV/Ebitda, e com bom potencial de crescimento pela frente, as ações de ENEV3 seguem em várias séries da Empiricus.   

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.