Investimentos

Entenda a próxima fase do bear market e saiba como proteger seus investimentos

Felipe Miranda fala sobre o que esperar do cenário macroeconômico difícil e faz recomendações para se proteger e ter a chance obter lucros no futuro

Por Juan Rey

20 jul 2022, 11:05 - atualizado em 27 jul 2022, 09:17

Felipe Miranda vê bolsa brasileira atrativa e com boas oportunidades no bear market
Felipe Miranda vê bolsa brasileira atrativa e com boas oportunidades no bear market

Bear market, guerra entre duas potências que impactam diretamente a economia global, risco de recessão batendo à porta nos Estados Unidos e na Europa, China passando por maus bocados… tudo isso depois de uma pandemia que derrubou a atividade econômica do mundo.

Não é novidade para ninguém que a situação econômica global é delicada e inspira cuidados. O fundador e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, comentou em sua live semanal no Instagram sobre o que espera do cenário mundial para os próximos meses e deu recomendações para proteger os investimentos e ter a possibilidade de obter lucros futuros. O tema também foi abordado no relatório mais recente da série Palavra do Estrategista.

A primeira fase do bear market: correção de múltiplos

Felipe explica que um bear market – expressão que caracteriza tendência de baixa constante e pessimismo do mercado – geralmente apresenta dois momentos. No primeiro, ocorre uma revisão de preços das ações para baixo, também conhecida como de-rating. 

Na prática, o mercado revisa os “múltiplos” que definem o preço das ações. O valor de mercado de uma empresa costuma ser uma relação entre seu resultado, em vezes. Por exemplo: uma empresa vale 5 vezes o seu Ebitda projetado (geração de caixa) ou o seu lucro. No bear market, o mercado fica mais conservador e tende a reduzir esses múltiplos.

Este cenário já ocorreu na prática, com o S&P 500 (carteira teórica de ações composta pelas quinhentas maiores empresas do mercado norte-americano) caindo cerca de 20%.

“Essa razão cai por conta de uma alta das taxas de juros do mercado. Acontece porque, basicamente, a renda fixa está pagando mais, e a bolsa, por arbitragem, tem que pagar mais. O jeito disso acontecer é pagar menos pelo mesmo lucro, então o preço/lucro cai. É o que aconteceu até agora”, afirma. 

A segunda fase do Bear Market: lucros para baixo

Na segunda fase do bear market, ocorre uma queda nas estimativas de lucro. “Na média, quando há recessão, esse número cai pelo menos 20% também. As estimativas de lucro ainda não caíram, sendo que tem um cenário recessivo à frente. Me parece bastante razoável supor que vai haver uma segunda pernada de baixa com queda no lucro e nas estimativas de lucro, uma dinâmica clássica dos bear markets”, aposta Felipe. 

O analista explica que no mês de julho os analistas começam a revisar seus números para o período subsequente. E aí, na interpretação de Felipe, é que deve haver essa queda do lucro projetado para o S&P 500 e uma correção adicional na bolsa americana.  

Short em S&P 500: estratégia adotada no bear market já mostrou resultado

Como de praxe, em um momento de bear market o investidor precisa proteger seus investimentos. Felipe Miranda, quando os sinais de recessão estadunidense começaram a se solidificar, indicou uma operação de short em S&P 500

O short, também chamado de venda a descoberto, consiste na venda de um ativo que o investidor não possui em carteira. Para isso, são necessárias duas operações: o aluguel e a posterior venda do ativo. 

O investidor aluga uma ação que acredita que irá desvalorizar e a vende. Caso a tendência do papel se confirme, o investidor comprará posteriormente o ativo a um preço mais barato do que vendeu e, assim, terá lucro na operação. 

Até o momento, o short em S&P 500 recomendado por Felipe Miranda tem se mostrado uma alternativa acertada. Quando a operação foi aconselhada, o índice valia por volta de 4200 pontos e, desde então, tem caído sistematicamente. Hora de encerrar o short? Não na visão do analista.

Exatamente pelo segundo momento que se anuncia do bear market, em que as revisões de preço devem  puxar as estimativas de lucro para baixo, há tendência de que o S&P caia ainda mais.

“Estamos indo para 3600 pontos. As posições compradas em juros real brasileiro longo e em bolsa brasileira barata podem ser protegidas com esse short em S&P”, recomenda.

Nada de bolsa americana: B3 tem valuations atrativos

Ainda sobre o cenário delicado norte-americano, o analista comentou sobre a estimativa do FED de Atlanta, que prevê queda de 2% do PIB. Se isso se confirmar, como lembra Felipe, seriam dois trimestres seguidos de queda no PIB estadunidense, o que caracteriza a recessão técnica.

“Diante desse cenário global muito ruim, vejo lá fora uma probabilidade muito baixa de as coisas andarem bem. A gente precisa ver uma sinalização de inflação cair e, quando essa sinalização aparecer, as coisas podem melhorar”, disse o analista.

Enquanto os valuations (valor justo da ação de uma empresa) lá fora não parecem muito atrativos, Felipe vê o contrário acontecer no Brasil. Para ele, o nível de valuation das ações na bolsa brasileira supera os vistos nos últimos 20 anos. O momento parece ser o ideal para comprar ações baratas e obter altos lucros quando ocorrer uma melhora da economia.

“O Ibovespa negocia a 6x lucros, com o maior prêmio de risco (retorno esperado sobre a renda fixa) em toda janela amostral”, avalia Felipe.


Para conferir os ativos recomendados por Felipe Miranda e aproveitar o momento barato da bolsa brasileira, basta acompanhar a série best-seller da Empiricus “Palavra do Estrategista”. Nela, o sócio-fundador da casa indica exatamente quais ativos você deve comprar e vender, em um portfólio que já rendeu mais de 400% desde a criação até maio deste ano.

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br

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