Investimentos

Entenda por que o risco de uma carteira diversificada é menor do que o de cada ativo separadamente

Você já deve ter ouvido a seguinte expressão, clássica quando se trata de investimentos: “não se deve colocar todos os ovos numa mesma cesta”. Em outras palavras: diversificar os ativos numa carteira de investimentos, para não se expor demais aos riscos. E isso vale tanto para ter inúmeras classes de produtos, como renda fixa, ações, […]

Por João Escovar

01 abr 2022, 13:28 - atualizado em 16 maio 2022, 16:37

ilustração animada representa uma pessoa avaliando diversos índices financeiros

Reprodução: Shutterstock

Você já deve ter ouvido a seguinte expressão, clássica quando se trata de investimentos: “não se deve colocar todos os ovos numa mesma cesta”. Em outras palavras: diversificar os ativos numa carteira de investimentos, para não se expor demais aos riscos.

E isso vale tanto para ter inúmeras classes de produtos, como renda fixa, ações, fundos imobiliários e criptomoedas no portfólio, como ter uma variedade dentro de cada categoria. Mas até que ponto é realmente provado que essa é a melhor escolha?

Primeiramente, temos algo que se encaixa facilmente no senso comum: o desempenho dos ativos no mercado financeiro depende de uma infinidade de fatores. Se estivermos alocados em ativos que sofrem a influência dos mesmos elementos, podemos estar de mãos atadas caso as coisas não saiam conforme o planejado. Exemplos de casos que podem dar muito errado:

  • Ter a carteira com grande posicionamento em ações brasileiras em momentos de instabilidade política e alta dos juros;
  • Ter um grande percentual de ações de companhias aéreas no portfólio antes do estouro da pandemia;
  • Estar posicionado em títulos prefixados e sofrer com a alta dos juros ou da inflação, que provocam correção dos preços do mercado;
  • Estar posicionado em títulos remunerados ao CDI e ver a taxa de juros despencar;
  • Imagine o investidor que estava apostando fortemente em ações russas no início do ano…

Ou seja, não é preciso de grande malabarismo para mostrar que uma carteira diversificada está menos exposta à ruína total do que aquela super concentrada, especialmente quando surgem eventos inesperados ou raros, como uma pandemia e uma guerra.

Mas a pergunta que fica é? Diversificar a carteira realmente diminui o risco combinado dos ativos ou é apenas um mecanismo de proteção para evitar “tragédias”, sendo que o investidor abre mão de parte do retorno esperado em função disso? A resposta vai numa linha que não é muito intuitiva para a maioria dos investidores…

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Um prêmio Nobel explica: diversificar diminui o risco de um portfólio – e quanto mais, melhor

Segundo a Teoria Moderna de Finanças, especialmente as ideias de Harry Markowitz, prêmio Nobel de Economia em 1990, a diversificação de uma carteira de ativos pode tornar o risco dessa carteira inferior à média ponderada do risco de cada um dos ativos.

Ao diversificar uma carteira, portanto, melhoramos a relação entre risco e retorno, mantendo o retorno no patamar esperado e reduzindo o risco.

Vamos a um exemplo para ficar mais claro. Imaginemos uma carteira com dois ativos diferentes: a ação A e o título de renda fixa B, com 50% de alocação cada:

  • Ação A tem risco (desvio-padrão) de 10%, ou seja, na maioria dos casos, seu retorno oscila até 10% para cima ou para baixo do que é esperado;
  • Renda Fixa B tem risco (desvio-padrão) de 2%, ou seja, na maioria dos casos, seu retorno oscila até 2% para cima ou para baixo do que é esperado;
  • Os dois ativos têm correlação de 0,5, considerada média, ou seja, os ativos tendem a seguir a mesma direção (um sobe quando o outro sobe), mas não de maneira perfeita. Para o nível de risco apresentado, isso implica em uma covariância de 0,001 (esse número deriva da correlação, mas não vamos apresentar essa conta aqui).

Por que o risco diminui ao diversificar um portfólio?

De maneira intuitiva, se alguém te perguntasse qual o risco de um portfólio que combine esses dois ativos, qual seria sua resposta? Seria 12%, a soma entre o risco de A e B? Ou 6%, a média entre os riscos dos dois ativos?

De acordo com a teoria de Markowitz, a resposta não é nenhuma das duas. Pelo contrário, o risco de uma carteira de dois ativos segue a seguinte fórmula:

Risco Carteira (A,B)² = [%A² * Risco A²] + [%B² * Risco B²] + [2* %A * %B * (Covariância A,B)]

Aplicando as variáveis apresentadas em nosso exemplo, temos:

Risco Carteira² = [0,5² * 0,1²] + [0,5² * 0,02²] + [2 * 0,5 * 0,5 * 0,001]

Risco Carteira² = 0,25 * 0,01 + 0,25 * 0,0004 + 2* 0,5 * 0,5 * 0,001

Risco Carteira² = 0,0025 + 0,0001 + 0,0005 = 0,0031

Risco Carteira = 0,0556 = 5,56%

Temos, portanto, ao combinar dois ativos, um risco inferior à média (6%) ou à soma (12%) dos riscos envolvidos para cada um deles individualmente.

Isso porque usamos um exemplo conservador, em que a correlação entre os ativos é média, ou seja, eles tendem a andar na mesma direção em uma intensidade moderada. Se usássemos como exemplo uma correlação baixa, a covariância seria menor e o elemento [2* %A * %B * (Covariância A,B)] seria mais baixo, levando a um risco ainda menor.

Se a correlação fosse negativa, ou seja, os ativos seguissem tendências contrárias, o que é o ideal para o caso de diversificação, o elemento [2* %A * %B * (Covariância A,B)] seria negativo, reduzindo ainda mais o risco total da carteira. Veja a demonstração se tivéssemos uma correlação negativa de mesma intensidade para o exemplo acima (perceba como, nesse caso, o risco diminui):

Risco Carteira² = [0,5² * 0,1²] + [0,5² * 0,02²] – [2 * 0,5 * 0,5 * 0,001]

Risco Carteira² = 0,25 * 0,01 + 0,25 * 0,0004 – 2* 0,5 * 0,5 * 0,001

Risco Carteira² = 0,0025 + 0,0001 – 0,0005 = 0,0021

Risco Carteira = 0,0458 = 4,58%

Além disso, é importante destacar que estamos tratando aqui de uma carteira que, hipoteticamente, tem apenas dois ativos. Quanto mais ativos, mais fatores na fórmula e, consequentemente, maior será o efeito redutor do risco provocado pela correlação entre os ativos.

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Com a maior liberdade conquistada pelo investidor nos últimos anos, muitos têm optado por tomar as rédeas do próprio patrimônio e se orientado pela opinião de especialistas isentos e casas de research, que analisam e recomendam produtos como ações, títulos de renda fixa, fundos e criptomoedas.

Isso permite que, mesmo sem conhecimento específico ou tempo, o investidor tome as próprias decisões de acordo com o que é melhor para seu patrimônio e objetivos. Contudo, normalmente esses especialistas são focados em apenas uma categoria de ativos, ou seja, para ter um acompanhamento completo, o investidor precisa contratar diversos serviços.

Pensando nisso, a Empiricus, maior casa de análises financeiras independente do país, lançou o Empiricus Pass. O produto reúne as 8 assinaturas essenciais da casa, que tratam de categorias diversas de investimentos, como ações (nacionais e estrangeiras), renda fixa, criptomoedas, fundos imobiliários e fundos de investimento:

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  2. Crypto Legacy (Vinícius Bazan) – Criptomoedas;
  3. Melhores Ações da Bolsa (Fernando Ferrer) – Ações Nacionais;
  4. Melhores Ações do Mundo (João Piccioni) – Ações Estrangeiras;
  5. Double Income (Felipe Miranda) – Foco em Renda e Proventos;
  6. Vacas Leiteiras (Rodolfo Amstalden) – Ações e Dividendos;
  7. Renda Imobiliária (Caio Araújo) – Fundos Imobiliários;
  8. Os Melhores Fundos de Investimento (Bruno Mérola);
  •  E ainda um bônus: Super Renda Fixa (Laís Costa)

Todas as assinaturas incluem:

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Sobre o autor

João Escovar

Jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Finanças.