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Entrevista de Campos Neto pode impulsionar Ibovespa nesta quarta (22); veja os destaques do dia

Presidente do Banco Central afirmou que Selic deve cair mais que o esperado, o que pode impulsionar o mercado local nos próximos meses

Por Matheus Spiess

22 nov 2023, 10:38 - atualizado em 22 nov 2023, 10:38

Campos Neto inflação ações mercado
Imagem: Agência Brasil

Bom dia, pessoal. Os investidores internacionais se preparam para o feriado do Dia de Ações de Graças nos EUA, que fechará o mercado americano amanhã e reduzirá o pregão de sexta-feira. Na agenda, antecipam-se dados nos EUA, como pedidos de seguro-desemprego, encomendas de bens duráveis e de capital e o sentimento do consumidor. Diante da necessidade de mais pistas sobre a direção da política monetária, após a ata da última reunião do Federal Reserve revelar cautela contínua da autoridade, os investidores devem se concentrar nesses números.

Os banqueiros centrais reiteram consistentemente que as taxas permanecerão elevadas. Na Ásia, em linha com o observado ontem no Ocidente, o mercado de ações teve um desempenho menos robusto nesta quarta-feira. Os mercados europeus e os futuros americanos tentam timidamente uma alta nesta manhã. Nos bastidores, discute-se o bom resultado da Nvidia, que pode ajudar o mercado hoje. Outros pontos de atenção incluem o retorno de Sam Altman à OpenAI após dias de drama e a suspensão temporária dos combates na Faixa de Gaza.

A ver…

· 00:40 — Não podemos nos valer de “dinizismo” para as questões fiscais

No Brasil, após lidarmos com mais um episódio de “dinizismo” na seleção ontem à noite, os investidores locais podem se animar novamente, especialmente com algumas informações recentes da entrevista de Roberto Campos Neto, presidente do BC, à Bloomberg. Ele afirmou claramente que a taxa Selic pode diminuir ainda mais, potencialmente impulsionando o mercado doméstico nos próximos meses. O ritmo de corte de 50 pontos-base para as próximas duas reuniões, em dezembro e janeiro, é considerado apropriado. Após esse período, ele mencionou que dependerá de vários dados locais e internacionais, mas o caminho está delineado.

Suas palavras foram interpretadas como otimistas, o que pode dar impulso ao mercado. Isso faz sentido, dado que as taxas estão tão restritivas que ainda podemos continuar o processo de redução. À medida que a inflação diminui, as taxas reais aumentam, proporcionando espaço para reduzir as taxas e ainda permanecer em território restritivo. Em outras palavras, há margem para cortes adicionais nas taxas de juros. Contudo, um ponto de atenção recai sobre o aspecto fiscal, com a possibilidade de mudanças na meta de déficit até março do próximo ano.

Quanto a esse tópico, a votação do projeto de lei de taxação das offshores e dos fundos exclusivos na CAE do Senado, bem como a análise da proposta das apostas esportivas, foram adiadas para hoje. A apreciação da LDO para 2024 está programada apenas para a semana que vem. Por enquanto, as coisas estão em um ritmo moderado.

· 01:38 — E se a Selic continuar caindo…

Um relatório do Goldman Sachs chamou a atenção ao argumentar que os volumes de negociação na B3 não devem registrar um aumento significativo até que a taxa Selic, atualmente em 12,25% ao ano, atinja um patamar inferior a 10%. De fato, o corpo diretivo da Bolsa brasileira destacou que, na última vez em que a Selic alcançou 9%, os volumes começaram a aumentar; no entanto, com taxas na casa dos dois dígitos, todo o processo foi interrompido.

Diante da contínua trajetória de queda dos juros, espera-se que as ofertas iniciais de ações sejam retomadas em 2024. Fontes da própria B3 indicam que mais de 50 empresas estão se preparando para ingressar nesse cenário. O ano de 2023 foi histórico nesse contexto, pois nunca tivemos dois anos consecutivos sem um único IPO desde o Plano Real (embora tenha havido casos de apenas um IPO em dois anos, nenhum é algo inédito).

· 02:14 — A solução da Nvidia

Nos Estados Unidos, a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve foi em grande parte desconsiderada pelos mercados, dada a “velhice” das informações frente à quantidade de dados acessados desde o último encontro do Fed. Dessa forma, os detalhes das deliberações internas do banco central não trouxeram grandes surpresas, embora tenham sido interpretados como marginalmente mais “hawkish” (contracionistas) do que a interpretação geral do mercado. A principal conclusão do documento é que os decisores de política monetária estão universalmente alinhados com a posição de “mais juros por mais tempo”, aguardando uma evolução consistente e sustentável dos dados. Nenhuma novidade até aqui.

Entretanto, um destaque de ontem foi o desempenho da Nvidia, que superou as expectativas de receita. A receita do terceiro trimestre apresentou um aumento notável de 206% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 18,1 milhões, superando as estimativas de Wall Street, que giravam em torno de US$ 16,2 bilhões. As ações da empresa mais que triplicaram este ano, desempenhando um papel significativo na ascensão impulsionada pela tecnologia no S&P 500. Os bons resultados persistem para o fabricante de chips, o que pode contribuir para manter algum otimismo hoje. Adicionalmente, aguardamos o relatório de bens duráveis de outubro, prevendo uma queda de 3,4% em relação ao mês anterior. Números abaixo das expectativas podem ser bem recebidos pelo mercado.

· 03:07 — Os caminhos para “los hermanos”

Ainda em relação à vitória de Javier Milei, o presidente eleito reafirmou seus planos de privatizar a estatal de petróleo e gás YPF, como parte de sua promessa de reduzir drasticamente o tamanho do Estado. Milei explicou que o primeiro passo será garantir a recuperação dos resultados da empresa para obter um valor mais elevado na venda. Ele também planeja transferir para o setor privado o controle de empresas de comunicação, incluindo a Rádio Nacional e a agência de notícias Telám. Esse debate pode oferecer lições valiosas para o Brasil em 2026.

Entretanto, é importante destacar que Milei não terá maioria no Congresso nem apoio nos governos provinciais, sendo necessário buscar alianças para avançar com seus planos, que incluem propostas como a dolarização e o fim do Banco Central. Durante a última fase de sua campanha, houve uma colaboração significativa com o ex-presidente Mauricio Macri e a ex-candidata Patricia Bullrich, o que resultou em uma moderação em seu discurso, uma mudança positiva. A Argentina está navegando por territórios desconhecidos, embora seja improvável que adotem medidas extremas que exijam a aprovação do Congresso. Aliás, as perspectivas de Milei estão diretamente ligadas à sua capacidade de moderar seu discurso e sua agenda.

No que diz respeito à estruturação do governo, Federico Sturzenegger, ex-presidente do Banco Central durante o governo de Mauricio Macri, emerge como o principal candidato ao Ministério da Economia. Outros nomes cogitados incluem Luis Caputo, ex-chefe da mesa de trading para a América Latina no JPMorgan e ex-presidente do Deutsche Bank na Argentina, Luciano Laspina, deputado federal e economista-chefe do Banco Ciudad de Buenos Aires, considerado uma possível conexão com a aliança de Bullrich, Demian Reidel, economista próximo a Sturzenegger, e Guillermo Nielsen, ex-presidente da petrolífera YPF. Acompanharemos de perto…

· 04:17 — Quatro dias de pausa

O governo de Israel votou na terça-feira para aprovar um acordo que, segundo relatos, possibilitará ao Hamas liberar cerca de 50 reféns (mulheres e crianças, incluindo três cidadãos americanos). Este acordo faz parte de um cessar-fogo de quatro dias, com a condição de liberar entre 12 e 13 pessoas diariamente. Israel concordou em estender a pausa nos combates por um dia adicional para cada 10 reféns adicionais libertados. Em contrapartida, Israel vai soltar 150 prisioneiros palestinos detidos em suas prisões. Além disso, serão permitidos 300 caminhões de ajuda por dia, provenientes do Egito, entrarem em Gaza.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assegurou a aceitação do acordo pelo governo, ao mesmo tempo que garantiu que a guerra continuará após a segurança dos reféns. As negociações foram mediadas pelo Qatar, onde reside o líder do Hamas, Ismail Haniyeh. Vale ressaltar que o acordo de reféns é uma questão humanitária, não relacionada ao mercado financeiro. No entanto, os investidores podem interpretar isso como um sinal de que os riscos de um conflito mais amplo diminuíram. Este representa o maior avanço diplomático e a primeira grande interrupção nos combates desde o início da guerra, marcando um passo significativo para evitar uma escalada.

· 05:05 — Institucionalização em progresso… 

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.