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Equatorial (EQTL3) tem bons resultados operacionais no 1T23, mas endividamento afeta lucro líquido; o que fazer com a ação?

Apesar de ter atrapalhado o lucro líquido da Equatorial no 1T23, endividamento por conta das aquisições recentes não preocupa no momento; entenda

Por Ruy Hungria

12 maio 2023, 13:43 - atualizado em 12 maio 2023, 14:12

Equatorial EQTL3
Imagem: Divulgação/Equatorial

Assim como já era esperado após a prévia, a Equatorial (EQTL3) apresentou bons resultados operacionais referentes ao 1T23. No entanto, o lucro líquido ficou um pouco abaixo das expectativas, por conta do impacto do maior endividamento da companhia no resultado financeiro. 

Confira o desempenho por segmento

No segmento de Distribuição, tivemos uma expansão expressiva, por conta da combinação de um crescimento orgânico de +5% na energia distribuída, reajuste de tarifas, redução do nível de perdas e da consolidação da Equatorial Goiás.

A Margem Bruta do segmento atingiu R$ 3,0 bilhões, um crescimento de +63% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Como resultado desses efeitos e de um bom controle de gastos, o Ebitda do segmento saltou para R$ 1,8 bilhão (alta de +60%) no período. 

No segmento de Geração e Comercialização, a melhora da prévia operacional se refletiu em um melhor desempenho financeiro.

Ajudada por maiores velocidades dos ventos e maior geração de energia eólica, a receita do segmento atingiu R$ 302 milhões, alta de +14%. O Ebitda cresceu ainda mais, +19%, e atingiu R$ 151 milhões, ajudado por um bom controle de gastos no período. 

O segmento de transmissão não trouxe surpresas, com um Ebitda regulatório de R$ 305 milhões, alta de +10% na comparação anual, reflexo principalmente do efeito de reajuste tarifário das RAPs dos seus ativos. 

Para fechar, o segmento de saneamento mostrou recuo em praticamente todas as linhas no 1T23, enquanto a companhia utiliza os estágios iniciais da concessão recém adquirida para ajustar hidrometração, fazer cadastro e recadastramento de clientes, além de mapeamento da rede operacional.

Com isso, os gastos cresceram mais do que as receitas, e o Ebitda marcou um recuo de -80% na comparação com o 4T22, mas esse é apenas o início de um trabalho que tem potencial de render muitos frutos para a Equatorial nos próximos anos.

Piora no resultado financeiro da Equatorial já era esperada

Em termos consolidados, a companhia apresentou um Ebitda de R$ 2,27 bilhões, alta expressiva de +57,7% vs 1T22, explicado principalmente pelo crescimento orgânico mencionado e pela consolidação da Equatorial Goiás, além de um bom controle de gastos – o PMSO ajustado, excluindo efeitos não recorrentes e aquisições, cresceu em linha com a inflação do período. 

Apesar desse bom desempenho operacional, que inclusive veio acima das estimativas, o resultado financeiro piorou bastante, o que está relacionado principalmente ao maior endividamento da Equatorial por conta das aquisições recentes (o que já era esperado), mas também por um impacto não recorrente de -R$ 345 milhões de variação monetária do aporte feito pelo Itaú em ações preferenciais da companhia neste ano.

De qualquer forma, com esse efeito negativo, o resultado financeiro líquido ajustado marcou uma perda de R$ 1,2 bilhão (ante R$ 494 milhões no 1T22), e pressionou o lucro líquido que caiu -43% no período, atingindo R$ 287 milhões.

Apesar desse ponto negativo ter atrapalhado um pouco o lucro, entendemos que a evolução do resultado operacional, com forte crescimento e boa disciplina de gastos, é muito mais relevante para os acionistas

EQTL3 segue com recomendação de compra da Empiricus Research

Por conta das aquisições recentes, o trimestre fechou com uma alavancagem de 3,9 vezes dívida líquida/Ebitda, que não é baixa, mas não nos preocupa neste momento, dado histórico de execução da companhia e a previsibilidade de resultados do setor.

Por 8 vezes EV/Ebitda, com um excelente histórico de execução e muito espaço para crescimento de resultados de seus ativos em processo de turnaround, a Equatorial (EQTL3) segue com recomendação de compra em algumas séries da Empiricus

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Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.