Na terça-feira (24), o mercado reagiu de forma positiva aos novos estímulos da China, mas nesta manhã, os futuros americanos estão em queda, após o S&P 500 ter registrado seu 41º recorde de fechamento no ano.
Essa correção encontra eco na Europa, onde os principais índices apresentam desempenho misto, ainda se beneficiando parcialmente do rali gerado pelo pacote de estímulos chinês. No continente europeu, os investidores estão cada vez mais confiantes de que o Banco Central Europeu (BCE) reduzirá as taxas novamente no próximo mês, já que as evidências de enfraquecimento econômico se acumulam. Um exemplo desse movimento foi visto hoje (25), com o banco central sueco cortando sua taxa de juros em 25 pontos-base, para 3,25% ao ano, em linha com as expectativas do mercado.
Nas commodities, o petróleo voltou a recuar, enquanto o minério de ferro apresenta forte alta, o que pode trazer algum alívio para o mercado brasileiro. O ouro, por sua vez, atingiu um novo recorde na quarta-feira, à medida que o metal precioso continua a se beneficiar das apostas em cortes mais profundos nas taxas de juros globais.
Entre os destaques da agenda econômica, vale acompanhar o impacto do relatório de perspectiva econômica provisória da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A organização revisou sua previsão de crescimento global de 3,1% para 3,2%. Para o Brasil, a OCDE projetou crescimento de 2,9% em 2024 e 2,6% em 2025. Ao menos, temos expectativas positivas de crescimento no horizonte.
A ver…
· 00:57 — O que a inflação nos dirá?
Hoje (25), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa de um evento em São Paulo, e suas declarações sobre a questão fiscal merecem atenção, dado que o tema tem sido um grande foco de preocupação nos últimos dias.
Aliás, a entrevista de hoje de Mansueto Almeida ao Brazil Journal oferece uma análise relevante sobre o assunto. A ausência de uma âncora fiscal sólida tem exigido que o país dependa de uma âncora monetária, como evidenciado pela ata do Copom divulgada ontem, que reforçou o tom “hawkish” (mais conservador) do comunicado da semana passada, sugerindo uma possível aceleração no ritmo de aperto monetário. Cada vez mais, o mercado começa a considerar uma Selic de 12% como cenário base, a menos que ocorra uma mudança muito significativa para reancorar as expectativas — algo que parece cada vez mais improvável, principalmente depois desses últimos relatório de receitas e despesas.
No campo monetário, o destaque de hoje é a divulgação da prévia da inflação oficial de setembro, o IPCA-15, que deve mostrar uma aceleração de 0,19% no mês anterior para 0,28% agora. A mediana das expectativas aponta para um alívio na inflação acumulada em 12 meses, de 4,35% para 4,28%.
No entanto, mesmo que o dado venha mais fraco, isso dificilmente alteraria a postura do Banco Central, que está claramente inclinado a manter um tom mais agressivo, ainda que dependa da evolução dos dados. O cenário otimista seria encerrar o ciclo de aperto entre 11,5% e 11,75%, mas cada vez mais se consolidam previsões de que a taxa suba para 12% ou mais.
Ontem (24), os ativos locais experimentaram um leve alívio, impulsionados por um movimento de recuperação natural após cinco dias consecutivos de queda, além do impacto positivo dos estímulos econômicos da China sobre o mercado de commodities. No entanto, essa melhora ainda carece de consistência, especialmente diante da ausência de um direcionamento claro da política fiscal. A incerteza foi ampliada pelo adiamento da divulgação do resultado primário do governo central, inicialmente previsto para esta sexta-feira, que agora só será apresentado em 3 de outubro, aumentando ainda mais as dúvidas sobre o cenário econômico futuro.
· 01:45 — Horário de verão
O debate sobre o retorno do horário de verão no Brasil tem ganhado força. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a reintrodução dessa medida poderia reduzir a demanda de eletricidade no período noturno em até 2,9%, além de adiar o pico de consumo energético em até duas horas. O ONS também destaca que a adoção do horário de verão traria uma economia significativa nos custos de geração termelétrica, estimada entre R$ 244 milhões e R$ 356 milhões. Com isso, a medida poderia aliviar consideravelmente os custos operacionais durante os meses de outubro a fevereiro. No entanto, a decisão final cabe ao Ministério de Minas e Energia (MME), que ainda não definiu quando a medida será anunciada.
Apesar dos benefícios apontados, o possível retorno do horário de verão tem gerado preocupações no setor aéreo. Associações representativas das empresas aéreas solicitaram ao governo federal que estabeleça um prazo mínimo de 180 dias entre a publicação do decreto e sua implementação efetiva. Elas alertam que uma mudança abrupta pode provocar desajustes nos horários de voos, especialmente em cidades que não adotariam a mudança de horário, gerando atrasos e a possível perda de conexões.
Assim, mesmo que a decisão seja tomada em 2024, é provável que o horário de verão só entre em vigor em 2025, para que todas as partes tenham tempo adequado para se ajustar à nova realidade.
· 02:34 — Novo recorde
As ações nos EUA mantiveram seus ganhos, impulsionadas por uma forte valorização da Nvidia, enquanto os investidores demonstraram pouca preocupação com uma leitura abaixo do esperado na confiança do consumidor. O destaque, no entanto, foi uma queda mais acentuada no indicador de emprego, frequentemente utilizado como um sinal antecipado das tendências de desemprego, o que sugere uma desaceleração adicional no crescimento e reforça as preocupações do Federal Reserve com o mercado de trabalho. Sinal ruim.
Ainda assim, o S&P 500 avançou 0,3% ontem, registrando seu 41º recorde de fechamento do ano, enquanto o Nasdaq 100 subiu 0,5%. Como mencionado anteriormente, o amplo pacote de estímulo da China também contribuiu para a alta de ações ligadas economicamente ao país asiático. Na agenda de hoje, estão os dados de vendas residenciais de agosto e de novas casas, que, se superarem as expectativas, podem aliviar os temores de uma recessão iminente.
· 03:28 — Difícil antecipar o resultado
Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump retomou suas promessas de campanha, reiterando a intenção de promover cortes nos impostos corporativos e aumentar tarifas sobre produtos importados, com o objetivo de trazer empregos industriais de volta ao país. Essa retórica é similar à que o impulsionou em 2016, agora com um tom mais profundo, mas sem grandes novidades.
Paralelamente, a previsão do resultado eleitoral está cada vez mais imprevisível. Até mesmo Nate Silver, um dos mais renomados analistas de eleições americanas, conhecido por suas projeções acertadas ao longo dos anos, admite que nunca enfrentou uma eleição tão apertada em seus 16 anos de trabalho.
Como já discutimos diversas vezes, o sistema eleitoral dos EUA faz com que a disputa real se concentre em sete estados-chave — Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin. A inclusão da Carolina do Norte nessa lista ainda é debatida, já que Trump apresenta uma vantagem mais significativa nesse estado.
No entanto, a presença de Kamala Harris, substituindo Joe Biden, pode mobilizar de forma decisiva o eleitorado negro e feminino, trazendo potenciais mudanças nos resultados.
O ponto crucial é que todos esses estados estão com margens de diferença dentro de 2 pontos percentuais. Dessa forma, um erro sistemático nas pesquisas ou uma virada nas últimas seis semanas da campanha pode fazer com que um candidato vença em todos esses estados.
Nas simulações mais recentes de Nate Silver, Kamala Harris vence nos sete estados decisivos em 20% dos cenários, enquanto Donald Trump atinge esse feito em 23% das simulações. Isso ainda indicaria um leve favoritismo de Trump, mas o jogo está aberto. Vale lembrar que, independentemente do vencedor, é quase certo que o Congresso americano continuará dividido, o que reduz a chance de mudanças muito drásticas.
· 04:12 — Fechando o cerco
O Departamento de Comércio dos EUA propôs uma medida para proibir o uso de software e hardware de origem chinesa e russa em veículos conectados à internet que circulam nas estradas americanas. A justificativa para a proibição é a proteção da segurança nacional, visando resguardar os dados americanos de possíveis vulnerabilidades criadas por tecnologias automotivas estrangeiras, como microfones, câmeras, Bluetooth e GPS. Enquanto isso, empresas automotivas dos EUA, como GM e Tesla, têm utilizado de forma controversa os sistemas centrais de seus veículos para coletar informações sobre os hábitos de direção dos consumidores.
A proposta marca mais um golpe contra a indústria automotiva da China, particularmente no segmento de veículos elétricos, que tem crescido rapidamente no cenário global, mas enfrenta dificuldades nos EUA, especialmente após as tarifas de 100% impostas pela administração Biden. No ano passado, a chinesa BYD superou a Tesla em vendas globais de veículos elétricos, ainda que seus modelos mais acessíveis, de cerca de US$ 10 mil, não sejam comercializados nos EUA. Esses veículos, porém, têm aceitação em mercados como Europa, África e América Latina.
A proposta de proibição representa mais um desafio à entrada de carros chineses no mercado americano, agravando as tensões comerciais já elevadas. Recentemente, por exemplo, o governo Biden impôs restrições adicionais às empresas chinesas de semicondutores, bloqueando a venda de chips avançados produzidos nos EUA. Em 2022, os EUA já haviam proibido a importação de novos equipamentos de telecomunicações de empresas chinesas, reforçando a crescente rivalidade entre as duas potências. Este, portanto, é mais um capítulo na chamada Nova Guerra Fria, em que os embates econômicos e tecnológicos dominam o cenário global.
· 05:09 — Acionando as termelétricas
A crise elétrica de 2021, que colocou o sistema energético brasileiro sob grande pressão, levou o governo federal a adotar uma postura mais proativa neste ano, autorizando o Operador Nacional do Sistema (ONS) a acionar um maior número de termelétricas como medida preventiva.
No entanto, essa decisão, embora prudente, pode resultar no aumento do preço da energia, uma preocupação especialmente para as indústrias que consideram a medida exagerada.
Recentemente, o …