Investimentos

Estratégia Barbell na Bolsa brasileira: em meio à turbulência, é preciso ter commodities e também ações descontadas ligadas ao ciclo doméstico

Para Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, o mercado financeiro seguirá difícil e altamente volátil, o que demanda dos investidores paciência e estratégias diversificadas

Por Daniela Rocha

10 mar 2022, 11:58 - atualizado em 16 maio 2022, 20:09

Sobe e desce, uma montanha russa. A guerra entre Rússia e Ucrânia tem gerado intensa volatilidade nas Bolsas. A cada dia, as notícias, declarações e desdobramentos do conflito geopolítico alteram a direção do mercado, de forma abrupta. 

Veja o que aconteceu ontem, diante da possibilidade de negociações entre os dois países do leste europeu para solucionar o conflito, as bolsas americanas e europeias subiram fortemente reverberando na B3. 

Pesou muito para o desencadeamento desse viés transitório positivo, o fato de Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia ter admitido pela primeira vez que o país não deve aderir à Otan, abrindo espaço para diálogo com a Rússia. 

Transitório, pois nesta quinta-feira (10/03), o cenário azedou com fracasso da tentativa de cessar-fogo e percepção de que será mais difícil as tratativas para resolver conflito, e foi acionado o ‘modo’ risk off – novamente uma tendência de aversão ao risco e busca por proteções como treasuries (títulos de dívida do governo americano), ouro e prata. 

Portanto, tem sido assim, da noite para o dia, o mercado muda, passa do módulo bargain hunting (caça às barganhas) para risk off

Então, o que fazer? O que ter na carteira de investimentos?

Segundo analistas da Empiricus, é preciso ter paciência e não agir de forma impensada ou intempestiva. 

Além disso, é essencial ter uma carteira diversificada entre várias classes de ativos – ações, fundos imobiliários, renda fixa e até uma parcela pequena de criptomoedas, não se esquecendo de algumas proteções (hedges) como ouro, prata e moedas fortes. Tudo isso, logicamente, de acordo com o grau de tolerância ao risco e os objetivos de cada um. 

Felipe Miranda diz que a Bolsa brasileira tem atratividade nesse contexto de conflito geopolítico. Isso porque está barata e muito pesada em commodities e bancos tradicionais. “O Brasil é par emergente da Rússia, está dentro do Bric. Aqui há grande produção de commodities e, como a Rússia está complicada, o dinheiro migra para cá”, destaca.

Realmente, nos últimos dias houve uma corrida dos investidores para ações de companhias de commodities energéticas e agrícolas, o que é natural.

No entanto, o analista chama a atenção para o risco de elevada concentração dos investimentos nesse segmento, em um ambiente de alta volatilidade e rodeado de incertezas – não é possível saber o que vai acontecer, os próximos capítulos da guerra, nem quando ou como se dará o seu desfecho. 

Por isso, Felipe Miranda defende uma espécie de estratégia Barbell na Bolsa brasileira para que os investidores consigam atravessar da melhor forma o contexto atual. 

“Defendo uma posição em commodities, mas também, alguns cíclicos domésticos na carteira. Portanto, um pé em cada canoa, a estratégia Barbell”, ressaltou nesta quinta-feira (10/03) eu seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, disponível aos assinantes de todas as séries da Empiricus.   

A filosofia Barbell (barra de halteres), foi criada por Nassim Taleb, matemático, estatístico, acadêmico e estudioso sobre o mercado financeiro. Ele também é conselheiro de fundos de investimentos e autor de vários livros e criador do conceito ‘cisne negro’, atribuído a eventos imprevistos, raros e compreensíveis depois que ocorrem. 

A estratégia de Barbell tem como pilar a humildade de reconhecer que o mercado se comporta, muitas vezes, de maneira aleatória e que não é possível prever o que irá acontecer. 

Por isso, é interessante ter no portfólio ativos que estão nos extremos de uma escala de risco – conservadores e mais arriscados. Em analogia, a barra de halteres, tem pesos nas duas extremidades. 

Portanto, se de um lado o conflito leva a alta de commodities, por outro, não se pode menosprezar que no mercado existem ações small e mid caps de qualidade, com operações eficientes e gerando lucro, a valuations descontadíssimos, diz Felipe. 

O fato é que o mercado segue turbulento, com as ondas se movendo da aversão ao risco às esperanças de negociações entre Rússia e Ucrânia, de um provável final de conflito e, por isso, uma busca por ativos descontados de variados segmentos.  

São dias com fortes altas das commodities e outros devolvendo os ganhos.

Nesta quarta-feira, as maiores altas registradas foram CVC (16,97%) e Natura (16,25%) e as maiores quedas ficaram por conta de PetroRio (-6,44%), 3R Petroleum (-4,35%) e Vale (-6,24%).

“Por exemplo, veja o que aconteceu ontem, a CVC subiu 17%, uma metonímia de cíclico doméstico. E hoje já está diferente, com fluxo para commodities”, exemplificou. 

Então, a mensagem é essa diversifique os investimentos em ações. 

Para saber mais sobre a estratégia Barbell, bem como quais são as ações recomendadas pelo Felipe na carteira Oportunidades de Uma Vida, te convido para conhecer a série Palavra do Estrategista. Você pode acessar por 7 dias gratuitamente. Tenho certeza, que vai gostar! 

 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.