Investimentos

“Existe uma bolsa no fim do túnel?” Especialistas recomendam seis ações para comprar no cenário atual

Larissa Quaresma, da Empiricus, e Bruno Henriques, do BTG Pactual, destacam setores promissores, riscos do cenário macroecoômico e o que esperar das empresas brasileiras

Por Bruna Vogel

27 jan 2025, 13:45 - atualizado em 27 jan 2025, 13:45

bolsa ações macroeconomia

“Existe uma bolsa no fim do túnel?” Foi com essa provocação que o jornalista Vinicius Pinheiro iniciou a conversa com os analistas Larissa Quaresma, da Empiricus Research, e Bruno Henriques, do BTG Pactual, no episódio mais recente do Touros e Ursos, podcast semanal do Seu Dinheiro, portal que pertence ao mesmo grupo da Empiricus.

Com a Selic em alta e a concorrência da renda fixa, investir na bolsa de valores em 2025 pode parecer desafiador. Mas, segundo os analistas, essa pode ser uma oportunidade para quem pensa no longo prazo.

No episódio, os especialistas discutiram as expectativas para o mercado e revelaram seis ações promissoras. Confira os destaques do programa.

Por que investir na bolsa mesmo com juros altos? 

Larissa Quaresma defende que o momento ideal para comprar ações é justamente quando o cenário é desafiador. “O valuation atrativo é o principal ponto para se comprar bolsa brasileira hoje. Mas não adianta ser uma armadilha de valor; a diferença está no tempo que você tem para esperar”.

Ela explica que as expectativas ruins para 2025 já estão precificadas, criando uma oportunidade para investidores que podem esperar por melhores resultados no longo prazo comprarem ações a preços atrativos.

“O momento de comprar [bolsa] é quando não se vê gatilho, porque quando a gente começar a ver gatilho, Ibovespa não vai estar mais 122.000 pontos”, resume Larissa.

Para Bruno Henriques, setores específicos ainda oferecem boas margens de segurança. “Nós encontramos teses e histórias que não parecem armadilhas de valor, mas sim boas oportunidades”.

Setores e empresas que sofrem mais com juros altos

Empresas muito alavancadas e setores sensíveis aos juros, como incorporação imobiliária e varejo doméstico, podem enfrentar maiores desafios no cenário atual.

“Quando a Selic sobe, o custo da dívida aumenta significativamente, afetando o lucro das empresas com grandes passivos”, destaca Larissa.

Ela também alerta para o cuidado ao investir no setor financeiro: “Embora os bancos possam se beneficiar dos juros altos, a inadimplência aumenta, criando riscos, especialmente para aqueles que concedem crédito à baixa renda”.

Por outro lado, as seguradoras aparecem como opções mais resilientes. Segundo Bruno, “o modelo de negócios das seguradoras permite que elas lucrem em cenários de juros elevados”.

O que esperar da temporada de resultados do 4T24?

Os analistas destacaram que as próximas teleconferências da temporada de resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24) serão cruciais para entender como as empresas estão enfrentando o cenário atual. Juros, inflação e câmbio são palavras que devem predominar nesses encontros.

“Eu gostaria de ouvir iniciativas para desalavancagem, redução de balanço e aumento de geração de caixa. Com a Selic alta, o custo de oportunidade é muito grande, e empresas que priorizam retorno imediato têm vantagem”, enfatizou Larissa.

Bruno complementou: “O guidance das empresas vai definir muito do movimento das ações. Indicações de desinvestimento e maior eficiência operacional podem impactar positivamente os preços”. 

Ele também chamou atenção para a importância de programas de recompra de ações. “Quando uma empresa usa o caixa para recomprar ações, ela sinaliza que acredita no seu próprio valor. Isso deve ser acompanhado de perto”.

As seis ações promissoras para 2025

Os analistas destacaram três ações cada um, totalizando seis recomendações para quem quer investir neste momento.

Ações selecionadas por Larissa Quaresma:

  1. Itaú (ITUB4): Previsibilidade e resiliência no setor bancário tornam o banco uma aposta segura.
  2. Porto (PSSA3): O crescimento em verticais como saúde e banking, independente do cenário macroeconômico, é um diferencial.
  3. PetroRio (PRIO3): O potencial de crescimento com a licença ambiental de Wahoo é um gatilho importante.

Ações destacadas por Bruno Henriques:

  1. BB Seguridade (BBSE3): A receita financeira impulsionada pela Selic alta faz da empresa uma boa opção.
  2. Suzano (SUZB3): A recuperação dos preços da celulose pode trazer bons retornos para investidores
  3. Eletrobras (ELET3): Taxas de retorno atrativas e defensividade fazem da empresa uma escolha interessante.

Os Touros e Ursos da semana

O programa finalizou com a tradicional escolha dos destaques negativos e positivos da semana.

Ursos da semana:

  • Para Larissa, o teto dos juros do crédito consignado do INSS
  • Para Bruno, as tarifas de Trump e a política fiscal interna
  • Para Vinicius, o dólar

Touros da semana:

  • Para Larissa, o BTG Pactual (BPAC11), que subiu 15% nos primeiros dias de janeiro
  • Para Bruno, o próprio valuation da bolsa brasileira
  • Para Vinicius, a Netflix (NFLX34) e seus resultados extraordinários

Confira o episódio do podcast na íntegra clicando no player abaixo. Aproveite também para baixar gratuitamente o e-book “Onde Investir em 2025”, que reúne os principais ativos para ter em carteira neste ano.

Sobre o autor

Bruna Vogel

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo/USP e mestre em Estudos Latino Americanos e Caribenhos pela New York University/NYU, é redatora do site da Empiricus.