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Fed pausa sequência de altas dos juros americanos: como isso impacta o Brasil?

Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, traz um panorama sobre a reunião de política monetária realizada ontem (14) pelo banco central americano.

Por Nicole Vasselai

15 jun 2023, 16:08 - atualizado em 15 jun 2023, 16:23

Fed faz pausa nas altas dos juros americanos: como isso impacta o Brasil?
Imagem: Pexels

Na reunião de política monetária de ontem (14), o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, decidiu manter os juros americanos no intervalo de 5% a 5,25%. Essa é a primeira pausa no aperto monetário desde março de 2022, quando a taxa começou a subir no país.

Essa pausa mais “dura” na sequência de altas dos juros americanos é o que o mercado chama de “Hawkish Pause”, que pode significar novos aumentos à frente.

Segundo Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, fala no Giro do Mercado desta quinta (15), essa medida já era esperada pelo mercado.

O que mudaria o jogo, diz ele, é como o anúncio seria feito em relação à decisão dos próximos meses pelo Jerome Powell, presidente do Fed. “A projeção publicada ontem espera mais duas possíveis altas na taxa até o final de 2023. A expectativa dos membros do Fomc é que o ano acabe com o juro em 5,6%”, afirma o analista das séries Investidor Internacional e MoneyBets.

Ontem, os juros futuros respondiam negativamente à reunião, mas depois dela as Bolsas americanas terminaram no zero a zero em termos de valorização.

“Hoje, por outro lado, o mercado virou para o positivo depois de ver a divulgação de alguns dados econômicos. As vendas ao varejo cresceram e número de seguros-desemprego veio acima da média. Acho que esse foi o principal fator que fez o mercado virar, já que a inflação americana ainda é muito calcada nesse dado para entender se vai ter mudança de juros à frente”, explica Enzo.

A manutenção dos juros americanos ajuda a Bolsa brasileira?

Para responder essa questão, Enzo lembra que os juros reais aqui no Brasil ainda são maiores do que nos Estados Unidos, o que ainda torna atrativo o chamado “carry trade” (fluxo de estrangeiros investindo dinheiro no Brasil). “Aqui, a inflação está perto de 5% ao ano, com uma taxa Selic de 13,75%. Nos EUA, a inflação e a taxa de juros estão no mesmo patamar, sem espaço para ganho real aos investidores”.

Outro diferencial da Bolsa brasileira no momento, afirma o analista, é o valuation (valor das ações versus preço negociado), que ainda está descontado. “Não está tão baixo talvez quanto esteve no impeachment da Dilma ou na Greve dos Caminhoneiros, mas ainda está barato em relação ao histórico”.

Quais setores se dão bem com a notícia?

Lá fora o corte de juros ainda está mais distante, mas no Brasil a gente pode ver um corte já no segundo semestre desse ano. Com isso, como explica Enzo, empresas com exposição ao cíclico doméstico podem se beneficiar. “Por exemplo, tende a melhorar o consumo, vai ficar mais barato para a pessoa comprar eletromésticos, e incorporadoras também são beneficiadas, principalmente com programas de incentivo do governo, como Minha Casa, Minha Vida“, afirma.

Dólar a R$ 4,80: pode cair mais?

Segundo Enzo, com certeza pode. “Ontem mesmo depois da reunião o dólar deu uma estressada [câmbio desvalorizou]. Apesar da notícia de manutenção dos juros ter, por um lado, animado os investidores a continuar investido em dólar, porque a moeda poderia se valorizar, logo em seguida saiu a notícia do S&P avaliando positivamente o Brasil, o que aumenta o interesse estrangeiro para investir aqui. Com isso, o dólar voltou para baixo e continuou nos R$ 4,80”.

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A seguir, você pode assistir à fala completa de Enzo Pacheco no Giro do Mercado, transmitido todos os dias às 12h, no canal do YouTube do MoneyTimes:

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.