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Fórum Econômico Mundial de Davos acontece sem presença brasileira e EUA tem feriado nesta segunda (15); saiba mais

Em outro cenário, no continente asiático, a maioria das bolsas de valores superou uma leve instabilidade no início desta segunda-feira.

Por Matheus Spiess

15 jan 2024, 08:52 - atualizado em 15 jan 2024, 09:01

Bom dia, pessoal. O evento inaugural do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, ocorre sem presenças notáveis do governo brasileiro, com Lula e Haddad permanecendo no país para negociações com parlamentares neste começo de ano. Consequentemente, o fórum, embora reúna figuras proeminentes do cenário econômico global, não será um foco principal de atenção para nós. É feriado nos EUA, então o dia será de menor liquidez em nível global.

Em outro cenário, no continente asiático, a maioria das bolsas de valores superou uma leve instabilidade no início desta segunda-feira. Os investidores continuam otimistas, apostando em uma possível redução das taxas de juros pelo Federal Reserve em breve, enquanto os mercados do Japão permanecem nas maiores cotações em 34 anos. No entanto, o avanço nas bolsas asiáticas foi limitado devido às incertezas sobre como a China reagirá às recentes eleições presidenciais em Taiwan.

No setor energético, as atenções se voltam para os mercados de petróleo bruto. As recentes oscilações nos preços são resultado dos ataques aéreos dos EUA e da Grã-Bretanha contra alvos no Iêmen controlados pelos Houthi, intensificando as tensões no Oriente Médio. Isso levou a um aumento no valor das ações de empresas petrolíferas e de navios na última sexta-feira. Além disso, os Estados Unidos iniciaram sua temporada de balanços financeiros. Paralelamente, os mercados europeus enfrentam uma queda matinal, refletindo nas reações dos investidores aos novos dados sobre a produção industrial na Zona do Euro.

A ver…

· 00:57 — Tensões fiscais

Na agenda econômica do Brasil desta semana, o foco está no indicador IBC-Br de novembro, que será divulgado na quinta-feira e serve como um termômetro preliminar do PIB.

Paralelamente, a atenção permanece voltada para os desenvolvimentos políticos em Brasília, especialmente em torno das negociações da Medida Provisória da reoneração. Esta medida, percebida como contrária à decisão do Congresso de estender a desoneração da folha de pagamento até 2027, tem causado desconforto entre os parlamentares.

Em resposta, o Ministério da Fazenda está explorando novas fontes de receita, incluindo a tributação de compras internacionais online abaixo de US$ 50 e a realocação de recursos do fundo eleitoral, que soma R$ 5 bilhões.

Para alcançar o objetivo de eliminar o déficit fiscal, o governo necessita de uma receita adicional de R$ 168,5 bilhões. Me parece improvável que essa meta seja atingida, o que pode levar a uma revisão até o final do primeiro trimestre, momento em que o Tesouro Nacional apresentará seu relatório bimestral sobre as contas públicas.

Esse cenário de incerteza fiscal tem preocupado investidores e influenciado a curva de juros. Apesar disso, há previsões otimistas, como a da Oxford Economics, que projeta uma redução significativa nos juros de longo prazo do Brasil. Até 2030, espera-se uma queda de mais de 300 pontos-base nos títulos de dez anos, com taxas nominais variando entre 7,5% e 8,5% nos próximos seis anos. Considerando uma inflação de 3,5%, isso implicaria em uma taxa de juros real entre 4% e 5%, um cenário plausível.

· 01:45 — E a temporada continua

Nesta segunda-feira, os mercados de ações e títulos dos Estados Unidos permanecem fechados por conta do Dia de Martin Luther King Jr. No entanto, a semana promete ser agitada, iniciando com as primárias republicanas em Iowa, marcando o começo da temporada eleitoral americana. Um ponto de particular interesse é verificar se o ex-presidente Trump mantém sua liderança nas urnas conforme indicado pelas pesquisas, e quem emergirá como o segundo colocado.

Paralelamente, continuamos monitorando a temporada de divulgação de resultados financeiros. Na semana passada, os resultados do JPMorgan Chase não atingiram as expectativas, apesar de ter sido seu ano mais lucrativo, enquanto o Bank of America e o Citigroup apresentaram resultados excepcionais. O Wells Fargo reportou lucros em linha com as previsões.

Nesta semana, as atenções se voltam para os relatórios do Goldman Sachs e do Morgan Stanley na terça-feira, seguidos por Charles Schwab e Prologis na quarta-feira, e encerrando com State Street na sexta-feira, entre outros. No que tange aos dados econômicos, teremos a divulgação das vendas no varejo de dezembro pelo Census Bureau e a publicação do primeiro livro bege de 2024 do Federal Reserve, ambos na quarta-feira. Além disso, na sexta-feira, a Universidade de Michigan lançará sua pesquisa de opinião do consumidor referente a janeiro.

· 02:43 — O que a CES nos trouxe

A CES (Consumer Electronics Show), em Las Vegas, reuniu na semana passada milhares de aficionados por tecnologia, empresários e líderes da indústria para a maior feira de tecnologia do mundo. Destaques como inovações em inteligência artificial e a fascinante tecnologia de telas novas estiveram presentes.

Entre as novidades apresentadas na CES 2024, vale mencionar o pequeno robô da Samsung, que atua como um assistente doméstico avançado graças aos recentes progressos em inteligência artificial, as TVs transparentes da LG e da Samsung, e o Rabbit R1, projetado para executar tarefas de IA variadas.

O ano de 2024 promete marcar uma era de avanços significativos na integração da inteligência artificial generativa com a robótica, expandindo-se além dos chats já conhecidos. Iniciativas semelhantes às da Boston Dynamics estão no centro dessas inovações. Com isso, a tecnologia não apenas ameaça profissões tradicionais de colarinho branco, mas também começa a se estender para outros setores.

· 03:14 — Mais tensão no Oriente Médio

No final de semana, caças americanos interceptaram e destruíram um míssil de cruzeiro lançado por rebeldes Houthi do Iêmen, direcionado a um contratorpedeiro da Marinha dos EUA no sul do Mar Vermelho. O Primeiro-Ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, planeja abordar o Parlamento na segunda-feira, após anúncios do governo britânico de que estão prontos para mais ataques contra alvos no Iêmen, caso os Houthis continuem a ameaçar navios comerciais no Mar Vermelho.

Essas tensões militares impactaram o mercado de petróleo, elevando o preço para 80 dólares o barril. Uma coalizão liderada pelos EUA e Reino Unido já realizou ataques significativos, atingindo mais de 70 alvos militares dos rebeldes. Essa foi a ação mais contundente até o momento, com o objetivo de impedir que o grupo, apoiado pelo Irã, continue a perturbar o comércio mundial. Com os Houthis prometendo retaliação, há crescentes preocupações sobre a possibilidade de um conflito mais extenso no Oriente Médio, além da já existente guerra entre Israel e o Hamas.

· 04:11 — O resultado esperado

As eleições em Taiwan vinham sendo uma fonte constante de inquietação para os investidores. No final de semana, o representante do Partido Democrático Progressista (DPP), Lai Ching-te, conhecido como William Lai no Ocidente, saiu vitorioso, embora o DPP não tenha conseguido a maioria no Congresso. Apesar de ser o candidato menos favorecido pela China continental, a atmosfera pós-eleitoral parece propícia para a diminuição das tensões. A distribuição de votos na oposição se dividiu entre o Kuomintang, que não alcançou assentos suficientes para dominar a assembleia, e o crescente Partido Popular de Taiwan, detentor de uma posição chave no equilíbrio de poder. Quem quiser controlar o país, precisará do apoio do Partido Popular.

Outro aspecto notável é que o presidente eleito e atual vice-presidente de Taiwan ganhou com apenas 40% dos votos, a menor margem de vitória desde 2000. Isso indica que o verdadeiro vencedor das eleições é a manutenção do “status quo”, sugerindo um prognóstico positivo para as delicadas relações entre Taiwan, China e EUA. Com a divisão de poderes entre os órgãos executivo e legislativo, mudanças políticas abruptas são improváveis, o que pode diminuir o risco de alterações que poderiam intensificar as tensões sino-americanas. Permanece a questão de se a China iniciará algum movimento de unificação nos próximos anos.

· 05:08 — Outra opção para lítio

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.