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Carteira Universa: apesar de ‘zero a zero’, fundo supera Ibovespa em maio

Em live, Felipe Miranda e uma equipe de analistas discorrem sobre o ambiente macro e micro que influenciaram na performance do fundo no mês.

Por Mariana Pavão

10 jun 2024, 10:39 - atualizado em 13 jun 2024, 14:06

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Imagem: Freepik

Maio foi um mês turbulento para os mercados globais, com o Brasil também enfrentando desafios econômicos. 

Em live, o time de analistas da Empiricus analisou o cenário macro e micro que influenciou a performance da carteira no mês e deixou os resultados no ‘zero a zero’ — ainda assim superando o Ibovespa, que caiu 3% no mês.

Confira os destaques da transmissão.

Mercados emergentes foram os que mais sofreram

Os mercados emergentes, de modo geral, foram os mais afetados, conforme afirma João, CIO da Empiricus Gestão,  “foi um mês muito ruim para emergentes em geral. Quando a gente olha o que aconteceu com as moedas dos emergentes ao longo deste ano, todas elas acabaram entregando muito espaço pro dólar”

João também destaca “uma fuga bastante grande de capital de investidores estrangeiros” e como o fluxo de dinheiro migrou para os Estados Unidos, atraído pelo desempenho excepcional das grandes empresas de tecnologia, como a NVIDIA, que superou a Apple em valor de mercado. 

A China, que inicialmente mostrou sinais de recuperação no início do ano, voltou a apresentar desempenho fraco. O preço do minério de ferro atingiu mínimas de oito semanas, afetando negativamente os países exportadores de commodities.

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Brasil: ‘Passageiro da agonia’

A situação do Brasil foi descrita por Felipe, CIO da Empiricus Research, como ‘passageiro da agonia’. Até recentemente, o país não gerava notícias econômicas boas ou ruins, mas em maio, começou a produzir notícias negativas. 

Isso resultou no pior desempenho entre as principais bolsas de valores do mundo, conforme destaca “não só os emergentes foram mal, como a gente foi mal entre os emergentes. A gente tem a pior bolsa entre as 15 principais bolsas do mundo.” 

Felipe destacou três grandes riscos específicos do Brasil:

1. Governo reacionário: O governo atual foi criticado por tentar reviver políticas de 20 anos atrás, sem os investimentos necessários em tecnologia e ciência. Iniciativas como a defesa de conteúdo nacional na indústria de petróleo e o esforço para ressuscitar a indústria naval foram apontadas como inadequadas sem uma base sólida de pesquisa e desenvolvimento.

2. Questões fiscais: As metas fiscais foram revisadas para baixo e os gastos aumentaram sem a devida responsabilidade. A aprovação de um crédito extraordinário de R$15,6 bilhões e o auxílio ao Rio Grande do Sul foram exemplos citados por Felipe, que destacou a falta de limites e responsabilidade nos gastos públicos.

3. Interferências microeconômicas: Medidas como a monetização dos créditos de PIS/COFINS tiveram impactos negativos em setores como o farmacêutico, frigoríficos e distribuição de combustível, reduzindo os lucros e afetando as empresas listadas em bolsa.

Além disso, uma preocupação crescente é a perda da âncora monetária, devido aos conflitos entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central. As divergências públicas sobre a política monetária geram incerteza, podendo levar a políticas inadequadas que aumentem a inflação e desvalorizem o real.

Visão cautelosa e otimista

Apesar dos desafios, Felipe expressou uma visão cautelosamente otimista para junho e o segundo semestre. 

A esperança reside na possível queda das taxas de juros nos Estados Unidos, o que beneficiaria os mercados emergentes. Com o mercado de trabalho americano mostrando sinais de fraqueza, há uma expectativa de desaceleração econômica que poderia levar a uma redução das taxas de juros.

João acredita que, se a desaceleração econômica nos EUA continuar, o bull market por lá pode se prolongar e, eventualmente, favorecer outras economias. “O investidor que está concentrado hoje nos Estados Unidos, depois que esse vapor todo começar a se dissipar na economia americana, vai acabar procurando novas fronteiras e a gente deve ver essa grana fluindo para outros lugares do mundo”, disse ele. Isso poderia abrir oportunidades para os mercados emergentes.

Além disso, o investidor estrangeiro, principal comprador marginal de ações brasileiras, reage mais às condições globais do que às idiossincráticas do Brasil. Assim, um ambiente econômico e financeiro global mais favorável poderia melhorar o desempenho do mercado brasileiro, apesar dos desafios internos.

Cenário micro: ‘agora é hora de acumular ações de boas empresas’

Durante o mês de maio, tivemos a temporada de resultados do primeiro trimestre das empresas brasileiras, que foi positivo no ponto de vista de Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research. 

Para ela, houve “um estado melhor das empresas, tanto em termos de crescimento de receita quanto em termos de margem, depois do ajuste que foi feito nos custos e nas despesas ao longo de todo o ano passado”. 

Dentro do book de ações da Carteira Universa, é importante destacar que, apesar do ‘zero a zero’, ela ficou melhor que o Ibovespa, que caiu 3% no mês. Isso se deve à seleção das empresas que compõem a estratégia do fundo. 

Larissa destaca quatro papéis que tiveram um desempenho positivo: Mercado Livre (MELI34), Grupo SBF (SBFG3), Intelbras (INTB3) e Direcional (DIRR3), e comenta que “nos quatro casos, eles superaram em muito as expectativas do mercado e isso acabou ajudando na performance”. 

Ela acredita que, após correção, haverá espaço para essas ações serem reprecificadas. E argumenta que  “a gente está numa zona compradora para as ações brasileiras, embora a gente não saiba quando que esses preços serão corrigidos para cima” e ainda que “agora é a hora da gente acumular ações de boas empresas que estão na promoção e atravessar esse momento e estar posicionado quando a volta vier”

Henrique Cavalcante, analista da Empiricus Research, também comenta o cenário micro e mostra seu otimismo em especial com Grupo SBF (SBFG3) e Localiza (RENT3).  

Em suas considerações, o Grupo SBFreportou um excelente resultado com uma margem bruta, partindo daquela dinâmica de recomposição de preços muito acima do que o mercado estava precificando” e afirma que “nossas expectativas positivas com o case estão bem reforçadas e eu acho que o mercado está  subestimando o que pode ser o ano da SBF”

Sobre Localiza, ele visualiza uma “perspectiva positiva para o operacional. A gente acredita que ela deve continuar recompondo preços e crescendo as suas diárias” e também analisa um bom cenário futuro, considerando que a entrada de carros elétricos chineses não será uma ameaça, mas uma oportunidade. 

Para assistir a transmissão completa e conferir todas as opiniões dos analistas, é só ‘dar play’ no vídeo abaixo:

Sobre o autor

Mariana Pavão

Redatora dos portais Empiricus, Seu Dinheiro e MoneyTimes.