Diante da incerteza global no mundo todo frente à probabilidade de cortes na taxa de juros e inflação persistente nos Estados Unidos, abril foi um mês complicado globalmente.
Isso ocasionou um impacto negativo em um âmbito geral, com o S&P 500 enfrentando um mês difícil após três altas consecutivas de fechamento, e o Nasdaq também enfrentando desafios.
O Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, teve uma queda menos acentuada, em grande parte devido à valorização da Petrobras.
Esse cenário também impactou os fundos Carteira Universa e Carteira Universa Prev, da Empiricus Gestão, que sofreram retrações neste mês, de 2,63% e 2,43%, respectivamente.
Maio começa otimista e recuperação é esperada
Apesar das más notícias de abril, o mês de maio já começou diferente e, em poucos dias, recuperou a queda do mês anterior.
Para Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, o início do mês já trouxe sinalizações importantes.
Primeiro, uma sinalização do Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (FED), que mantém a sua perspectiva anterior de que não deve haver alta da taxa de juros e que o próximo movimento ainda é de queda com uma probabilidade de corte de juros em setembro ou dezembro.
Felipe menciona que o mercado reagiu à declaração de Powell, mas também destaca a importância dos dados econômicos. Ele observa que o relatório de emprego dos Estados Unidos teve um grande impacto no curto prazo. Com uma criação de empregos fraca, aumento da taxa de desemprego e baixos ganhos salariais, isso fortalece a ideia de cortes nas taxas de juros.
Olhando para frente em relação aos ativos de risco mundiais, Felipe afirma “eu acho que esse relatório de emprego é transformacional porque ele dá peso a uma tese que vinha crescendo” e que “ele dá força a uma interpretação de que a economia americana estava muito forte, mas por uma sazonalidade maior de primeiro trimestre, exatamente como aconteceu no ano passado”.
O CIO argumenta que existia uma dúvida se o padrão do ano passado iria se repetir ou não, mas essa primeira leitura do dado que saiu em maio valida a tese de que a economia americana se resfria e “isso permite o FED a cortar em setembro ou dezembro e, portanto, a gente vai ter um arrefecimento da economia americana. Isso é pró ativos de risco e pró mercados emergentes”.
Essas projeções serão confirmadas na próxima quarta-feira, 15, em que haverá a divulgação do CPI, indicador que é a principal medida de inflação dos EUA, e deve definir o rumo dos mercados globais.
Para ele, todas estas questões são de suma importância e “quem está mandando é o juro lá fora”.
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Selic a 10,50% e o dissenso desconcertante
No Brasil, Felipe diz que “coisas também iam bem, até agora” e vê de forma negativa a reação ao corte de 0,25% da Selic.
Para ele, o problema não foi o corte em si, mas o dissenso entre os integrantes do Copom, que tiveram cinco votos a favor de 0,25% e quatro votos a favor do corte de 0,50%.
Na sua visão, essa não concordância entre todos sinaliza que “quando houver a transição de mais dois diretores e, em particular a saída do Roberto Campos Neto, no final do ano você vai ter um Copom mais preocupado com desvios de produto do que com desvios da inflação. Ou seja, é um Copom que vai cortar mais juros e em um contexto de um governo mais intervencionista” e esta situação pode ter uma reação negativa no curto prazo.
Dominância do macro não deve ofuscar bons resultados das empresas
Para Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus Research, no mês de abril “o macro acabou dominando”, principalmente pela ausência de balanços. Com a piora das expectativas macroeconômicas, houve uma correção generalizada dos ativos de risco ao longo do mês.
Porém, maio já começou com uma melhora marginal, considerando o macro e a temporada de resultados. Com as divulgações, o mercado volta a olhar para dentro das empresas, assim como afirma Henrique Cavalcante, analista de ações da Empiricus Research:
“Enquanto as coisas vão acontecendo no macroeconômico, enfim o mercado começa a olhar para o lucro das empresas com a entrada da temporada de resultados.”
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Mercado Livre (MELI34), PetroRio (PRIO3), Itaú (ITUB4) e outros destaques
Larissa destaca o Mercado Livre (MELI34), que “foi um excelente resultado e surpreendeu no crescimento da receita e no controle das despesas”. A empresa teve um desempenho forte no Brasil e México e vem se consolidando como líder de e-commerce na América Latina.
PetroRio (PRIO3) também trouxe um bom resultado e “acabou surpreendendo nas condições comerciais”, nas palavras da analista. A petroleira soube diminuir o desconto sobre o Brent — o petróleo em barril no mercado internacional — e escolheu bem o momento de vender o óleo em semanas de alta.
O Itaú (ITUB4) apresentou expansão de lucro de 16% e de retorno sobre investimento a quase 22%, diferentemente de seus maiores concorrentes. A analista também comenta resultados de Intelbras (INTB3), que superou expectativas na gestão de custos e entregou uma geração de caixa quase 20% acima do esperado.
Henrique destaca que Gerdau (GGBR4) também surpreendeu. Para ele, o investimento na empresa tem sido bem-sucedido devido à sua recuperação, especialmente no Brasil, e à sua performance sólida nos Estados Unidos, refletindo uma visão positiva da equipe sobre a empresa.
O analista também comenta os resultados do Grupo SBF (SBFG3) e acredita que haverá expansão de lucros, o que deixa seus papéis baratos neste momento. Para ele, “é uma ação que a gente tá bastante construtivo, além de todas as outras dentro do book”.
Outras companhias da carteira ainda irão divulgar seus resultados, como BR Partners (BRBI11), Direcional (DIRR3) e Stone (STOC31) e, para Larissa, “essa temporada de resultados vem em um ótimo momento para o mercado começar a olhar pro lucro das empresas e para como este lucro está crescendo”.
Na live, os analistas aprofundam nos temas e expõem suas visões para este mês. Para assistir ao conteúdo completo, é só “dar play”: