Investimentos

Fundos listados de debêntures incentivadas de infraestrutura: o ‘sweet spot’ do mercado de renda fixa

Rendendo a partir de 8,3% ao ano + IPCA, os fundos listados de debêntures também são isentos de IR e têm retorno maior que LCIs e LCAs

Por Bruno Mérola

25 abr 2023, 14:34 - atualizado em 25 abr 2023, 15:32

fundos listados de debêntures incentivadas de infraestrutura
Imagem: Unsplash

Ao comprar uma debênture de infraestrutura ou um fundo de debênture incentivada listado na Bolsa, a pessoa física tem isenção total de imposto, tanto nos rendimentos recebidos do fundo quanto no ganho de capital na liquidação do ativo.

Essa característica é fundamental para fazer com que este mercado ainda em crescimento tenha sido dominado por investidores pessoas físicas. Afinal, estamos falando de um ativo mais acessível do que CRIs e CRAs, exclusivos para investidores qualificados, menos arriscados do que fundos imobiliários, por sua natureza de renda fixa, e com retorno maior do que LCIs e LCAs, devido ao risco corporativo e à longa duration dos papéis.

Isento, acessível, com risco de renda fixa, retorno interessante e… ainda te protege da inflação!

Naturalmente, o fiel da balança é o risco de crédito, isto é, o investidor precisa saber exatamente que projetos está financiando e quais são os riscos de estes não darem certo ou faltarem com pagamentos de juros.

Desde 2017, esse risco também vem sendo mitigado com o surgimento dos fundos listados de debêntures de infraestrutura.

Imagine manter todos os benefícios anteriores, mas investindo em um portfólio diversificado de debêntures incentivadas e gerido por gestores especialistas em crédito privado.

Após mais de cinco anos que o primeiro fundo surgiu – o Kinea Infra (KDIF11) –, essa indústria ainda está em crescimento e volta e meia é mal compreendida pelo investidor, que pode acabar comparando esses fundos com outros fundos listados de renda variável, como imobiliários ou fundos de participações.

A tabela abaixo destaca as diferenças e os benefícios dos fundos listados de debêntures incentivadas em relação a outros veículos:

Elaboração: Empiricus

Muitos investidores, talvez por comodidade de comprar fundos abertos e não ter muita familiaridade com plataformas de home broker da corretora, onde são negociados títulos na B3, acreditam que comprar um fundo aberto de debêntures de infra é a mesma coisa que comprar um fundo listado de debêntures de infra.

Embora a carteira de ativos dos dois guarde várias semelhanças, há dois pontos muito importantes que os diferenciam:

1. Um fundo fechado e listado na B3 não sofre resgates. As cotas negociadas são sempre passadas de um investidor para outro investidor. A consequência disso é que o gestor do fundo não precisa carregar uma parcela relevante do patrimônio em caixa nem se preocupar com problemas de liquidez caso exista uma corrida de resgates;

2. O corolário do primeiro ponto é que esses fundos conseguem acessar oportunidades mais exclusivas, como ofertas ICVM 476, distribuições em que participam poucos investidores profissionais. Como elas são menos líquidas e o fundo listado tem uma preocupação menor com liquidez do que o fundo aberto, o gestor consegue entrar em oportunidades únicas, com retornos atrativos.

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Por que esse é um momento único para investir em fundos de debêntures incentivadas

Investir envolve sempre definir prioridades e ponderar riscos e retornos envolvidos.

No momento em que você lê esta matéria, acreditamos de verdade que há uma oportunidade no mercado de fundos listados de debêntures incentivadas.

Enquanto títulos públicos indexados à inflação, como os Tesouro IPCA+ do Tesouro Direto com vencimento em 2032, estão remunerando o investidor a IPCA + 5,9% ao ano antes de impostos, esses fundos listados têm remuneração estimada a partir de IPCA + 7,2% ao ano isento, com as melhores oportunidades acima de IPCA + 8,3%.

Se considerarmos que a inflação no Brasil pelos próximos cinco a dez anos ficará em torno de 4,5%, a remuneração líquida do título público se aproxima de IPCA + 4,4% ao ano e o prêmio líquido dos fundos listados de debêntures isentas começaria em 280 bps(pontos-base) , com as melhores oportunidades pagando até 400 bps acima da curva de juros reais!

Há três razões principais pelas quais acreditamos que esse retorno está tão atrativo:

1. Inflação decrescente e abaixo do esperado

O IPCA de março de 0,71% foi menor do que o registrado em fevereiro de 0,84% e também menor do que a mediana das expectativas de mercado, que apontava para algo mais próximo de 0,77% no mês passado.

Essa medida reforça a tese de que a inflação brasileira pode estar arrefecendo e voltando para o intervalo ao redor da meta dos próximos anos.

Como o mercado de debêntures incentivadas têm uma participação relevante de pessoas físicas e a redução da inflação em um mês também reduz os rendimentos mensais pagos pelos fundos, a percepção de que o investidor está “recebendo menos rendimentos do que deveria” faz com que exista um volume de vendas característico de períodos de inflação menor.

Isso aconteceu entre julho e setembro de 2022, quando os preços da gasolina puxaram a inflação para baixo, e volta a acontecer agora, abrindo oportunidades raras de compra para o investidor mais atento.

Por se tratar de projetos de infraestrutura de longo prazo, o rendimento mensal tem uma importância muito menor do que a percebida em fundos imobiliários, por exemplo. E, de fato, ela só existe para preencher uma necessidade comercial de investidores que têm apreço por ver o dinheiro pingar na conta todos os meses.

Fundamentalmente, esses fundos continuariam sendo ótimas oportunidades com ou sem rendimentos mensais, com o lucro acumulado sendo reinvestido em novas debêntures com remunerações bem atrativas.

2. Eventos de crédito no início de 2023, especialmente Americanas e Light

A chacoalhada na indústria de crédito privado que ocorreu desde a revelação da fraude contábil em Americanas, em janeiro deste ano, ainda causa estragos.

Os spreads de crédito, isto é, o quanto além dos títulos públicos o investidor espera receber para emprestar dinheiro para empresas, subiu significativamente, tanto para debêntures tradicionais (sem isenção) quanto para as incentivadas:

evolução do spread do Idex-CDI - eventos de crédito que favorecem debêntures incentivadas

Fonte: JGP

Fonte: JGP

Naturalmente, é compreensível que o risco de muitas empresas tenha aumentado, com bancos segurando o caixa e sendo mais seletivo em seus financiamentos.

Embora o aumento do spread tenha se espalhado por vários ativos e emissores de crédito diferentes, acreditamos que as carteiras de infraestrutura dos fundos listados que indicamos na série são mais resilientes do que a média, por estarem em setores regulados e estratégicos para o país, como energia, saneamento e transporte.

Além disso, alguns gestores têm participação relevante nas debêntures investidas, garantindo, assim o “controle” das condições de cada debênture e podendo agir rapidamente caso riscos de crédito mais concretos apareçam.

Daqui para a frente, conversando com vários gestores no Brasil, não acreditamos que o spread de crédito aumentará. Pelo contrário, é mais provável que eles retornem pelo menos a um nível intermediário entre 2022 e o que temos visto agora.

Em outras palavras, isso abre uma oportunidade para comprar taxas que subiram e que têm maior possibilidade de caírem ou ficarem estáveis do que de continuarem subindo.

3. Início da marcação a mercado de títulos privados em janeiro

Anunciada em 2022, a marcação a mercado em títulos privados nas carteiras de investidores pessoas físicas entrou em vigor em janeiro de 2023.

Embora a magnitude do “susto” que um investidor levaria ao perceber que seu título, antes marcado na curva, vale menos do que ele achava tenha sido menor do que a esperada, esse efeito não pode ser desconsiderado.

Desde o fim do ano passado, muitos gerentes e agentes autônomos já trataram de alinhar com seus clientes o que eles veriam em janeiro nos seus títulos e, aproveitando o contato, também sugeriam a venda, caso o cliente se sentisse desconfortável com um nível real de risco além do que ele imaginava.

Em nossa opinião, esse fluxo também ajudou a derrubar o preço dos títulos e a tornar os retornos atuais atrativos.

Dito isso, em quais fundos investir? Apresentamos neste relatório da série Os Melhores Fundos de Investimentos os nossos 5 fundos de debêntures incentivadas favoritos. Vale a pena conferir!

Sobre o autor

Bruno Mérola

Desde 2019, lidera a série Melhores Fundos, selecionando os melhores fundos de investimento no Brasil e no mundo. Anteriormente, atuou por cinco anos no Itaú, recomendando investimentos para clientes Ultra-High-Net-Worth (UHNW) com patrimônio acima de R$ 50 milhões. Engenheiro de Produção pela UFRJ, é CFA Charterholder e possui a certificação FRM, além de CIPM, CFP® e CNPI.

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